94
Professores de Português a lecionar em França, estão neste momento em casa, em
contacto com a Coordenação do Ensino de Português e com os cerca de 14 mil
alunos que aprendem português em França, 9500 dos quais na região de Paris.
Todos
os cursos fecharam. “A principal norma é o respeito pelas indicações que chegam
do Ministério francês da educação e das autoridades de saúde francesas. É o
respeito total pelas indicações que chegam dessas entidades e estamos a cumprir
rigorosamente” explica ao LusoJornal a Coordenadora do ensino de português em
França, Adelaide Cristóvão. “Quando as escolas francesas abrirem, os cursos de
português retomam ao mesmo tempo”.
Em
França há cerca de 14 mil alunos a aprender português com professores sob
tutela do Instituto Camões, quase todos no ensino primário, mas também há mais
cerca de 16 mil alunos no ensino secundário, com professores do Ministério
francês da educação.
Também
há professores do Instituto Camões a lecionar nas Secções internacionais, que
são frequentadas por cerca de mil alunos, da primária até ao 12° ano. Os alunos
das Secções internacionais têm as aulas normais do programa francês, acrescidas
das disciplinas de língua, literatura, história e geografia em português.
O
Instituto Camões também destacou alguns professores para darem aulas em algumas
associações portuguesas.
Adelaide
Cristóvão é a Coordenadora do ensino de português em França e reporta
diretamente ao Instituto Camões e ao Embaixador de Portugal em França. A
Coordenação tem duas Assistentes da Coordenadora e duas colaboradoras para
gerir a rede de ensino de língua portuguesa em França, assim como a articulação
com as 15 universidades francesas que têm Protocolo com o Instituto Camões.
“Nas universidades temos cerca de 5000 alunos, que têm apoio através de
Protocolos de cooperação, que apoiam não só a investigação, através de
Cátedras, como também Centros de língua e todo o ensino de português nessas 15
universidades” explica Adelaide Cristóvão ao LusoJornal.
Contacto com os alunos
Com
as medidas de confinamento impostas pelo Governo, os estabelecimentos de ensino
franceses estabeleceram planos de apoio aos alunos e Adelaide Cristóvão garante
que os professores de português seguem esses mesmos planos. “Nós estamos em
contacto permanente com os nossos professores, de forma a transmitir-lhes
também materiais, pequenos projetos, que eles podem levar a cabo com as
crianças, de forma a que possam continuar a apoiá-los durante este período” diz
a Coordenadora do ensino. “Tudo isto é muito recente. Tentamos que haja sempre
uma relação, sempre que possível, entre os professores e os alunos. Ou através
dos estabelecimentos, ou também através da Coordenação do ensino”.
Apesar
da ligação à Coordenação do Ensino, os 94 professores de português da rede do
Instituto Camões têm também como autoridade os Diretores das escolas, os
Inspetores e toda a estrutura do Ministério francês da educação. “Mesmo
tratando-se de cursos opcionais, são dispositivos do Ministério francês da
Educação”.
Durante
muitos anos este dispositivo estava integrado nos cursos ELCO (ensino da língua
e cultura de origem), mas há alguns anos que os Governos franceses querem
reformular os ELCO. A língua portuguesa foi a primeira a sair deste dispositivo
e a passar para o estatuto de EILE (ensino internacional de línguas
estrangeiras). Portugal cumpre rigorosamente o Quadro europeu comum de
referência para as línguas e tem critérios também rigorosos de recrutamento de
professores.
“Os
nossos professores são recrutados através de um concurso nacional do Instituto
Camões. Para concorrer, os professores têm de ter formação necessária para
serem professores, depois passam um concurso no qual prestam provas sobre, por
exemplo, os conhecimentos sobre o Quadro europeu comum de referência para as
línguas e sobre cultura portuguesa, e têm também de ter obrigatoriamente o
nível B2 de francês para poderem lecionar em França” explica Adelaide
Cristóvão.
É
este rigor que fez com que a língua portuguesa deixasse de ser ensinada no
quadro dos ELCO, para passar a ser ensinada no quadro dos EILE. Aliás, ainda
recentemente o Presidente francês Emmanuel Macron anunciou que vai continuar a
reformular os ELCO argumentando que alguns países não cumprem regras
transparentes no recrutamento dos professores, nem têm planos pedagógicos
obrigatórios.
Toda
esta rede está atualmente parada e Adelaide Cristóvão aguarda que “esta crise
passe rapidamente”. Numa entrevista ao LusoJornal, explica que “da mesma forma
que o Camões tem para connosco, nós temos para com os nossos professores um
cuidado atento com a saúde e com o bem-estar deles”. Carlos Pereira – França
in “LusoJornal”
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