Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

China - Florestas absorvem mais poluentes do que se imaginava

A política agressiva da China de plantio de árvores estará a desempenhar um papel significativo na moderação do impacto climático no país. Uma equipa internacional identificou duas áreas chinesas onde a escala de absorção de dióxido de carbono por novas florestas foi subestimada


As áreas analisadas pelos investigadores representam mais de 35% de toda a captura de carbono da China, segundo refere o estudo baseado em observações terrestres e por satélite.

O sequestro de carbono ocorre quando um reservatório – como florestas – absorve mais carbono do que liberta, reduzindo assim a concentração de CO2 na atmosfera. A China é a maior emissora mundial de dióxido de carbono produzido pelo homem, responsável por cerca de 28% das emissões globais. Contudo, já declarou a intenção de atingir o pico das emissões antes de 2030 e passar para a neutralidade de carbono até 2060.

“Alcançar a meta de carbono zero da China até 2060, recentemente anunciada pelo Presidente chinês Xi Jinping, envolverá uma grande mudança na produção de energia e também o crescimento de reservatórios de sequestro de carbono sustentável”, disse Yi Liu, do Instituto Atmosférico Física (IAP), da Academia Chinesa de Ciências em Pequim, co-autor do estudo publicado na revista científica “Nature”.

“As actividades de florestamento descritas no artigo [da Nature] desempenharão um papel importante para atingir essa meta”, acrescentou à BBC.

O aumento das matas na China já é evidente há algum tempo. Milhões e milhões de árvores foram plantadas nas últimas décadas para combater a desertificação e a perda de solo, bem como para fomentar indústrias de madeira e papel, mas até agora estimava-se que o seu efeito tivesse sido pouco expressivo.

“A China é um dos maiores emissores globais de CO2, mas o quanto é absorvido pelas suas florestas é muito incerto”, explicou o cientista do IAP Jing Wang, principal autor do relatório. Mas, “trabalhando com dados de CO2 recolhidos pela Administração Meteorológica Chinesa, fomos capazes de localizar e quantificar quanto CO2 é absorvido pelas florestas chinesas”.

As duas áreas de sequestro de carbono até então subestimadas situam-se nas províncias de Yunnan, Guizhou e Guangxi (sudoeste) e no nordeste do país, particularmente nas províncias de Heilongjiang e Jilin.

A biosfera terrestre sobre o sudoeste da China, de longe a maior região individual de absorção, representa uma absorção de cerca de -0,35 petagramas por ano, representando 31,5% do sequestro de carbono terrestre chinês. Um petagrama equivale a mil milhões de toneladas.

O co-autor Paul Palmer, professor da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, disse que o tamanho dos reservatórios da floresta pode parecer surpreendente, mas apontou a concordância muito boa entre as medições espaciais e em terra como motivo para confiar no estudo. “Declarações científicas ousadas devem ser apoiadas por grandes quantidades de evidências e isso é o que fizemos neste estudo”, salientou o cientista do Centro Nacional de Observação da Terra NERC.

“Reunimos uma série de evidências baseadas em dados terrestres e de satélite para formar uma narrativa consistente e robusta sobre o ciclo do carbono chinês”, acrescentou. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Agências Internacionais”



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