O Governo de Timor-Leste esteve reunido, em Conselho de Ministros, para avaliar medidas para repor a ordem pública no país, depois de registados confrontos entre grupos rivais de artes marciais no distrito de Bobonaro
“O
Conselho de Ministros reuniu com agenda única só para ver como resolver a
situação de Bobonaro. Todos nós sabemos que não é só em Bobonaro, mas que já
aconteceu em vários sítios. O Conselho de Ministro está preocupado com a
situação”, afirmou à Lusa o secretário de Estado da Comunicação Social,
Expedito Dias Ximenes.
Os
confrontos foram registados na quinta e sexta-feira entre duas aldeias no
município de Bobonaro, envolvendo dois grupos rivais de artes marciais, e que
provocaram sete feridos e a destruição de várias casas.
O
secretário de Estado da Comunicação Social disse também que no encontro
participaram o comissário-geral da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL),
Henrique da Costa, e o diretor-geral do Serviço Nacional de Inteligência (SNI),
Longuinhos Monteiro, para informarem sobre a situação em Timor-Leste, “em geral
e em especial” em Bobonaro. “Ainda não deliberamos nada. Vamos voltar a
reunir-nos para discutir o assunto”, acrescentou o secretário de Estado da
Comunicação Social.
O
Conselho de Ministros deliberou, em comunicado, que está a “proceder à recolha
de todas as informações necessárias junto de todas as entidades relevantes, com
vista à tomada de decisão a curto prazo relativamente às medidas a serem
adotadas para a reposição da ordem púbica”.
Num
relatório divulgado, em Julho, a Fundação Mahein – Monitorização e Advocacia do
Setor de Segurança admite existirem “preocupações válidas relativamente à
atividade” dos grupos de artes rituais e marciais e à “sua contribuição para a
violência, desordem e instabilidade”, mas salienta que “muitos dos riscos
associados” aqueles grupos não são isolados, nem iniciados pelos próprios. “Por
exemplo, a violência comunitária é uma ocorrência frequente em Timor-Leste e
muitas vezes não envolve os grupos de artes marciais e rituais”, refere o
documento.
Segundo
a Fundação Mahein, muitos incidentes denominados de violência dos grupos de
artes marciais têm início em disputas entre indivíduos, que aumentam quando
outros membros dos grupos se juntam para defender os seus companheiros. “Da
mesma forma, durante períodos de instabilidade política e crise, os grupos de
artes marciais participaram na violência e contribuíram para a agitação, mas
não foram nem os principais instigadores, nem os únicos participantes”,
salienta o relatório.
Para
a Fundação Mahein, a “instabilidade política em Timor-Leste pós-independência
tem sido impulsionada por um conjunto complexo de fatores, particularmente
histórias de conflito armados, competição entre elites, instituições fracas e
falhas no processo de construção do Estado”.
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