Há
uma perplexidade, manifesta ou não, de quem esperaria de mim uma palavra,
depois dos acontecimentos de 11 de Novembro, especialmente, em algumas ruas de
Luanda, que atingiram uma gravidade que não esperaria, francamente. Culminando
com a morte falada de, pelo menos, mais uma preciosa vida. E, naturalmente, uma
comoção nacional, embora para o bem e ou para o mal, ainda contida.
Não
me vou pronunciar, de modo concreto, sobre o assunto concreto, repetindo a
razão já apresentada no post anterior: a politização que tem, fatalmente,
acompanhado as minhas intervenções, criando embaraços desnecessários, não tanto
à minha própria pessoa que “já sou cinza”, como diria o bom Velho Mendes de
Carvalho, mas especialmente a pessoas que de uma ou outra forma me são
próximas. Por causa deste subliminar medo (as vezes já um pouco mais do que
isso) que volta a pairar, infelizmente, sobre as nossas cabeças.
O
que quero dizer (repetir), simplesmente, é que é minha convicção que tudo o que
vem acontecendo de desastroso e lamentável, assim acontece, e desde até antes
da nossa independência, porque como elite liderante não colocamos o acento
tónico na ideia “do bem comum”, mas sim, nos nossos interesses de grupo. Na
sequência, a própria sociedade, por inteiro, não tem como – desprovida de uma
estratégia de interesse nacional, em ambiente de construção de um estado-nação
eivado de grande complexidade – deixar de limitar-se a debruçar-se de caso
concreto a caso concreto das suas angústias existenciais de ordem material e
espiritual imediatas.
Há
cerca de mais ou menos 20 anos, chegado a essa conclusão, deixei de me
envolver, tão afincadamente, numa corrente de acção político-partidária, onde
não encontrava espaço para agir com qualquer esperança de obter algum
resultado, no quadro daquilo em que acredito. É assim que opto, desde então,
por uma acção de crítica construtiva ao sistema, numa longa parte do longo
consulado do presidente José Eduardo dos Santos.
O
novo consulado do Presidente João Lourenço acalentou-me, e sem dúvida à muita
gente, muitas esperanças. É muita pena ver, e num ambiente económico e social
muito deteriorado, que se volte agora, e de forma tão explicita, a usar-se dos
mesmos métodos autoritários que não levam a lado algum, especialmente, num
tempo em que dominam as novas tecnologias de comunicação. E ai, Deus! esta
ideia, denunciada pelo próprio Presidente, no dia da sua investidura, de
encontrar culpas à direita e à esquerda, menos no lugar onde elas se encontram!
Assim não vamos lá. Mas ainda vamos a tempo - penso eu - e as esperanças têm de
manter-se, agora que um novo ano se aproxima. Marcolino Moco – Angola in “Facebook”
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