Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 3 de março de 2020

Moçambique - Recuperação de algas marinhas pode beneficiar comunidades locais

A Universidade Eduardo Mondlane está a identificar e a restaurar habitats de algas marinhas, consideradas “baterias de oxigénio para o oceano”. No noroeste da Baía de Maputo, 86% dos prados foram perdidos, o quadro coloca em risco a agricultura local, emprego e segurança alimentar



Em Moçambique, vários especialistas alertam que a pesca destrutiva de moluscos, junto com inundações e a sedimentação dos rios que desaguam na baía, estão destruindo com rapidez as algas marinhas.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, revelou com base em pesquisas que só no noroeste da Baía de Maputo, 86% dos prados de algas marinhas foram perdidos. O seu desaparecimento coloca sob risco a agricultura local, o emprego e a segurança alimentar.

Soluções

Para reverter essa situação, a Universidade Eduardo Mondlane, apoiada pelo governo de Moçambique, vem identificando e restaurando habitats de algas marinhas nas baías de Inhambane e Maputo.

Como parte do projecto, as comunidades próximas a essas áreas aprenderão práticas de pesca não destrutivas e elaborarão um plano local de gestão das algas marinhas.

O Pnuma ressalta que mais algas podem beneficiar a saúde e a recreação de 60% da população moçambicana que vive ao longo da costa.

Comunidades locais

De Maputo, capital do país, Salomão Bandeira, da Universidade Eduardo Mondlane, explica que, de facto, as algas marinhas ajudam a sustentar a vida nas baías.

Contou que camarões, pepinos do mar, amêijoas e caranguejos encontrados nestes prados subaquáticos são fonte de alimento e emprego para as comunidades locais.

Ele explica que a pesca de mariscos e caranguejos nas algas marinhas significa muito para as pessoas da região. O especialista explicou que não se trata apenas de um recurso, mas sim de um modo de vida".

Bandeira acrescenta que “as algas marinhas agem como uma espécie de bateria de oxigénio para o oceano”, tornando o mar mais seguro e limpo para a pesca.

Benefícios

Com mais algas marinhas, há mais espaço para o crescimento de moluscos, o que poderia impulsionar as empresas pesqueiras locais e melhorar a segurança alimentar das comunidades.

Além disso, o turismo também pode ser beneficiado, uma vez que, cada vez mais, pessoas podem começar a visitar as baías, atraídas pela grande biodiversidade proporcionada por estas algas.

De acordo com o Pnuma, o projecto pode até ter um impacto maior. A Universidade Eduardo Mondlane espera que as lições aprendidas com suas técnicas de restauração possam ser usadas em outros países do Oceano Índico Ocidental, também combatendo a degradação das algas marinhas.

Outras vantagens ambientais deste projecto é a proteção de espécies únicas, como o dugongo, que se alimenta de algas marinhas das baías. A iniciativa ajudará na produção crescente de alimentos para esta espécie, ameaçada de extinção no Oceano Índico Ocidental.

Convenção de Nairóbi

A proposta está a ser financiada pelo Programa de Ação Estratégica para a Proteção do Oceano Índico Ocidental contra Fontes e Actividades Terrestres, projecto da Convenção de Nairóbi.

A Convenção, parte do Programa de Mares Regionais do Pnuma, serve como uma plataforma para governos, sociedade civil e sector privado actuarem juntos para a gestão e uso sustentável do ambiente marinho e costeiro do Oceano Índico Ocidental.

O projecto, financiado pelo Global Environment Facility, prioriza a redução da actividade terrestre neste ambiente, protegendo habitats críticos, melhorando a qualidade da água e fazendo a gestão dos fluxos dos rios.

ODS

A implementação bem-sucedida do projecto também ajudará Moçambique a cumprir a meta 2 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14, sobre gerir e proteger de forma sustentável os ecossistemas marinhos e costeiros.

Como as algas marinhas desempenham um papel crítico na saúde dos seres humanos e do meio ambiente, a sociedade civil está em campanha para que as Nações Unidas reconheçam oficialmente o dia 1º de março como o Dia Mundial das Algas Marinhas. ONU News – Nações Unidas

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