A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude adjudicou este mês a produção e gestão da plataforma de leitura “Viagem nas Palavras” ao Instituto Português do Oriente. Joaquim Coelho Ramos sublinha que é “motivo de grande honra”, mas também uma “grande responsabilidade”
O
Instituto Português do Oriente (IPOR) está a “trabalhar empenhadamente” na
plataforma de leitura “Viagem nas Palavras” – cuja produção e gestão foi
adjudicada este mês pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) à
instituição, devendo entrar em produção brevemente, indicou Joaquim Coelho Ramos.
“O serviço já existia antes. Este ano decidimos apresentar também uma proposta
inovadora e foi bem recebida”, afirmou ao Jornal Tribuna de Macau.
O
plano de leitura online em português existe desde o ano lectivo
2009/2010 e, segundo disse a DSEJ a este jornal, o serviço era adjudicado à
Nebula Group Limited (i-Learner Education Centre), uma empresa de Hong Kong.
O
director do IPOR explicou que é um recurso digital para aprendizagem da língua
portuguesa direccionada a crianças e jovens, com exercícios de carácter
maioritariamente lúdico que “pressupõe uma elevada autonomia por parte dos
alunos”.
“Com
base em textos ajustados aos diversos níveis dos alunos, são propostos
exercícios de exploração directa, jogos de palavras, sopas de letras, palavras
cruzadas e outros recursos que conduzem a um reforço da literacia dos
utilizadores, implicando um desenvolvimento léxico-estrutural apresentado por
temas”, acrescentou.
Considerando
que a adjudicação é “motivo de grande honra”, Joaquim Coelho Ramos frisa que é
também uma “grande responsabilidade”, uma vez que, além da construção e
programação informática, que ficou a cargo da OMNI, pressupõe a “alimentação constante”
do serviço com propostas de materiais “pedagogicamente sustentadas, originais,
compatíveis” com aquilo que é “o avançado estado da arte didáctica do português”.
“Semanalmente
o IPOR carrega na plataforma novos exercícios, textos e desafios para estimular
a aprendizagem dos alunos, e isto obriga também os nossos docentes a
reinventarem-se constantemente, num esforço que é, ao mesmo tempo, de
criatividade e de actualização científica, para daí poderem extrair os melhores
resultados”, prosseguiu.
Ao
mesmo tempo, Joaquim Coelho Ramos disse que está também em curso a finalização
de um protocolo com o Centro de Linguística da Universidade do Porto, que vai
permitir “um acesso privilegiado a formação científica e pedagógica de
professores, com os níveis de excelência internacional” que o centro oferece.
Os desafios da pandemia
A
pandemia trouxe alguns desafios ao IPOR, tendo levado a instituição a
consolidar alguns aspectos, entre os quais, a formação dos docentes em áreas
ligadas às tecnologias de ensino digital e o investimento em recursos
informáticos “que permitam gerar uma resposta eficaz às novas exigências”.
“Uma
outra questão, mais complexa com a qual tivemos de nos debater esteve
relacionada com a impossibilidade de realizar concursos internacionais de
recrutamento de novos colaboradores, por estar vedada a entrada de estrangeiros
em Macau”, apontou. Joaquim Coelho Ramos disse a este jornal que o novo
coordenador do Centro de Língua Portuguesa, Bernardo Canha, está ainda a
aguardar autorização para entrar na RAEM.
Compreendendo
a situação atípica e os esforços feitos pelas autoridades, Joaquim Coelho Ramos
disse esperar ver a situação resolvida a breve prazo. “Estamos há praticamente
um ano sem coordenador presencial, o que significa distribuir tarefas pelos
docentes mais experientes e pelos elementos da Direcção, com uma pressão
adicional sobre os já sobrecarregados horários dos profissionais”, prosseguiu.
Neste
sentido, também as actividades pensadas para fora da RAEM foram afectadas – é o
caso da intenção de colaborar de forma mais aprofundada com Chengdu, mais
especificamente com o Centro de Intercâmbio Internacional da Comissão da Saúde
e Planeamento Familiar da Província de Sichuan. Joaquim Coelho Ramos espera
poder ultimar preparativos no início de 2021.
Em
sentido inverso, e apesar da crise de saúde pública, o IPOR “continua a
verificar um aumento da procura por cursos de língua portuguesa”, não só por
parte de cidadãos de Macau, como também do Interior da China e de Hong Kong.
Joaquim Coelho Ramos destaca a procura em Shenzhen: “Acreditamos estar
relacionada com interesses económicos de investimento em países de língua
portuguesa, ou no alargamento de mercados de produtos tecnológicos direccionado
a estes países”.
Este
ano, as tutorias à distância contam já com 1170 horas, contra as cerca de 800
registadas no ano anterior. O director da instituição sublinhou, porém, que
ainda faltam dois meses para o final do ano e que as inscrições neste tipo de
formação estão abertas em permanência.
De
resto, o curso geral de português continua a ser o mais procurado, mas Joaquim
Coelho Ramos refere que tem havido uma “elevada procura” pelas oficinas de
língua portuguesa para jovens e crianças – a capacidade nesta área está, neste
momento, esgotada, com mais de centena e meia de participantes em diferentes
níveis.
No cômputo geral, até meados de Setembro havia cerca de 2200 aprendentes de português no IPOR, disse, ressalvando que apenas em inícios do próximo ano a instituição terá dados consolidados relativos a 2020. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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