Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Macau - Instituto Português do Oriente “empenhado” em plataforma de português adjudicada pela DSEJ

A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude adjudicou este mês a produção e gestão da plataforma de leitura “Viagem nas Palavras” ao Instituto Português do Oriente. Joaquim Coelho Ramos sublinha que é “motivo de grande honra”, mas também uma “grande responsabilidade”


O Instituto Português do Oriente (IPOR) está a “trabalhar empenhadamente” na plataforma de leitura “Viagem nas Palavras” – cuja produção e gestão foi adjudicada este mês pela Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) à instituição, devendo entrar em produção brevemente, indicou Joaquim Coelho Ramos. “O serviço já existia antes. Este ano decidimos apresentar também uma proposta inovadora e foi bem recebida”, afirmou ao Jornal Tribuna de Macau.

O plano de leitura online em português existe desde o ano lectivo 2009/2010 e, segundo disse a DSEJ a este jornal, o serviço era adjudicado à Nebula Group Limited (i-Learner Education Centre), uma empresa de Hong Kong.

O director do IPOR explicou que é um recurso digital para aprendizagem da língua portuguesa direccionada a crianças e jovens, com exercícios de carácter maioritariamente lúdico que “pressupõe uma elevada autonomia por parte dos alunos”.

“Com base em textos ajustados aos diversos níveis dos alunos, são propostos exercícios de exploração directa, jogos de palavras, sopas de letras, palavras cruzadas e outros recursos que conduzem a um reforço da literacia dos utilizadores, implicando um desenvolvimento léxico-estrutural apresentado por temas”, acrescentou.

Considerando que a adjudicação é “motivo de grande honra”, Joaquim Coelho Ramos frisa que é também uma “grande responsabilidade”, uma vez que, além da construção e programação informática, que ficou a cargo da OMNI, pressupõe a “alimentação constante” do serviço com propostas de materiais “pedagogicamente sustentadas, originais, compatíveis” com aquilo que é “o avançado estado da arte didáctica do português”.

“Semanalmente o IPOR carrega na plataforma novos exercícios, textos e desafios para estimular a aprendizagem dos alunos, e isto obriga também os nossos docentes a reinventarem-se constantemente, num esforço que é, ao mesmo tempo, de criatividade e de actualização científica, para daí poderem extrair os melhores resultados”, prosseguiu.

Ao mesmo tempo, Joaquim Coelho Ramos disse que está também em curso a finalização de um protocolo com o Centro de Linguística da Universidade do Porto, que vai permitir “um acesso privilegiado a formação científica e pedagógica de professores, com os níveis de excelência internacional” que o centro oferece.

Os desafios da pandemia

A pandemia trouxe alguns desafios ao IPOR, tendo levado a instituição a consolidar alguns aspectos, entre os quais, a formação dos docentes em áreas ligadas às tecnologias de ensino digital e o investimento em recursos informáticos “que permitam gerar uma resposta eficaz às novas exigências”.

“Uma outra questão, mais complexa com a qual tivemos de nos debater esteve relacionada com a impossibilidade de realizar concursos internacionais de recrutamento de novos colaboradores, por estar vedada a entrada de estrangeiros em Macau”, apontou. Joaquim Coelho Ramos disse a este jornal que o novo coordenador do Centro de Língua Portuguesa, Bernardo Canha, está ainda a aguardar autorização para entrar na RAEM.

Compreendendo a situação atípica e os esforços feitos pelas autoridades, Joaquim Coelho Ramos disse esperar ver a situação resolvida a breve prazo. “Estamos há praticamente um ano sem coordenador presencial, o que significa distribuir tarefas pelos docentes mais experientes e pelos elementos da Direcção, com uma pressão adicional sobre os já sobrecarregados horários dos profissionais”, prosseguiu.

Neste sentido, também as actividades pensadas para fora da RAEM foram afectadas – é o caso da intenção de colaborar de forma mais aprofundada com Chengdu, mais especificamente com o Centro de Intercâmbio Internacional da Comissão da Saúde e Planeamento Familiar da Província de Sichuan. Joaquim Coelho Ramos espera poder ultimar preparativos no início de 2021.

Em sentido inverso, e apesar da crise de saúde pública, o IPOR “continua a verificar um aumento da procura por cursos de língua portuguesa”, não só por parte de cidadãos de Macau, como também do Interior da China e de Hong Kong. Joaquim Coelho Ramos destaca a procura em Shenzhen: “Acreditamos estar relacionada com interesses económicos de investimento em países de língua portuguesa, ou no alargamento de mercados de produtos tecnológicos direccionado a estes países”.

Este ano, as tutorias à distância contam já com 1170 horas, contra as cerca de 800 registadas no ano anterior. O director da instituição sublinhou, porém, que ainda faltam dois meses para o final do ano e que as inscrições neste tipo de formação estão abertas em permanência.

De resto, o curso geral de português continua a ser o mais procurado, mas Joaquim Coelho Ramos refere que tem havido uma “elevada procura” pelas oficinas de língua portuguesa para jovens e crianças – a capacidade nesta área está, neste momento, esgotada, com mais de centena e meia de participantes em diferentes níveis.

No cômputo geral, até meados de Setembro havia cerca de 2200 aprendentes de português no IPOR, disse, ressalvando que apenas em inícios do próximo ano a instituição terá dados consolidados relativos a 2020. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


 

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