No
dia 03 de março de 2020, é lançada a tradução indonésia do livro "Mar
das Especiarias", de Joaquim Magalhães de Castro, intitulada “Lautan
Rempah”, publicada, em novembro de 2019, pela editora Elex Media
Komputindo. Terá lugar na sala de eventos da Embaixada de Portugal em Jacarta.
A
edição original é de 2008 e contou com uma introdução do Senhor Embaixador
António Pinto da França. “Camões Instituto da Cooperação e da Língua” -
Portugal
A
edição em indonésio do livro “Mar das Especiarias”, que detalha a
influência portuguesa no vasto arquipélago indonésio é lançado terça-feira na
embaixada de Portugal em Jacarta, disse hoje à Lusa o seu autor.
“É
uma tradução para indonésio do livro editado em 2008 em português, mas com
acréscimos substanciais. A revisão do conteúdo, mais capítulos, algumas
mudanças e muitos acrescentos”, contou à Lusa Joaquim Magalhães de Castro.
O
investigador e historiador, que vive atualmente entre Portugal, Macau e
Indonésia, continua a investigar uma influência que, explicou, se espalha por
todo o arquipélago, com sinais no património, mas também na sociedade e na
cultura, incluindo musical.
“Tenho
continuado a fazer trabalho de investigação. A indonésia é um arquipélago muito
vasto e a nível de património de origem portuguesa tem muito para descobrir”,
referiu.
“Quando
publiquei o livro em 2008, ficou muito trabalho por fazer. Na prática peguei só
no fio da meada. Agora, que vivo parte do meu tempo aqui, estou a continuar
esse trabalho”, referiu.
Magalhães
de Castro refere que na Indonésia, como ocorre em Marrocos, há uma tendência
para “tudo o que é antigo ser atribuído aos portugueses”, com a tradição oral,
ainda que a carecer de comprovação por outros métodos, a ser um dos canais para
chegar à origem real.
“Há
sempre que ter algum cuidado com essa tradição oral, mas eu sou adepto do mote
de que não há fumo sem fogo. E por isso há que estar atento a essa tradição
oral, porque muito do que foi escrito perdeu-se e muito nunca foi sequer
escrito”, explicou.
Ainda
que nas escolas a imagem dada sobre a presença histórica dos portugueses “seja
negativa” – Portugal nunca colonizou o arquipélago mas acaba por ser englobado
na ação dos holandeses – Magalhães de Castro insiste numa visão de prestigio
que se mantém sobre Portugal e os portugueses.
“O
nome Portugal e português aparece, por exemplo, em muitos grupos de motards, em
Semarang, Bandung ou noutros locais. No foro popular o termo ‘portuguis’ é
sinal de algum prestigio”, referiu.
Um
exemplo da influência portuguesa é na música onde a musicalidade portuguesa,
incluindo do fado, tem ecos nos estilos musicais dangdut e krocong ou se nota
na proliferação do cavaquinho, o juk em indonésio.
Entre
as experiências que mais o tocaram, Magalhães de Castro refere o caso da
comunidade de lusodescendentes – os mata-biru, ou olho-azul - em Lamno, na
província de Aceh, que foi dizimada pelo tsunami de 2005.
O
historiado visitou a região antes do tsunami e explica que apesar de muitos dos
residentes terem sido mortos a descendência acaba por continuar porque muitos
indonésios, especialmente entre empresários e outros da elite indonésia, foram
ali buscar ‘noivas’, por serem consideradas especialmente bonitas.
Agora
a editora do livro, o grupo Kompas-Gramedia, quer fazer mais conteúdos tendo
como ponto de partida o livro.
O
objetivo do historiado é publicar um novo livro, em português, com os
resultados mais recentes das suas investigações.
A
sinopse do livro descreve-o como uma combinação entre “o melhor da narrativa de
viagens com uma aventura em busca de uma herança com séculos de existência”,
feita 500 anos depois de os primeiros portugueses terem chegado às ilhas
Molucas.
Uma
viagem de “contornos e sabores exóticos com o objetivo de seguir o rasto dos
antepassados no arquipélago indonésio”
Tendo
como inspiração a obra “Influência Portuguesa na Indonésia” do
embaixador António Pinto da França, o “Mar das Especiarias” (“Lautan
Rempah”, em indonésio) é o retrato de uma extensa viagem por vários pontos
do país, desde as Flores – onde a influência portuguesa é mais extensa – até à
região de Aceh onde o Tsunami de 2005 dizimou uma das comunidades com fortes
ligações a Portugal.
Património
físico, documentos e a influência na música e na própria língua – há centenas
de palavras de origem portuguesa no indonésio – o livro retrata a fusão de duas
culturas que permanece ainda hoje.
O
lançamento, amanhã, 03 de março, conta com a presença do autor, do embaixador
português em Jacarta, Rui Carmo, e com os responsáveis do grupo editorial
Kompas-Gramedia. In “Facebook” com
“Agência Lusa”
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