No
Brasil, há pescadores que os caçam e matam ilegalmente, transformando-os em
isco para um peixe-gato a que chamam piracatinga. Isto está a pôr a espécie
numa situação de extrema vulnerabilidade. Em Janeiro deste ano, deixou de estar
em vigor uma moratória contra a pesca de piracatinga. Ambientalistas e
investigadores têm apelado à sua renovação. “São criaturas muito especiais,
extremamente inteligentes e podem demonstrar um conjunto de comportamentos
semelhante ao dos humanos”, disse Natanael dos Santos, da Reserva Mamirauá,
dirigida pelo instituto de investigação Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazónia (INPA), citado pelo site científico Mongabay.
Depois
de meses de impasse, a Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ministério da
Agricultura prorrogou, este mês, a medida por mais um ano. A decisão vale em
todo o Brasil e vai permitir avaliar a recuperação das espécies usadas como
isca da piracatinga. Além do boto-cor-de-rosa, eram vítimas também o boto
tucuxi (Sotalia fluviatilis) e algumas espécies de jacarés.
É
um novo fôlego – ainda que, mais uma vez, com prazo de validade. Os
especialistas estavam a alertar que deixar de prorrogar a moratória poderia
levar à extinção do maior golfinho de água doce do mundo. Assim, a moratória
foi agora prorrogada até junho de 2021, mas os investigadores argumentam que
seriam necessários mais cinco anos para avaliar se a medida dará resultado.
“Nem
todos os objectivos da moratória foram cumpridos”, alerta Vera da Silva,
investigadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia (Inpa), que estuda
os botos-cor-de-rosa há mais de 30 anos. “Precisamos de melhores informações
sobre as práticas de pesca. As leis não são fortes o suficiente para obrigar os
pescadores a relatar o que capturam”, disse a cientista, citada pelo site
Mongabay.
De
todas as espécies de golfinhos de rio, o boto-cor-de-rosa da Amazónia é a
maior: os machos podem chegar a medir 2,5 metros de comprimento e pesar até 200
quilos. As fêmeas, um pouco menores, chegam a medir 2,2 metros e a pesar 150
quilos. O corpo é flexível, visto que precisam de ser ágeis para se desviarem
de obstáculos, como troncos caídos na água, e para capturar as suas presas.
Além de peixes, eles podem comer também moluscos e crustáceos.
O
que distingue estes golfinhos de outros é a lenta transformação de cinzento
para cor-de-rosa, à medida que vão envelhecendo. O seu comportamento e
exposição à luz solar também têm influência na mudança de tom do boto
cor-de-rosa — ou “boto vermelho”, como é conhecido no Brasil. Apesar de todos
os esforços por parte de investigadores e ambientalistas para impedirem o seu
desaparecimento, este mamífero encontra-se “em perigo de extinção” na lista
vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para Conservação da
Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). In “Green
Savers Sapo” - Portugal
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