Uma dezena de portugueses integra o clube mais
internacional a jogar na Polónia e o primeiro fundado por estrangeiros, “desde
jovens estudantes até algumas velhas raposas”, a jogar nas competições oficiais
do país. “Tudo começou em 2015, através de uma publicação no Facebook num grupo
de expatriados em Cracóvia, onde surgiu a ideia de organizar um jogo de futebol
entre estrangeiros a viver na cidade”, contou à agência Lusa o português Daniel
Silva, um dos capitães da equipa
“Depois
do jogo, e uma ida ao ‘pub’, ficou claro que a experiência seria para repetir,
começando o grupo a reunir-se semanalmente para dar uns toques na bola depois
do trabalho”, acrescentou.
A
equipa “Dragoons FC” viria a nascer pouco depois, com um nome baseado, não só no
simbolismo da cidade, o dragão de Cracóvia, mas também no espírito guerreiro
dos “dragoons”, as cavalarias armadas que faziam parte de vários exércitos
europeus durante os séculos XVII e XVIII.
Depois
de participarem com regularidade numa liga amadora, decidiram criar o clube
como entidade registada, para poderem jogar também nas competições oficiais.
Outra das vitórias passaria pela ajuda na integração de estrangeiros em
Cracóvia e na cultura polaca.
“Desde
os tempos das ‘peladinhas’ organizadas via Facebook até ao presente, como
clube, o grupo tem sido sempre um veículo de integração dos estrangeiros que
vêm para a cidade. Em muitos casos, as primeiras amizades de quem chega
formam-se após os primeiros treinos com a equipa. É o caso dos portugueses. Começámos
com um. Se não me engano, fui o segundo e, passadas apenas algumas semanas, já
chegávamos a uma dezena. Muitas vezes o Português é mesmo a língua mais falada
dentro de campo, para frustração de alguns”, partilhou, entre risos.
“Juntei-me
ao grupo logo nos meus primeiros dias após chegar a Cracóvia, sendo que, não
conhecendo praticamente ninguém na cidade, as minhas primeiras amizades foram
com a malta do futebol. Os primeiros meses foram quase uma espécie de programa
Erasmus, com o sentimento comum de descoberta de uma cidade nova, com um grupo
novo de amigos de vários pontos do mundo, que vivem a mesma situação”,
sublinhou Daniel Silva, a viver há cerca de quatro anos na Polónia.
A
equipa funciona quase como uma família, explicou, “nem que seja pelo facto de
alguns terem a idade para serem pais de outros quantos”.
“Para
além dos treinos e jogos, reunimo-nos com frequência para irmos tomar uns
copos, fazer barbecues ou, por exemplo, algo que já é uma tradição anual, ir
passar um fim de semana a Varsóvia, onde jogamos com uma equipa local e
dedicamos o resto do tempo ao ‘team building’, cultivando assim esses laços que
nos unem como equipa, como amigos e, de certa forma, como uma família que vive
em casa fora de casa”, adiantou.
Do
clube fazem parte, tanto jogadores que nunca estiveram inscritos em qualquer
federação, como ex-profissionais ou semiprofissionais que alinharam nas mais
diversas ligas dos seus países. No total, “são mais de vinte nacionalidades
representadas, entre vários continentes, desde jovens estudantes, até algumas
velhas raposas”, sendo que um dos requisitos é a obrigatoriedade de estar
legalmente registado na Polónia.
A
equipa conseguiu recentemente um estatuto especial que lhe permite jogar com um
número ilimitado de futebolistas de fora da União Europeia (EU), devido ao
carácter único do projeto.
“Pelas
regras da federação polaca, para a quarta divisão e ligas inferiores, uma
equipa apenas pode ter em campo simultaneamente um jogador amador de fora da UE
ou três jogadores de fora da UE com contrato profissional. No entanto, os
regulamentos preveem que os clubes possam fazer um pedido formal à sua
associação de futebol local, de modo a não terem de obedecer a estes
requisitos, caso exista uma justificação válida para tal”, precisou o
português, nascido no Porto.
O
“Dragoons FC” é o clube mais internacional a jogar na Polónia e o primeiro
fundado por estrangeiros a jogar nas competições oficiais polacas. In “Bom dia
Europa” - Luxemburgo
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