A Universidade Eduardo Mondlane está a identificar e a
restaurar habitats de algas marinhas, consideradas “baterias de oxigénio para o
oceano”. No noroeste da Baía de Maputo, 86% dos prados foram perdidos, o quadro
coloca em risco a agricultura local, emprego e segurança alimentar
Em
Moçambique, vários especialistas alertam que a pesca destrutiva de moluscos,
junto com inundações e a sedimentação dos rios que desaguam na baía, estão
destruindo com rapidez as algas marinhas.
O
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, revelou com base em
pesquisas que só no noroeste da Baía de Maputo, 86% dos prados de algas
marinhas foram perdidos. O seu desaparecimento coloca sob risco a agricultura
local, o emprego e a segurança alimentar.
Soluções
Para
reverter essa situação, a Universidade Eduardo Mondlane, apoiada pelo governo
de Moçambique, vem identificando e restaurando habitats de algas marinhas nas
baías de Inhambane e Maputo.
Como
parte do projecto, as comunidades próximas a essas áreas aprenderão práticas de
pesca não destrutivas e elaborarão um plano local de gestão das algas marinhas.
O
Pnuma ressalta que mais algas podem beneficiar a saúde e a recreação de 60% da
população moçambicana que vive ao longo da costa.
Comunidades locais
De
Maputo, capital do país, Salomão Bandeira, da Universidade Eduardo Mondlane,
explica que, de facto, as algas marinhas ajudam a sustentar a vida nas baías.
Contou
que camarões, pepinos do mar, amêijoas e caranguejos encontrados nestes prados
subaquáticos são fonte de alimento e emprego para as comunidades locais.
Ele
explica que a pesca de mariscos e caranguejos nas algas marinhas significa
muito para as pessoas da região. O especialista explicou que não se trata
apenas de um recurso, mas sim de um modo de vida".
Bandeira
acrescenta que “as algas marinhas agem como uma espécie de bateria de oxigénio
para o oceano”, tornando o mar mais seguro e limpo para a pesca.
Benefícios
Com
mais algas marinhas, há mais espaço para o crescimento de moluscos, o que
poderia impulsionar as empresas pesqueiras locais e melhorar a segurança
alimentar das comunidades.
Além
disso, o turismo também pode ser beneficiado, uma vez que, cada vez mais,
pessoas podem começar a visitar as baías, atraídas pela grande biodiversidade
proporcionada por estas algas.
De
acordo com o Pnuma, o projecto pode até ter um impacto maior. A Universidade
Eduardo Mondlane espera que as lições aprendidas com suas técnicas de
restauração possam ser usadas em outros países do Oceano Índico Ocidental,
também combatendo a degradação das algas marinhas.
Outras
vantagens ambientais deste projecto é a proteção de espécies únicas, como o
dugongo, que se alimenta de algas marinhas das baías. A iniciativa ajudará na
produção crescente de alimentos para esta espécie, ameaçada de extinção no
Oceano Índico Ocidental.
Convenção de Nairóbi
A
proposta está a ser financiada pelo Programa de Ação Estratégica para a
Proteção do Oceano Índico Ocidental contra Fontes e Actividades Terrestres,
projecto da Convenção de Nairóbi.
A
Convenção, parte do Programa de Mares Regionais do Pnuma, serve como uma
plataforma para governos, sociedade civil e sector privado actuarem juntos para
a gestão e uso sustentável do ambiente marinho e costeiro do Oceano Índico
Ocidental.
O
projecto, financiado pelo Global Environment Facility, prioriza a redução da
actividade terrestre neste ambiente, protegendo habitats críticos, melhorando a
qualidade da água e fazendo a gestão dos fluxos dos rios.
ODS
A
implementação bem-sucedida do projecto também ajudará Moçambique a cumprir a
meta 2 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14, sobre gerir e proteger de
forma sustentável os ecossistemas marinhos e costeiros.
Como
as algas marinhas desempenham um papel crítico na saúde dos seres humanos e do
meio ambiente, a sociedade civil está em campanha para que as Nações Unidas
reconheçam oficialmente o dia 1º de março como o Dia Mundial das Algas
Marinhas. ONU News – Nações Unidas
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