Um
estudo que explorou o potencial das biópsias líquidas no diagnóstico e na
monitorização de doentes com cancro oral, desenvolvido por uma equipa
multidisciplinar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC),
foi distinguido pela Sociedade Portuguesa de Genética Humana (SPGH) com o
prémio “Melhor Comunicação Oral em Investigação Clínica”.
O
trabalho, intitulado “Cell-free DNA: A Tool for The Diagnosis and Follow-up of
Oral Cancer?”, teve a participação do Serviço de Cirurgia Maxilofacial do
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). O prémio foi entregue
durante a reunião anual da SPGH.
Segundo
os autores do estudo, «as taxas de incidência e de sobrevivência do cancro oral
permanecem preocupantes, principalmente devido ao seu diagnóstico tardio e ao
frequente desenvolvimento de recidivas e metástases. As biópsias líquidas, que
consistem na deteção de componentes derivados dos tumores, incluindo DNA
tumoral em circulação (do inglês ctDNA) em biofluidos, como o sangue e a urina,
surgiram recentemente como uma potencial abordagem não invasiva ou minimamente
invasiva para a deteção precoce, o diagnóstico e a monitorização de doentes
oncológicos».
No
entanto, acrescentam, «o impacto clínico das biópsias líquidas no cancro oral
ainda é muito limitado quando comparado com outros tipos de cancro, requerendo
mais estudos de validação para a sua implementação com sucesso na prática
clínica».
Com
o objetivo de explorar o potencial das biópsias líquidas no diagnóstico e na
monitorização de doentes com cancro oral, a equipa procedeu à «monitorização
das concentrações de DNA livre em circulação no plasma e na urina durante o
acompanhamento clínico de doentes com diagnóstico de cancro oral, avaliando e comparando
o perfil mutacional do ctDNA e do tecido tumoral correspondente por
sequenciação de nova geração (do inglês, NGS)».
Ambas
as análises quantitativas e qualitativas do DNA livre em circulação foram
correlacionadas com as caraterísticas clinicopatológicas dos doentes em estudo.
Nesta fase do estudo, adiantam os investigadores, «já foi possível obter
informações preliminares interessantes relativamente à cinética do DNA livre em
circulação durante o tratamento dos doentes com cancro oral, nomeadamente, que
os níveis de DNA livre em circulação no plasma parecem aumentar em resposta ao
tratamento antes de diminuir».
Para
além disso, a identificação de «mutações específicas em alguns genes revelou
que as biópsias líquidas podem ser uma fonte de informação relativamente ao
perfil genético dos tumores e à resposta à terapêutica no cancro oral. Os
resultados obtidos revelam que é possível isolar ctDNA de plasma e urina destes
doentes e que a análise integrada de biópsias líquidas e de tecido permite uma
caracterização mais abrangente do perfil do tumor», referem os autores do
trabalho, salientando que a continuação do estudo, com um período de
acompanhamento mais longo destes doentes, será fundamental para confirmar o
potencial das biópsias líquidas no diagnóstico e monitorização do cancro oral.
A
equipa é constituída por Ivana Martins, Leonor Barroso, Inês Tavares, Luís
Pires, Francisco Marques, Joana Barbosa de Melo, Isabel Marques Carreira e Ilda
Patrícia Ribeiro.
Este
trabalho envolveu diferentes centros da FMUC, incluindo o Laboratório de Citogenética
e Genómica (iCBR-CIMAGO) e a Área de Medicina Dentária. Universidade de
Coimbra - Portugal
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