Uma
das surpresas do novo Governo de Jean Castex é a nomeação da gestora cabo-verdiana
Elisabeth Moreno para ocupar o posto de ministra “da igualdade entre mulheres e
homens, da diversidade e da igualdade de chances”, substituindo a mediática
Marlène Schiappa.
Até
aqui, Elisabeth Moreno era a Diretora Geral da Hewlett Packard (HP) para a
África e vivia em Joanesburgo, na África do Sul. Antes, passou pela Orange e
pela Dell e foi Presidente Diretora Geral da Lenovo França.
“Za”,
como é familiarmente conhecida, tem quase 50 anos, nasceu em Casa Choca, um
aglomerado de casas que já não existe, perto do Tarrafal, na ilha de Santiago.
O pai era emigrante em Portugal. Viveu uma infância na aldeia até que se mudou
com a mãe e com os irmãos para Lisboa e depois para Paris. Tinha 7 anos.
No
seguimento de um acidente – do qual Za se diz culpada -, a irmã esteve cerca de
dois anos hospitalizada em Paris. A família instalou-se no bairro de
Belleville, depois na Porte de La Chapelle, em Paris. Quando a família foi
crescendo, mudaram-se para a “Cité Verte” em Athis-Mons e depois para uma casa
em Viry-Chatillon.
O
pai trabalhava nas obras, a mãe era doméstica. Elisabeth Moreno é a mais velha
dos 6 irmãos e assumiu a missão de ajudar a criá-los. Depois da escola,
ocupava-se, com naturalidade, das tarefas domésticas.
Começou
a sua carreira de empreendedora na área da construção quando casou. Mas
combinou com o marido que continuaria a estudar até se licenciar em Direito.
Como o marido mudou de ideias, divorciou, já com uma filha.
Terminou
a licenciatura em Direito das empresas, quando já trabalhava num gabinete
jurídico, antes de entrar na France Telecom (hoje Orange) onde chegou ao posto
de responsável das pequenas e médias empresas.
Entrou
“pela pequena porta” na multinacional Dell, em 2000, com a função de Diretora
de “grandes contas”. Foi a empresa que lhe financiou um “Executive MBA” na
ESSEC e na Universidade de Mannheim, na Alemanha e passou a dirigir a antena
marroquina do grupo. Depois foi Diretora de estratégia para toda a área da Europa,
Médio Oriente e África.
Dez
anos depois de ter entrado na Dell, ingressou na Lenovo, com as funções de
Diretora regional de vendas até se tornar a Presidente Diretora Geral da
empresa em França.
Mas
Elisabeth Moreno é uma mulher ativa, empreendedora. Foi Juíza voluntária no
Tribunal de comércio de Bobigny, depois de ter feito uma formação na Escola
Nacional da Magistratura. Mais tarde criou o Cabo Verde Business Club, a Maison
du Cap Vert e esteve também na origem da Federação das associação cabo-verdianas
de França.
Em
2018, Elisabeth Moreno foi nomeada Empreendedora do Ano em Cabo Verde, o país
onde nasceu e do qual se foi aproximando.
Num
livro de Martine Blanchard, diz-se “profundamente cabo-verdiana, profundamente
francesa e profundamente europeia” e acrescenta: “Adoraria um dia ser
Presidente de Cabo Verde”…
Hoje
é Ministra em França e todos os quadrantes políticos de Cabo Verde a felicitam.
Carlos Pereira – França in “LusoJornal”
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