Cabo
Verde bateu este ano o recorde com quase 144 mil ninhos de tartarugas
registados em todas as ilhas, segundo dados avançados à Lusa pelo diretor
nacional do Ambiente, que notou igualmente uma redução de capturas.
Alexandre
Nevsky Rodrigues disse que os dados provisórios da campanha de 2020 apontam
para um registo de 143930 ninhos de tartarugas, mais do dobro dos 60917
contabilizados no ano anterior.
“A
campanha de 2020 está a ser a melhor de sempre em termos de números de ninhos
registados”, constatou o diretor nacional do Ambiente cabo-verdiano, referindo
que, tradicionalmente, as ilhas da Boa Vista, Sal e Maio são as que contribuem
com mais de 95% das desovas no país.
As
estatísticas apontam que de mil ovos eclodidos, apenas uma tartaruga chega à
vida adulta, mas o diretor nacional do Ambiente disse que as autoridades
cabo-verdianas estão a criar condições para aumentar essa taxa.
“Aquilo
que podemos fazer aqui na terra, vamos fazendo”, garantiu Alexandre Nevsky,
referindo que no mar já funciona a lei natural.
O
segundo melhor ano de nidificação das tartarugas marinhas em Cabo Verde tinha
sido em 2018, com um total de 109126 ninhos registados, muito mais do que os 44035
de 2017, os 30470 do ano de 2016 e dos 10725 no ano anterior.
Os
mesmos dados provisórios apontam também para uma diminuição da captura de
tartarugas marinhas este ano em Cabo Verde, com 1,61%, menor do que os 2,08%
identificados no ano passado.
“A
campanha de 2018, com 1,19%, foi a melhor em termos de redução de captura,
efeito imediato da aprovação da legislação de proteção das tartarugas”,
salientou o responsável cabo-verdiano.
Alexandre
Nevsky alertou que existe uma “probabilidade forte” de aumento de capturas
durante a campanha deste ano devido aos efeitos da covid-19, que fez com que as
associações tivessem menos voluntários internacionais na monitorização e menos
capacidade de fiscalização através da Polícia Nacional e das Forças Armadas.
“Reforçamos
as campanhas nas comunidades com ações de sensibilização porta a porta e
colocação de ‘outdoors’ informativos”, indicou Alexandre Nevsky, para quem
mesmo com os constrangimentos provocados pela covid-19, os resultados desde ano
“são excelentes”.
Desde
2016 que as autoridades cabo-verdianas estão a financiar 11 associações
comunitárias e organizações em todas as ilhas, e são monitorizadas cerca de 167
quilómetros de praias em todo o território nacional.
A
campanha desde ano foi a que registou o maior número de fêmeas, estando neste
momento em 28786, mais do que as 11406 do ano passado e das 21825 de há dois
anos.
Os
dados acumulados desde 2015 apontam que a ilha da Boa Vista registou 248 mil
ninhos, enquanto Sal teve cerca de 64 mil e Maio com quase 51 mil ninhos de
desovas das tartarugas marinhas em cinco anos.
Nas
declarações à Lusa, o diretor nacional do Ambiente aproveitou para apelar a
toda a população para proteger as tartarugas marinhas em Cabo Verde, lembrando
que são espécies em vias de extinção. “O trabalho que estamos a fazer será
reconhecido também junto dos nossos doadores”, enfatizou.
Cabo
Verde introduziu legislação para proteger as tartarugas marinhas pela primeira
vez em 1987, proibindo a sua captura em épocas de desova, mas desde 2018 está
em vigor uma nova lei, que tipifica outros tipos de crime, nomeadamente o abate
intencional, bem como a aquisição, a comercialização, o transporte ou
desembarque, a exportação e o consumo.
A
população de tartarugas marinhas ‘Caretta caretta’ de Cabo Verde é a terceira
maior do mundo, apenas ultrapassada pelas populações na Florida (Estados Unidos
da América) e em Omã (Golfo Pérsico).
O
período de desova desta espécie começa anualmente em 01 de junho, mas este ano
devido à covid-19 algumas associações arrancaram mais tarde, e vai pelo menos
até novembro. In “Green Savers Sapo” - Portugal
Sem comentários:
Enviar um comentário