O primeiro-ministro do
Cambodja Hun Sen governa o país há 35 anos e, embora espere ocupar o cargo por
pelo menos mais uma década, o líder começou a posicionar o seu filho mais
velho, Hun Manet, como o seu sucessor
Hun
Manet, um general de três estrelas de 42 anos e vice-comandante-chefe das
Forças Armadas, é frequentemente visto em eventos oficiais e nesta semana
participou de uma excursão por três províncias, onde presidiu inúmeras
cerimónias dos militares, um aliado indispensável no caminho do poder.
O
filho do primeiro-ministro, que começa a se destacar na imprensa
pró-governamental, foi nomeado no início de Junho como chefe da ala juvenil do
Partido Popular do Cambodja (CPP), posição que lhe reserva um lugar entre os 37
membros do Comité Permanente, um órgão-chave na tomada de decisões do país.
Para
já, aos 67 anos, o primeiro-ministro Hun Sen diz que pretende manter-se no poder
por mais dois mandatos de cinco anos, e rejeita acusações de nepotismo,
mantendo que os seus três filhos homens ocupam cargos no governo graças às suas
habilitações e experiência‘. Hun Manet é graduado por West Point e doutorado
pela Universidade de Bristol, educação ocidental que tem força no país.
“Como
pai, tenho que apoiar o meu filho e treiná-lo para que ele seja capaz [para o
cargo] ... Mesmo que não possa ser como seu pai, pelo menos deve corresponder
ao pai em 80 ou 90 por cento” disse Hun Sen durante um discurso transmitido nas
redes sociais, onde enfatizou que os eleitores teriam sempre a última palavra.
65% do eleitorado é formado por jovens
"Tecnicamente,
o Cambodja é uma democracia parlamentar, onde a figura do primeiro-ministro não
pode ter outro sucessor senão o vencedor de uma eleição geral“, disse Marc Piñol,
professor assistente de política da Universidade de Bristol e autor de vários
estudos sobre o Cambodja.
“Hun
Manet está a emergir como um possível sucessor para o cargo. Está em posição de
poder dentro do partido e do Exército ... para já precisa ganhar a confiança do
Politburo e das várias facções do CPP e, segundo, conquistar o povo”, referiu.
Juntamente
com o filho mais velho de Hun Sen, vários filhos de membros proeminentes do
partido também foram promovidos dentro da ala juvenil do partido, vista como um
movimento estratégico para abordar a população com menos de 30 anos de idade, que
representa 65% do total e a chave para manter o poder.
“Os
jovens de hoje não sofreram nem a guerra civil nem o genocídio [perpetrado pelo
regime dos Khmers Rouge]. A maioria não viveu os anos mais difíceis
após-conflito ou era muito nova, nessa altura. Em parte, isso dá-lhes outra
perspectiva política que, em muitos casos, está fora das redes do CPP”, disse
Piñol.
Esse
voto dos jovens já foi fundamental nas eleições gerais de 2013, nas quais,
apesar de Hun Sem se manter no poder, o partido viu sua hegemonia ameaçada pelo
CNRP da oposição.
O
desafio ao poder foi mantido nas eleições locais de 2017, antes do governo
lançar uma campanha de repressão política contra a oposição, resultando na
dissolução no mesmo ano do CNRP pelo Supremo Tribunal Federal e na prisão ou
fuga para o exílio dos seus lídere. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau
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