Luís
Neves, professor catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra (FCTUC), foi o nome escolhido pela Agência Portuguesa
do Ambiente (APA) para representar Portugal num grupo de peritos previsto no
tratado EURATOM (Comunidade Europeia da Energia Atómica), no domínio dos
impactos radiológicos transfronteiriços, durante os próximos cinco anos.
Instituída
em 1957 pelo Tratado de Roma, a EURATOM tem por objetivo fomentar no âmbito da
União Europeia a investigação, a legislação comum e a partilha de conhecimento
visando a segurança de trabalhadores e da população em geral no domínio da
energia nuclear.
Ao
grupo de peritos da EURATOM, indigitados pelos Estados-membros da União
Europeia (UE) para mandatos de cinco anos, compete dar pareceres e
recomendações sobre novos projetos nucleares, bem como sobre alterações ou
desmantelamento dos existentes, em especial quando se coloquem possíveis
impactos transfronteiriços que possam afetar outro Estado-membro, e ainda sobre
matérias de regulamentação / legislação.
«São
matérias muito sensíveis e de tecnicidade extremamente elevada. Por isso, o
grupo reúne peritos independentes provenientes de diferentes domínios
científicos, não podendo os seus elementos ter qualquer relação com a indústria
nuclear que configure conflito de interesses. O foco deste grupo de peritos
situa-se na propagação de radioatividade, através da água, do solo ou do ar,
suscetível de atingir países vizinhos, ou seja, de potenciais impactos
radiológicos transfronteiriços», salienta Luís Neves.
Apesar
dos riscos inerentes à indústria nuclear, o especialista em proteção e
segurança radiológica da UC nota que, «do ponto de vista legislativo, é um
setor altamente regulado e escrutinado, com órgãos de acompanhamento nacionais
muito exigentes e rigorosos».
Luís
Neves refere ainda que, com o processo de transição energética em curso,
«estamos numa fase em que é mais habitual surgirem questões relacionadas com o
desmantelamento de instalações e o armazenamento de resíduos radioativos, do
que propriamente com a implementação de novas instalações nucleares. De facto,
a política que está a ser seguida em muitos países passa por, terminado o ciclo
de vida das atuais centrais nucleares, não se se proceder à instalação de novas
unidades, optando em alternativa por potenciar as energias renováveis».
«Inevitavelmente,
as centrais nucleares produzem resíduos altamente radioativos, que têm de ser
armazenados por muitos milhares de anos até a radioatividade baixar para níveis
seguros, o que carece de rigorosas medidas de segurança e de acompanhamento por
forma a evitar impactos na saúde humana e no ambiente», conclui o também
Vice-Reitor da Universidade de Coimbra.
Mais
informação sobre o Tratado EURATOM disponível: aqui. Universidade de Coimbra -
Portugal
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