Apresentação na Associação 25 de Abril, sexta-feira, 17/NOV/23, 16.00h
Um
dos confessados objectivos do livro é caracterizar, clarificar, tornar
entendível o colonialismo português em África, velho de 500 anos, sobretudo no
decorrer da Guerra Colonial, em que os povos se levantaram em armas para
conquistarem a sua autodeterminação e independência.
Como
escreveu Ladislau Batalha, um jornalista e político socialista do início do
século XX: “A História não pode ser um mero repositório de factos, a narrativa
cronológica e inútil dos acontecimentos, mas uma ciência social, destinada a
dar nova luz e nova orientação para a marcha evolutiva das massas humanas”.
Perceber
a essência e o significado profundo (social, económico e político) dos
acontecimentos históricos é fundamental para a compreensão do que se passa nos
dias de hoje e imprescindível para perscrutar os caminhos do futuro.
Nos
capítulos referentes ao início e ao curso do derradeiro conflito no império
português, os factos históricos podem ser assim caracterizados:
- Ocupação usurpadora dos territórios
indígenas com imposição pela força dos interesses coloniais: exploração
desenfreada, escravatura, morticínios e massacres pelas forças ocupantes.
- Aproveitamento exaustivo do “Levantamento”
no norte de Angola em Março de 1961, das mortandades atrozes (500 fazendeiros)
perpetradas pelos chamados terroristas, no caso um movimento nacionalista
radical apoiado pelos Estados Unidos da América (a UPA de Holden Roberto).
- A vingança e o castigo dos insurgentes, com
o extermínio de 30 a 40 mil bacongos e o êxodo forçado de 300 mil para o
vizinho Congo ex-belga, segundo uma orientação política do fascismo militarista
em que “Tudo o que mexesse acima do Negaje era para eliminar!”.
Afirmava
então o chefe do governo, Oliveira Salazar: “As nossas possessões em África são
os últimos bastiões da civilização cristã e ocidental”, assegurando o apoio
encapotado da NATO (armas da Alemanha, Inglaterra, França…) e o silêncio
cúmplice dos USA (após a cedência da Base das Lajes!).
O
prosseguimento da guerra colonial em três frentes, com a superioridade em
armamento convencional contra uma guerrilha com o apoio das populações, foi um
longo cortejo de atrocidades com centenas de milhares de vítimas durante treze
anos terríveis.
Só
terminaria quando, perante o avanço da causa libertadora, dentro das Forças
Armadas Portuguesas (um dos principais pilares do regime!), um grupo de
militares patriotas resolveu movimentar-se e “Pôr fim ao estado a que isto
chegou!”, num conflito sem solução militar, prosseguido com a criminosa
teimosia de um governo de ditadura.
A
história não se repete, mas as similitudes com o que acontecera na Indochina e
na Argélia (de dominação colonial francesa), a simultaneidade da luta
nacionalista no Zimbabué, na Namíbia e na África do Sul, tornara inexorável a
libertação de Angola, Guiné e Moçambique das garras do colonialismo na senda do
progresso da humanidade.
Cremos
e desejamos com a razão da própria experiência vivida, que esse será o futuro
da Palestina independente, segundo as múltiplas resoluções da ONU (a solução de
dois estados), no termo de um conflito colonial com os contornos daqueles que
se sofreram em África. Não se pode ficar indiferente perante o quadro de
horrores que se vivem na Palestina.
Marcamos
encontro no dia 17 de Novembro na Associação 25 de Abril, uma sexta-feira, às
16.00 horas, no desejado Verão de S. Martinho que nos traga castanhas, vinho e
a tão desejada paz no Médio Oriente. Armando Teixeira - Portugal
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