Editado pelo Instituto Cultural, o mais recente livro de
António Mil-Homens reúne 50 poemas escritos entre 1996 e 2014, acompanhados por
30 imagens produzidas pelo fotógrafo. O autor, que diz encontrar no que escreve
semelhanças com a poesia chinesa, tem mais seis livros prontos a editar.
Produção “em catadupa”, num tempo de entrega sobretudo à escrita e à pintura
“Poemografia
de Macau”, o mais recente livro de António Duarte Mil-Homens, congrega poemas
escritos entre 1996 e 2014, nas várias passagens pelo território. O autor, que
diz escrever “ao sabor de sentimentos, de acontecimentos”, condensa neste
volume, editado pelo Instituto Cultural, 50 poemas e 30 imagens. Prontos a
lançar estão mais seis livros de poesia, produção em torrente, num autor que
diz encontrar no que escreve “muitas semelhanças” com aquilo que vai
“conhecendo da própria poesia chinesa”.
“Aquilo
que fui escrevendo foi ao sabor de sentimentos, de acontecimentos, como, aliás,
é a origem daquilo que eu escrevo em termos poéticos. A poesia surge como uma
possibilidade de condensar estes mesmos sentimentos ou estados de espírito”,
descreve António Mil-Homens, que deu por concluído o projecto de “Poemografia
de Macau” em 2014. Em 2015, tratou de encaminhar os textos para tradução em
chinês e inglês. “Para alargar ao máximo o leque de pessoas que poderiam ler os
meus poemas sobre Macau”.
A
edição trilingue seria editada, já em 2019, pelo Instituto Cultural. Aos
textos, juntou-lhes fotografias. “É ‘Poemografia’ porque achei que talvez fosse
interessante e mais atractivo, sob o ponto de vista editorial, ilustrar com
fotografia os meus poemas”. O lançamento aconteceu a 11 de Julho, na Casa
Garden – onde também tem em exposição a mostra de pintura “Monochrome” -, com
apresentação de Carlos Frota.
“São
50 poemas, 30 imagens, imagens minhas de Macau, que fazem a ilustração. Não há
correspondência de um poema, uma fotografia. As 30 fotografias têm mais ou
menos a ver com 30 dos poemas, mas não igualam o número de poemas”, diz o
autor. António Mil-Homens descreve o processo de escrita como algo que se impõe
“em catadupa”. “De repente posso ir a andar na rua, posso estar a trabalhar ao
computador, já estar até a dormir e, de repente, acordo a meio da noite e sinto
esta necessidade imediata de procurar uma folha de papel para transcrever
aquilo que está a jorrar. Vem-me a ideia e de repente começo a escrever e os
versos saem em catadupa, do primeiro ao último, e já está. Muito raramente
faço, ‘a posteriori’, qualquer alteração, é mais frequente ser a nível de
pontuação do que propriamente troca de palavras ou eliminação de algum verso”.
Na
definição da sua linguagem poética, Mil-Homens fala em “estilo diverso”. “De
forma natural e instintiva é influenciada pela envolvência cultural. Eu diria
que o estilo destes poemas será um estilo mais chinês do que os outros. Dei
comigo a escrever coisas com um cunho mais figurativo do que é habitual, talvez
até de uma forma mais simples na terminologia e na própria construção. Olhando
para aquilo que eu escrevi, influenciado por Macau, encontro muitas semelhanças
com aquilo que vou conhecendo da própria poesia chinesa”.
O
autor de “Vida ou morte de uma esperança anunciada”, lançado em 2010, em edição
de autor, e “Universália”, editado em 2019 pela Temas Originais, diz escrever
sobre aquilo em que embate no quotidiano. “Podem ser sentimentos, estados de
espírito, ou pura e simplesmente acontecimentos, cenas do dia-a-dia com que me
vou deparando, o passar por determinado local. É o resultado daquilo que os
meus sentidos se vão apercebendo, quer em termos visuais quer em termos
auditivos”. António Mil-Homens diz ter mais seis livros “prontos a sair e dois
em fase de escrita”. Sílvia Gonçalves
– Macau in “Ponto Final”
silviagoncalves.pontofinal@gmail.com
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