A Região
Administrativa Especial de Macau (RAEM) participa, desde 2018, no Plano de
Erradicação da Pobreza do Conselho de Estado, centrando a sua acção na comarca
de Congjiang, na província de Guizhou, um dos locais da China onde se tem
verificado a existência dos níveis mais elevados de pobreza.
Curiosamente,
o ensino da língua portuguesa faz parte da ajuda prestada pela RAEM. Trata-se
de um projecto organizado pela Direcção de Serviços de Educação e Juventude e
passa pelo envio de professores de Macau que, durante três semanas, terão como
objectivo despertar o interesse dos alunos de Congjiang pelo Português.
A
intervenção será efectuada em Maio de 2021, em quatro graus de ensino, do
primário ao pré-universitário. Depois serão seleccionados os 30 melhores
alunos, que receberão um convite para se deslocarem a Macau, para participarem
num curso de Verão de língua e cultura portuguesa, com a duração de três
semanas.
No princípio, foi assim
Claro
que o ensino da língua portuguesa não passa de um pequeno aspecto no âmbito da
ajuda que a RAEM tem prestado à comarca de Congjiang. Desde Maio de 2018, 27
acordos de assistência foram já assinados e implementados entre Macau e
Congjiang, nas áreas da educação, saúde, turismo, indústria, trabalho, formação
de quadros, etc.
E,
na verdade, a assistência prestada pela RAEM tem dado os seus frutos. Congjiang
tem uma área de 3244 quilómetros quadrados e conta com 385330 habitantes, sendo
que 94,8% pertencem às minorias étnicas Miao e Dong. Em finais de 2017, o
número de pessoas consideradas pobres ascendia a 72316, ou seja, 21% da
população. Ora, em 2019, a incidência de pobreza em Congjiang havia descido já
para 3,6% e para isso muito contribuiu a assistência prestada pela RAEM, em
coordenação com o Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau (GL).
Só
em 2018, na área educacional, a Fundação Macau proporcionou 30 milhões de yuans
para a construção de uma escola primária, que viria a ser concluída em 2019 e
que se encontra já em funcionamento. Na mesma área, também a Companhia de
Construção Estatal da China doou 5 milhões de yuans para a edificação de uma
escola primária, isto para além de outras 10 escolas e centros de saúde que
contaram com a ajuda da Cruz Vermelha de Macau.
Na
área do emprego, foram recrutados 429 trabalhadores para exercerem a sua
profissão na RAEM, cada um pertencente a um agregado familiar diferente, no
sentido de proporcionar a cada família uma melhoria substancial do seu
rendimento. Também o GL financiou a ajuda a 3000 estudantes de famílias
carenciadas, por três anos consecutivos, num total de 1,5 milhão de yuans por
ano; e a Fundação Macau criou um programa de bolsas de estudo, no valor de 100
mil patacas/ano cada, que permitiu a deslocação e permanência em Macau de
estudantes do ensino superior originários de Congjiang.
Na
área económica, o Instituto de Promoção e Investimento de Macau (IPIM) convidou
diversas empresas de Congjiang para participarem em feiras internacionais,
tendo resultado na assinatura de 35 contratos.
Na
área do turismo, a China Travel Service e a China International Travel Service,
sediadas em Macau, promoveram a deslocação a Congjiang de mais de cinco mil
visitantes e foi também promovido o primeiro Festival de Arte de Luz e Sombras
Macau-Congjiang, que atraiu mais de 30 mil pessoas.
O ano das infra-estruturas
2019
foi um ano em que a assistência se centrou em infra-estruturas, de modo a
melhorar a qualidade de vida dos cidadãos de Congjiang. Sob a liderança do GL,
foi custeada e implementada a colocação de 560 lâmpadas, no valor de 1,7 milhão
de yuans, alimentadas a energia solar, em cinco das mais pobres aldeias da
comarca.
Além
disso, o GL conseguiu obter da sociedade de Macau 6,64 milhões de yuans para a
renovação de casas velhas em más condições, tendo recuperado um total de 715
habitações, em 10 aldeias de minorias étnicas. Também os casinos da RAEM
contribuíram com cerca de dois milhões de yuans, aplicados na ajuda a camponeses,
nomeadamente na renovação de estruturas como pátios, estradas e iluminação
pública.
