Nova pesquisa revela que o país de língua portuguesa é
“considerado extremamente vulnerável a problemas económicos” devido à Covid-19;
desvalorização da moeda, violência, redução das exportações e menos receitas do
governo contribuem para a situação
Moçambique
é um dos 27 países (*) que podem enfrentar uma crise alimentar provocada pela
pandemia da Covid-19, informou a Organização das Nações Unidas para Agricultura
e Alimentação, FAO, e o Programa Mundial de Alimentação, PMA.
As
agências da ONU destacam vários motivos para a crise no país, como secas em
províncias do sul, inundações no início de 2020, pragas e os efeitos dos
ciclones Idai e Kenneth, ocorridos em 2019, e que ainda se fazem sentir.
Moçambique
As
agências afirmam que “o país é considerado extremamente vulnerável a problemas
económicos negativos causados pela pandemia de Covid-19”, destacando a
dependência das importações de alimentos.
As
exportações devem cair este ano, bem como o preço das matérias-primas,
resultando em menos receitas para o governo e preços mais altos dos alimentos.
Ao
mesmo tempo, restrições de combate ao vírus e a depreciação do metical, a moeda
moçambicana, estão a diminuir o rendimento para muitas famílias urbanas e
rurais.
A
pesquisa destaca o problema da violência em Cabo Delgado, a província mais afectada
pelo vírus. Segundo a FAO e o PMA, “a situação de segurança está-se a deteriorar
rapidamente, com o aumento das capacidades dos insurgentes e a evolução das suas
estratégias.”
Já
o Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Ocha, acredita que o
problema já causou mais de 200 mil deslocados. O número deve aumentar nos
próximos meses assim como mais restrições para o acesso humanitário.
Regiões
Nenhuma
região está imune a estas crises, do Afeganistão ao Bangladesh, na Ásia, do
Haiti, no Caribe, à Nigéria, na África.
Em
comunicado, o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, disse que muitos países na lista
dos 27 já tinham altos níveis de insegurança alimentar, causados por crises
económicas, instabilidade e insegurança, eventos climáticos e pragas de plantas
e doenças.
Segundo
ele, estas nações "sofrem agora os efeitos da Covid-19 nos sistemas
alimentares, que estão criando uma crise de fome dentro de uma crise de
saúde."
Para
Dongyu, a comunidade internacional não pode encarar a situação "como um
problema de amanhã, precisa fazer mais agora."
Efeitos
Segundo
a FAO e o PMA, a Covid-19 está a aumentar a insegurança alimentar de quatro
maneiras.
Primeiro:
com o aumento do desemprego, as pessoas têm menos dinheiro para gastar em
comida e os migrantes menos fundos para enviar remessas às famílias.
Depois,
uma série de interrupções está a reduzir a produção e fornecimento de
alimentos. Além disso, a queda das receitas do governo significa que redes de
segurança, como programas de proteção social e alimentação escolar, estão com
problemas de financiamento.
Por
fim, a pandemia pode contribuir para a instabilidade política e intensificar
conflitos sobre recursos naturais, como água e pastagens ou rotas de migração. ONU
News – Nações Unidas
(*) Haiti, Nigéria, Venezuela, Camarões, República
Centro-Africana, Etiópia, Somália, Sudão do Sul, Iraque, Líbano, Zimbábue,
Peru, Equador, Colômbia, Afeganistão, Bangladesh, Guatemala, Honduras, El
Salvador, Nicarágua, Síria, Sudão, Iémen, Moçambique, Libéria, Burkina Fasso,
Mali, Níger, Serra Leoa e Honduras.
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