Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

África do Sul – Madeirense navegando em solitário escalou portos sul africanos

 


A 15 de Janeiro de 2019 o velejador português, José Henrique Pereira Afonso, de 58 anos de idade, partiu da ilha da Madeira, onde nasceu e sempre viveu, para dar a volta ao Mundo sozinho no seu veleiro de nove metros de comprimento, apelidado “Sofia do Mar”. Tinha na mente há muito tempo fazer esta viagem de circum-navegação.

A viagem terá a duração de cerca de três anos para este percurso mundial. Henrique Afonso não tem uma data certa para completar a viagem, nem um roteiro definitivo, pois não tem pressa nem compromissos.

O primeiro porto de escala foi em Santa Cruz de Tenerife, de onde saiu rumo à Ilha de São Nicolau, no arquipélago de Cabo Verde, levando uma semana a uma distância de 835 milhas náuticas.

Após escalas nas Canárias e Cabo Verde, seguiu viagem rumo às Caraíbas, Colômbia, Panamá. Cinco meses depois da partida chegou ao litoral do Equador depois de atravessar o Oceano Atlântico e o Canal do Panamá e depois cruzando o Oceano Pacífico até ao Taiti.

De Santa Lúcia nas Caraíbas rumou ao Curaçau onde encontrou-se com alguns familiares porque o seu avô emigrou para aquele local muito novo e deixou na Madeira a mulher e os filhos, tendo regressado muitos anos depois.

Continuou a navegar e chegou a Timor-Leste em Fevereiro de 2020, onde encontrou-se com José Ramos Horta que destacou o exemplo de Henrique Afonso, como muitos outros, que encaram o país como a sua segunda casa.



Devido às restrições da pandemia de Covid-19 permaneceu durante sete meses. Durante a prolongada estadia teve a oportunidade de encontrar muitos portugueses, australianos, chineses, indonésios, japoneses, brasileiros, assim como de outras nacionalidades. O povo de Timor foi muito acolhedor, educado e disciplinado.

Partiu a 1 de Julho 2020 rumo às Ilhas Maurícias mas não foi autorizado a escalar. Continuou viagem com destino à Ilha da Reunião e após navegar durante trinta e seis dias no Oceano Índico, enfrentando uma travessia de 4200 milhas náuticas em condições climatéricas muito adversas desde que saiu do Funchal.

A partir das Ilhas Cocos passou a tormenta de chuva, mar, vento de 20 a 30 nos e ondas de quatro metros por vários dias. Passou pelas Maurícias mas não conseguiu entrar devido ao ‘lockdown’.

Continuou até à Ilha da Reunião com características semelhantes com as da Madeira, ficando com a sensação que estava mesmo em casa. O Oceano Índico não tem fim!!! Na marina onde escalou notou vários barcos à espera de seguir viagem para a África do Sul.

Chegou ao porto de Richards Bay, na República da África do Sul, em fins de Outubro de 2020 onde permaneceu durante uns dias, continuando a navegar com destino à Cidade do Cabo.

Todavia, não foi autorizado a fazer escala na cidade de Durban mas por uma avaria mecânica esteve uns dias no porto de East London, donde partiu no dia 30 de Outubro para Port Elizabeth.

Mencionou que se sente livre quando está sozinho no mar, é a coisa mais bonita do Mundo e também ser capaz de se dissociar da sociedade que vivemos porque às vezes é emocionante.

Quer continuar a aventura que deve findar no Verão de 2021 na freguesia do Paúl do Mar, que está localizado junto ao mar a sudoeste da Madeira, uma tradicional vila de pescadores e outro óptimo ponto favorito de surf.

Com a sua paisagem encantada, onde os penhascos íngremes abrigam plantações de bananas que as estradas cortam em linha recta. Uma bela vista panorâmica das montanhas circundantes, a praia, o som tranquilizante do oceano juntos, levam-nos a uma fascinante e emocional contemplação.

Com o objectivo de atravessar o globo sob o patrocínio da adega Barbeito Madeira, leva no veleiro “Sofia do Mar” dois barris de 200 litros do famoso Vinho da Madeira.

O objectivo é para comprovar a maturação e envelhecimento do vinho nos porões das caravelas portuguesas durante a época dos descobrimentos.

Quando retornavam, os vinhos que não eram consumidos eram provados e exibiam um sabor específico depois de tanto tempo nos porões das naus sendo assim referenciado como o “Vinho da Roda”.

De notar que as duas barricas também contribuem para melhor estabilidade durante as longas travessias. João de Gouveia – África do Sul in “O Século de Janesburgo”

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