Por
seu lado, a Fundação Macau proporcionou consultas médicas e operações a 193
pessoas com cataratas e forneceu 450 aparelhos de audição a gente necessitada,
além de doar sete ambulâncias. Já a DSEJ criou um programa de treino para mais
de 300 professores do ensino pré-primário, o que implicou a deslocação a
Congjiang de especialista e, posteriormente, convidou 40 professores a
deslocarem-se a Macau para a frequência de cursos especializados.
Também
o Instituto Cultural da RAEM não quis ficar de fora destas iniciativas e
convidou Congjiang para participar na Parada Internacional de Macau e no
Festival de Artes de Macau o que, juntamente com a realização de um vídeo
promocional em cantonês, feita pelos Serviços de Turismo, proporcionou um
melhor conhecimento de Congjiang por parte da população de Macau.
Apesar da pandemia
Já
neste ano, a ajuda a Congjiang foi reforçada pela realização de uma
vídeo-conferência que juntou elementos do Gabinete de Ligação, do governo de
Macau e do governo da província de Guizhou, no fim da qual foram assinados mais
nove acordos de assistência.
Assim,
foi acordada uma recolha de fundos na RAEM para o estabelecimento de 320 postos
de assistência social para famílias necessitadas e sem rendimento estável. O
projecto, lançado em Junho deste ano, já recolheu, entre Junho e Setembro a
soma de 512 mil yuans.
Por
outro lado, Macau comprou produtos agrícolas a Congjiang, como cogumelos secos,
piri-piri e óleos, no valor de 2,5 milhões de yuans, beneficiando 2830 unidades
familiares. O grupo Galaxy doou 1 milhão de yuans para a implementação de estações
de tratamento sanitário em 21 aldeias, o que foi já realizado.
Mais
escolas têm igualmente sido construídas com fundos de Macau, bem como mais
ajuda na área da saúde tem sido implementada, nomeadamente com a doação de 200
aparelhos auditivos e 100 cadeiras-de-rodas eléctricas. Além disso, só em
Agosto, foram instalados, em casas familiares, mais de 1000 esquentadores
eléctricos.
Recentemente,
o IPIM convidou oito empresas de Congjiang a participarem na Feira
Internacional de Macau, onde assinaram vários acordos de exportação dos seus
produtos.
No
total, desde 2018, a RAEM já disponibilizou, em dinheiro e materiais, cerca de
120 milhões de yuans, como forma de contribuir para a erradicação da pobreza em
Congjiang, além de contribuir com assistência cultural e intelectual para a
elevação das condições de vida na comarca.
Guizhou, a província mais pobre da China
A
província de Guizhou tem sido um dos principais cenários da batalha do Governo
Central para a erradicação da pobreza, tendo merecido a especial atenção do
presidente Xi Jinping, que a referiu em numerosas ocasiões. Desde 2012, data da
realização do 18º Congresso do Partido Comunista Chinês em que foi estabelecida
como meta, o plano de erradicação da pobreza em Guizhou fez com que o número de
9,23 milhões de pobres tenha decrescido para cerca de 300 mil em 2019, ou seja,
de 26,8% da população total da província para 0,85%.
Em
Guizhou, uma província montanhosa com acessos difíceis, habitada sobretudo por
minorias étnicas, existiam 66 comarcas consideradas pobres. Em 2019, apenas 9
eram ainda classificadas como tal. Uma das estratégias passou pela construção
de estradas que ligam comunidades rurais, dantes isoladas, numa geografia
montanhosa que dificultava os acessos e a comunicação entre as diversas
comunidades. No total foram construídos 77 mil quilómetros de estradas.
Com
o mesmo objectivo, foi também implementado um projecto de recolocação de cerca
de 1,8 milhão de pessoas, a maior de toda a China, além de ter sido promovida a
modernização agrícola e desenvolvidos novos métodos de trabalho, o que levou a
um enorme crescimento da produção.
Este
ano, apesar da pandemia e de graves inundações, o plano continuou a as nove
comarcas referidas conseguiram também ultrapassar, este Novembro, o nível de
pobreza. Resta agora, segundo as autoridades, prosseguir na investigação de
eventuais deficiências na execução dos planos, consolidar a produção de alta
qualidade e assim eliminar desta província o estado de pobreza que há milhares
de anos afligia a sua população. In “Hoje Macau” - Macau
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