Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Moçambique – Na lista de países com risco de insegurança alimentar por causa da pandemia

Nova pesquisa revela que o país de língua portuguesa é “considerado extremamente vulnerável a problemas económicos” devido à Covid-19; desvalorização da moeda, violência, redução das exportações e menos receitas do governo contribuem para a situação



Moçambique é um dos 27 países (*) que podem enfrentar uma crise alimentar provocada pela pandemia da Covid-19, informou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, e o Programa Mundial de Alimentação, PMA.

As agências da ONU destacam vários motivos para a crise no país, como secas em províncias do sul, inundações no início de 2020, pragas e os efeitos dos ciclones Idai e Kenneth, ocorridos em 2019, e que ainda se fazem sentir.

Moçambique

As agências afirmam que “o país é considerado extremamente vulnerável a problemas económicos negativos causados pela pandemia de Covid-19”, destacando a dependência das importações de alimentos.

As exportações devem cair este ano, bem como o preço das matérias-primas, resultando em menos receitas para o governo e preços mais altos dos alimentos.

Ao mesmo tempo, restrições de combate ao vírus e a depreciação do metical, a moeda moçambicana, estão a diminuir o rendimento para muitas famílias urbanas e rurais.

A pesquisa destaca o problema da violência em Cabo Delgado, a província mais afectada pelo vírus. Segundo a FAO e o PMA, “a situação de segurança está-se a deteriorar rapidamente, com o aumento das capacidades dos insurgentes e a evolução das suas estratégias.”

Já o Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Ocha, acredita que o problema já causou mais de 200 mil deslocados. O número deve aumentar nos próximos meses assim como mais restrições para o acesso humanitário. 

Regiões

Nenhuma região está imune a estas crises, do Afeganistão ao Bangladesh, na Ásia, do Haiti, no Caribe, à Nigéria, na África. 

Em comunicado, o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, disse que muitos países na lista dos 27 já tinham altos níveis de insegurança alimentar, causados por crises económicas, instabilidade e insegurança, eventos climáticos e pragas de plantas e doenças. 

Segundo ele, estas nações "sofrem agora os efeitos da Covid-19 nos sistemas alimentares, que estão criando uma crise de fome dentro de uma crise de saúde."

Para Dongyu, a comunidade internacional não pode encarar a situação "como um problema de amanhã, precisa fazer mais agora."

Efeitos

Segundo a FAO e o PMA, a Covid-19 está a aumentar a insegurança alimentar de quatro maneiras.

Primeiro: com o aumento do desemprego, as pessoas têm menos dinheiro para gastar em comida e os migrantes menos fundos para enviar remessas às famílias. 

Depois, uma série de interrupções está a reduzir a produção e fornecimento de alimentos. Além disso, a queda das receitas do governo significa que redes de segurança, como programas de proteção social e alimentação escolar, estão com problemas de financiamento. 

Por fim, a pandemia pode contribuir para a instabilidade política e intensificar conflitos sobre recursos naturais, como água e pastagens ou rotas de migração. ONU News – Nações Unidas


(*) Haiti, Nigéria, Venezuela, Camarões, República Centro-Africana, Etiópia, Somália, Sudão do Sul, Iraque, Líbano, Zimbábue, Peru, Equador, Colômbia, Afeganistão, Bangladesh, Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Síria, Sudão, Iémen, Moçambique, Libéria, Burkina Fasso, Mali, Níger, Serra Leoa e Honduras.


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