Katty Xiomara e Pé de Chumbo, fundada pela designer Alexandra Oliveira, são duas de três marcas portuguesas que se apresentam em Hong Kong e Macau na próxima semana. A presença a Oriente é ainda mais importante em contexto de pandemia, asseguram. Enquanto que Katty Xiomara traz peças “sob um conceito femininamente desportivo”, Alexandra Oliveira traz peças quase tricotadas sobre o corpo, sem recorrer ao habitual tecido
Chegam
pela mão da Moda Nova Global, empresa sediada em Hong Kong que quer mostrar o
que de melhor se faz na moda portuguesa. Susana Bettencourt, Katty Xiomara e Pé
de Chumbo, marca da designer Alexandra Oliveira, pretendem desbravar novos
caminhos no mercado de moda a Oriente com a realização de um desfile em Hong
Kong na próxima semana, dia 11.
Ao
HM, Katty Xiomara revelou mais detalhes da colecção “Be Bold”, que assenta nos
conceitos da moda desportiva feminina. “É uma escolha de peças específicas para
testar o mercado e a reacção do público. A paleta de cores é ampla, mas o preto
está sempre presente como uma linha de contorno que une as peças.”
Katty
Xiomara, estilista portuguesa nascida na Venezuela, mas radicada no Porto,
espera que esta mostra em Hong Kong “seja uma boa forma de dar a conhecer a
marca e que consiga estabelecer alguns laços representativos que sirvam como
porta de entrada neste mercado”.
Em
contexto de pandemia, Hong Kong pode tornar-se uma espécie de boia de salvação,
num ano em que não se realizaram feiras e em que houve “uma diminuição drástica
das vendas”.
“Hong
Kong traça uma linha de esperança. É agora um ponto mais estável e com maior
controlo sobre a pandemia, onde parece existir mais normalidade na rotina
diária das pessoas”, frisou Katty Xiomara.
Esta
não é a primeira vez que a marca Katty Xiomara chega à Ásia, pois já realizou
desfiles em Tóquio e Xangai. “Temos uma grande afinidade pelo mercado
asiático”, assegura a designer.
Estão também previstas apresentações em Macau e na China, ainda sem data marcada. “A nossa marca não é massiva, por isso a dimensão do mercado não é o mais importante. Macau possui uma magia diferente da qual podemos beneficiar”, disse.
Esperar para ver
No
caso da Pé de Chumbo, serão mostradas peças da colecção “Planet Earth”, mais
viradas para o Verão e para um Inverno com algum tempo quente. Com a Pé de
Chumbo Alexandra Oliveira introduziu um novo conceito de fazer moda, em que as
linhas se vão construindo em torno do corpo, sem tecidos. Cada peça tem,
portanto, o seu tempo próprio de confecção.
“Como
é a primeira vez que estamos em Hong Kong e como se trata de uma colecção para
venda directa, estamos a pôr peças de Verão e mais leves para o Inverno, pois
em Hong Kong faz um tempo mais quente”, explicou ao HM.
Para
a Pé de Chumbo, estar em Hong Kong é uma total novidade e também uma
oportunidade para escapar à crise. “Tivemos esta oportunidade e aproveitámos.
Mas é também uma porta de entrada para o mercado asiático, algo que é difícil
de conseguir. Já vendemos em Pequim, mas como vendemos através de feiras e não
com uma representação local, se o cliente não vai à feira perdemos o cliente”,
assegura. Alexandra Oliveira assume que não conhece nada do pequeno mercado de
moda em Macau.
A
Pé de Chumbo tem algumas colecções inspiradas nos trajes japoneses ou chineses,
mas o mercado é, para a marca, algo inatingível. Para chegar ao cliente chinês,
a marca apenas costuma fazer uma alteração dos tamanhos.
“Em
todos os contactos que tivemos com clientes chineses eles seleccionaram a mesma
colecção que estamos a vender. Não varia muito em relação ao que vendemos para
a Europa. Mas é um contacto muito lento, nunca tivemos muita experiência [com
estes clientes]”, acrescentou.
No
caso de Katty Xiomara, “poderão existir pequenos ajustes” ao cliente asiático.
No entanto, a marca promete “manter sempre o espírito e conceito europeu que
nos caracteriza”. “Não pretendemos ser uma marca estrangeira que mimetiza
aquilo que já é feito pelas marcas locais”, frisou a designer.
“Estar atenta”
Para
Katty Xiomara, é importante olhar a forma como os chineses e os asiáticos no
geral “observam e vivem a moda”. “Já existe um punhado de nomes reconhecidos,
mesmo no Ocidente. Por um lado, isso dificulta a nossa entrada, pois existirá
uma maior concorrência. Mas, por outro lado, facilita porque denota-se uma
maior abertura para marcas novas que surgem fora dos grandes aglomerados e
grupos de luxo. Até há bem pouco tempo eram as que geravam maior procura por
parte do mercado asiático”, adiantou a estilista.
Alexandra Oliveira quer, sobretudo, chegar às lojas e ao grande público. “Temos muita coisa em stock. Nestes meses vendemos muito para Itália e EUA, e quando tudo isto fechou ficámos com algumas encomendas paradas. Isto [a vinda a Hong Kong] veio abrir um pouco a possibilidade de vendermos”, rematou. O HM tentou também chegar à fala com a designer Susana Bettencourt, mas a marca nunca respondeu ao nosso pedido de entrevista. Andreia Silva – Macau in “Hoje Macau”
Andreia Sofia Silva - Jornalista, 31 anos de idade. Formada em Jornalismo com
uma pós-graduação em Ciência Política e Relações Internacionais. Escreve
sobretudo sobre política, sociedade e cultura. Email:
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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