Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Angola – Marcolino Moco por uma acção de crítica construtiva ao sistema

 


Há uma perplexidade, manifesta ou não, de quem esperaria de mim uma palavra, depois dos acontecimentos de 11 de Novembro, especialmente, em algumas ruas de Luanda, que atingiram uma gravidade que não esperaria, francamente. Culminando com a morte falada de, pelo menos, mais uma preciosa vida. E, naturalmente, uma comoção nacional, embora para o bem e ou para o mal, ainda contida.

Não me vou pronunciar, de modo concreto, sobre o assunto concreto, repetindo a razão já apresentada no post anterior: a politização que tem, fatalmente, acompanhado as minhas intervenções, criando embaraços desnecessários, não tanto à minha própria pessoa que “já sou cinza”, como diria o bom Velho Mendes de Carvalho, mas especialmente a pessoas que de uma ou outra forma me são próximas. Por causa deste subliminar medo (as vezes já um pouco mais do que isso) que volta a pairar, infelizmente, sobre as nossas cabeças.

O que quero dizer (repetir), simplesmente, é que é minha convicção que tudo o que vem acontecendo de desastroso e lamentável, assim acontece, e desde até antes da nossa independência, porque como elite liderante não colocamos o acento tónico na ideia “do bem comum”, mas sim, nos nossos interesses de grupo. Na sequência, a própria sociedade, por inteiro, não tem como – desprovida de uma estratégia de interesse nacional, em ambiente de construção de um estado-nação eivado de grande complexidade – deixar de limitar-se a debruçar-se de caso concreto a caso concreto das suas angústias existenciais de ordem material e espiritual imediatas.

Há cerca de mais ou menos 20 anos, chegado a essa conclusão, deixei de me envolver, tão afincadamente, numa corrente de acção político-partidária, onde não encontrava espaço para agir com qualquer esperança de obter algum resultado, no quadro daquilo em que acredito. É assim que opto, desde então, por uma acção de crítica construtiva ao sistema, numa longa parte do longo consulado do presidente José Eduardo dos Santos.

O novo consulado do Presidente João Lourenço acalentou-me, e sem dúvida à muita gente, muitas esperanças. É muita pena ver, e num ambiente económico e social muito deteriorado, que se volte agora, e de forma tão explicita, a usar-se dos mesmos métodos autoritários que não levam a lado algum, especialmente, num tempo em que dominam as novas tecnologias de comunicação. E ai, Deus! esta ideia, denunciada pelo próprio Presidente, no dia da sua investidura, de encontrar culpas à direita e à esquerda, menos no lugar onde elas se encontram! Assim não vamos lá. Mas ainda vamos a tempo - penso eu - e as esperanças têm de manter-se, agora que um novo ano se aproxima. Marcolino Moco – Angola in “Facebook”


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