Dez
bolsistas angolanos partem na próxima terça-feira para Portugal, onde vão
prosseguir o ensino superior no âmbito de um programa apoiado pelo
Camões-Instituto da Cooperação e da Língua.
Engenharia
Mecânica e Civil e Medicina são as áreas escolhidas pelos estudantes
selecionados e que se encontraram na sexta-feira com o embaixador português em
Luanda, Pedro Pessoa e Costa, para preparar a viagem para Portugal e a
integração na futura vida académica.
Segundo
o diplomata, a relação entre Portugal e Angola “passa por várias áreas” e este
programa é um sinal da importância que Portugal atribui ao futuro de Angola,
nomeadamente no que diz respeito aos recursos qualificados.
Revela
também, acrescentou, que o sistema de ensino superior português atingiu um
“grau de excelência” e continua a ser atrativo para estudantes estrangeiros. Os
bolseiros vão frequentar universidades em Lisboa, Coimbra, Covilhã, Porto e
Braga.
“Os
jovens devem agarrar esta oportunidade da melhor maneira, é uma oportunidade
para o presente”, mas que também oferece “ferramentas” para o seu futuro,
exortou o embaixador.
Entusiasmados
com a partida, os estudantes assumem, no entanto, preocupação com o futuro em
Angola, sobretudo devido ao desemprego, que levou às ruas, na quarta-feira,
milhares de jovens para uma tentativa de manifestação que foi reprimida pela
polícia e terminou com feridos e um morto.
Raul
Correia Matamba, que vai estudar engenharia mecânica na Universidade Nova de
Lisboa, escolheu Portugal “pela língua e pela qualidade de ensino” e considerou
que os jovens têm motivos para estar preocupados com o seu futuro.
“É
de se entender, a situação não está fácil”, comentou Matamba, apelando, no
entanto, à “serenidade”.
“Em
tempos de turbulência, é necessário usarmos a cabeça, somos jovens, somos o
futuro, se formos pela violência não teremos um futuro, não fica bom não só
para a imagem dos jovens como também do país”, realçou o estudante.
Declarando-se
“a favor de manifestações pacíficas”, Raul Matamba afirmou que a violência
partiu da polícia: “Os jovens não foram para as ruas com o propósito de agredir
ninguém, foram com o propósito de se manifestarem”.
Nádia
Gonçalves, de 18 anos, prepara-se para ingressar no curso de Engenharia
Mecânica do Instituto Superior Técnico, uma instituição de “renome”. Gosta da
cultura portuguesa que “não difere muito da angolana” e disse ter sido “muito
bem acolhida” em anteriores visitas a Portugal.
A
jovem ambiciona, após a formação académica, “ajudar a desenvolver a tecnologia
e a indústria” em Angola, mas admitiu temer o desemprego.
“O
emprego já era difícil e com a pandemia tornou-se cada vez pior. Os jovens em
Angola terminam os seus cursos e não conseguem ingressar no mundo do trabalho
que é algo que é necessário para viver, senão como vão sustentar a família?”,
questionou.
Sobre
os acontecimentos de quarta-feira considerou “muito preocupante” o desfecho.
“Houve
mortes, muita gente saiu ferida, é algo que me deixa muito preocupada”,
salientou.
O
programa de bolsas de estudo em Portugal, concedidas pelo Camões em articulação
com o Instituto Nacional de Gestão das Bolsas de Estudo angolano contempla um
contingente de 26 bolsas (21 de licenciatura, três de mestrado e duas de
doutoramento). In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”
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