Mais de 33 mil moçambicanos fugiram das suas casas
somente na semana passada. Trabalhadores humanitários estão preocupados com o piorar da situação, que afecta principalmente crianças e mulheres
Dezenas
de milhares de pessoas continuam a fugir da violência, em Cabo Delgado, no
norte de Moçambique. A situação tem desafiado a capacidade do governo e das
agências humanitárias de atender os deslocados.
A
Organização Internacional para Migrações, OIM, divulgou esta terça-feira, que
apenas na semana passada, mais de 33 mil pessoas tiveram de fugir das suas
casas para escapar da insegurança.
Necessidades
Segundo
a agência da ONU, o número aumentou quatro vezes, passando de 88 mil, em
janeiro, para mais de 355 mil. O agravamento deve-se aos ataques de grupos
armados de extremistas islâmicos contra as forças de segurança de Moçambique.
A
chefe da OIM no país, Laura Tomm-Bonde, disse que “os relatos sobre a violência
contra civis são profundamente perturbadores.”
Contou
que “a equipa da OIM está a ajudar milhares de famílias, incluindo muitas com
crianças pequenas, a sobreviver ao deslocamento.”
Acesso
Nas
últimas semanas, por causa da insegurança, a OIM não pôde chegar a vários
distritos do norte da província e ao longo da costa.
A
agência contou que tem mais de 100 funcionários no terreno e que eles
“continuam empenhados em prestar assistência aos deslocados nos oito distritos
onde a OIM pode trabalhar.”
De
16 de outubro a 11 de novembro, mais de 14,4 mil moçambicanos chegaram de barco
à praia de Paquitequete, na capital da província, Pemba. Em apenas um dia,
atracaram 29 embarcações com deslocados na área.
Segundo
a agência, pelo menos 38 pessoas, incluindo crianças, morreram durante um
naufrágio em 29 de outubro.
Crise
Uma
das pessoas assistidas pela OIM contou que, quando a sua comunidade foi atacada
com um incêndio criminoso, a família dela teve de fugir somente com a roupa do
corpo. Elas estavam a trabalhar no campo e perderam tudo.
Centenas
de famílias continuam sendo abrigadas por outras em Pemba, onde já vivem 100
mil deslocados. Os recursos das comunidades anfitriãs são limitados e falta espaço
para acolher todos.
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