O novo aeroporto da capital angolana, o Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, recebeu o voo inaugural, que partiu do ainda activo Aeroporto 4 de Fevereiro, a cerca de 40 kms de distância, que durou perto de 15 minutos, transportando simbolicamente o país do passado para uma desejada nova era de desenvolvimento e progresso... mas os desafios são do tamanho dos desejos
Este
aeroporto vai ser inaugurado, nesta manhã de sexta-feira, 10, pelo Presidente
da República, João Lourenço, com a presença de centenas de convidados, entre
estes a mulher do antigo Presidente Neto, que dá o nome à infra-estrutura,
afirmando à chegada a sua satisfação pela denominação, uma homenagem normal na
sua terra natal, almejando que este seja agora "bem gerido".
Com
perto de 15 anos de trabalhos com altos e baixos e mais de 7mil milhões de
dólares norte-americanos gastos, cerca de 2,8 mil milhões na última fase, o
Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto surge não para substituir o
velhinho e encravado no coração de Luanda, o 4 de Fevereiro, mas para criar um
novo paradigma de desenvolvimento para Angola, que obriga a resolver muitos dos
problemas da cidade, especialmente nos acessos e na fluidez em toda a sua malha
rodoviária e ferroviária.
Com
as perspectivas em alta, como não se têm cansado de sublinhar todos os
governantes, a nova infra-estrutura vai começar a funcionar em três fases,
sendo que a primeira, a da carga, conta com uma capacidade actual de movimentar
130 mil toneladas de carga anualmente, podendo, com alguns investimentos extra,
segundo os responsáveis, chegar às 400 mil.
Segue-se
uma segunda fase, prevista para o fim do 1º trimestre de 2024, com os voos em
território nacional, e, por fim, no 2º semestre do próximo ano, os voos
internacionais, estando este calendário adequado à finalização de diversos
projectos ainda em curso, como sejam os acessos rodoviários do centro de Luanda
para a área do Icolo e Bengo, onde está situado, no município de Viana, e a
nova malha ferroviária.
Com
mais de 1300 hectares de área, esta obra, que atravessou vicissitudes
múltiplas, levou cerca de 15 anos a ser concluída e gastos extraordinários que
comparam com a grandeza do projecto, mais de 7 mil milhões USD no total, embora
estes números sejam dificilmente definíveis com exactidão, sabendo-se que a
última fase, já com a chegada do Presidente João Lourenço ao poder, em 2017, e
segundo o seu ministro dos Transportes, Ricardo Abreu, ficou em cerca de 2,8
mil milhões USD.
As
suas duas pistas, paralelas, podem receber, em conjunto, todo o tipo de aviões
actualmente a voar no mundo, até ao gigante dos ares, o Airbus A380, e são a
área onde levanta voo o ideal por detrás deste megaprojecto nacional que é
levar Luanda à condição de "hub" africano para os voos intercontinentais
que demandam África, seja da Ásia ou das Américas, mas também da Europa quando
os destinos forem a geografia mais austral do continente.
Como
vai Angola conduzir este desafio de lutar por um lugar ao sol com outros países
já com muito trabalho feito, como a África do Sul, é o que se saberá nos
próximos anos, mas os especialistas são unânimes na ideia de que muito terá de
mudar na organização e na eficácia se o país quiser ganhar esta batalha, porque
ter a infra-estrutura não é, nem de perto nem de longe, suficiente.
Pela
frente vão erguer-se questões que não são resolvidas pela moderna
infra-estrutura, como a questão da qualidade dos serviços prestados, do atendimento,
da restauração, do acomodamento... tudo questões há muito resolvidas nos
grandes aeroportos da África Austral, onde está a geografia da competitividade
do AIAAN, como os da África do Sul, mas também outros mais pequenos, claramente
adequados ao sector do turismo, como os da Namíbia, de Moçambique ou do
Botsuana.
Segundo
a Angop, a pista sul (a maior), que dispõe de quatro mil metros por 60 de
largura, recebeu, em Junho de 2022, o primeiro voo experimental de uma aeronave
do tipo Boeing 777da companhia de bandeira nacional - TAAG.
Além
das duas pistas, o AIAAN conta igualmente com 31 mangas, das quais 19 para os
serviços internacionais e 11 para os domésticos, assim como 9 tapetes rolantes
para o depósito de bagagem, seis dos quais dedicados aos voos internacionais,
podendo, na sua capacidade máxima, receber até 15 milhões de passageiros por
ano.
A infra-estrutura
contempla 26 balcões do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), um parque de
estacionamento para 1710 viaturas, assim como espaço reservado para lojas, numa
área de 1825 metros quadrados.
Dispõe,
também, de 22 salas VIP, uma clínica e um centro de primeiros socorros anexado
ao terminal de passageiros, além de contemplar a construção de raiz de uma
cidade aeroportuária, que cobrirá uma área total de 75 km2.
O
Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto dispõe de rampas, elevadores
e pessoal treinado para prestar atenção especial às pessoas com mobilidade
reduzida.
As obras ainda em curso
Segundo
a directora provincial de Luanda do Instituto Nacional de Estradas de Angola
(INEA), Rosária Kiala, estão ainda em curso trabalhos de manutenção e
conservação das principais avenidas e estradas de Luanda que vão ligar ao
futuro Aeroporto Internacional de Luanda, com foco no sistema de drenagem de
toda a Via Expressa, assim como da Avenida Deolinda Rodrigues, que estão a ser reabilitadas
para evitar inundações como aquelas a que temos assistido nas épocas chuvosas.
Para
além do trajecto por estrada, o Governo promete uma linha do Caminho-de-Ferro
de transporte de passageiros, assim como novas estações: Bungo, Musseques, Viana
e Baia, além de uma estação de conexão e o Terminal Ferroviário do Novo
Aeroporto.
Encontra-se,
ainda, em construção no corredor dos CFL, um ramal que parte da estação da
Baía, atravessa a Estrada Nacional 230, até ao novo Aeroporto Internacional de
Luanda.
Também
o projecto de metro de superfície promete contemplar, naquela que será a linha
amarela, a linha principal que vai ligar o Largo da Independência à
centralidade do Kilamba, e terá uma extensão até ao novo aeroporto, sendo ainda
necessário fazer uma estação intermodal junto ao terminal de passageiros. Mas é
um projecto que vai demorar anos a concluir.
Se
a viagem tivesse de ser feita agora, por estrada, poderia levar até duas horas,
e caso estivesse a chover, três, o que também quer dizer que, se um passageiro
tivesse de apanhar um vôo às 07:00, teria de sair do centro da cidade à
meia-noite, para poder chegar a tempo de fazer o check-in.
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