Vários países têm testado possíveis tratamentos para o
COVID-19 mas até agora não existe nenhum tratamento com eficácia comprovada,
pelo que o único método de acção oficial ainda é o isolamento dos casos
confirmados
Os
principais testes para tratamentos incluem medicamentos utilizados para tratar
outras doenças e que, pela sua composição, poderiam ser úteis para combater o
novo coronavírus. A maioria desses remédios pertence ao grupo dos antivirais.
Nalguns países, como a China ou a Espanha, foram relatados casos de relativo
sucesso com os testes.
Há
relatos nalguns países de relativo sucesso com remédios já utilizados para
atacar outras doenças, mas ainda não existem dados consolidados sobre a
eficácia e todos os medicamentos testados ainda estão em fase experimental.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS), por outro lado, apesar de não ter avaliado
nenhum remédio específico com eficácia contra o vírus, publicou uma lista de
dezenas de compostos que, sozinhos ou em conjunto, poderiam reforçar a resposta
imunológica dos pacientes nos casos mais graves. Porém, o efeito desses
medicamentos ainda depende de verificação em investigações mais detalhadas.
Analgésicos e antivirais
Nos
casos leves ou no início da infecção, o coronavírus provoca sintomas parecidos
com os da gripe ou de uma comum constipação – dores musculares e de cabeça,
febre e secreção nasal.
Nesses
casos, autoridades médicas explicam que analgésicos e anti-inflamatórios como
paracetamol, ibuprofeno ou dipirona são eficientes para tratar alguns dos
sintomas, mas não atacam o vírus. Alguns cientistas acreditam que só os
antivirais podem funcionar contra o COVID-19 como funcionaram contra a SARS em
2003.
Segundo
um artigo de cientistas chineses publicado na revista médica britânica “The
Lancet”, o hospital Jin Yintan, na cidade de Wuhan, tratou 41 pacientes com
uma combinação dos remédios antivirais ritonavir e lopinavir.
Esse
tratamento é usado, por exemplo, em pacientes com HIV. Segundo a revista “Science”,
esses antivirais inibiram a protease, enzima que tanto o HIV como o coronavírus
utilizam para se multiplicar dento do organismo.
O
artigo da “Lancet” faz referência a outro estudo, publicado em 2004, em
que aquela combinação de remédios mostrou “benefícios clínicos substanciais” no
tratamento de pacientes com SARS. Essas drogas, juntamente com o interferon
beta, usado normalmente no tratamento da esclerose múltipla, foram usadas em
pacientes na Espanha e na China.
Ao
mesmo tempo, o Centro Médico da Universidade de Nebraska, nos EUA, anunciou no
fim de Fevereiro que estava a testar clinicamente a eficácia do antiviral
remdesivir em pacientes com COVID-19.
Segundo
o Instituto Nacional de Saúde dos EUA, o remédio também está a ser testado na
China. O remdesivir foi usado no passado para tratar tanto a SARS quanto a
síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), também provocada por um tipo de
coronavírus e que teve um surto em 2012.
Os
medicamentos testados actuam inibindo alguns dos ciclos vitais da infecção pelo
coronavírus.
Interrupção do ciclo vital
De
acordo com a revista “Nature”, pelo menos outras 10 clínicas estão a
testar os efeitos da cloroquina, medicamento usado contra a malária e doenças
auto-imunes e segundo a revista “a maioria das drogas utilizadas nos testes
clínicos inibem componentes-chave no ciclo vital de infecção do coronavírus”.
Mais
concretamente, o artigo explica que a cloroquina bloqueia a entrada dos vírus
nas células, o lopinavir e o ritonavir bloqueiam a reprodução celular e o
remdesivir inibe a síntese do RNA.
São
sinais animadores. Porém, apesar de todos os testes terem provocado alguns
sinais positivos, a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) pede cautela.
“Obviamente
os testes são válidos, mas não podemos recomendar oficialmente e de imediato
esses tratamentos”, afirmou aos jornalistas o director do Departamento de
Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais da Saúde da OPAS.
“Devemos
esperar que os resultados e os métodos se confirmem, porque neste momento não
existe um tratamento indicado para o coronavírus”, disse acrescentando que o
único método de acção oficial que existe é o isolamento dos casos confirmados e
a administração de respiração artificial para os casos mais graves.
Vírus mostra “buracos” na Saúde Pública dos EUA
Perante
o avanço do novo coronavírus nos EUA, o CDC – Centro de Controlo e Prevenção de
Doenças – agência ligada ao Departamento de Saúde divulgou uma série de
recomendações aos americanos para evitar que o vírus se espalhe, entre elas
ficar em casa se estiverem doentes e procurar um médico. Para milhões de
americanos, porém, não é possível adoptar essas medidas. Como não existe no
país uma lei federal que obrigue empregadores a aceitar atestados médicos,
muitos funcionários têm de escolher entre trabalhar doentes ou ficar sem salário,
ou até mesmo perder o emprego. Além disso, sem um sistema público de saúde,
muitos não têm cobertura e evitam ir ao médico devido aos altos custos. Num
momento em que o país já regista mais de 20 mortes e mais de 550 casos da
COVID-19 e em que as autoridades de saúde consideram provável que milhões de
americanos estejam infectados, especialistas temem que esses factores afectem a
resposta à crise e representem um risco à saúde pública. “Sem atestados
médicos, as pessoas irão trabalhar (doentes) e espalhar a doença”, advertiu à
BBC o economista Nicolas Ziebarth, professor da prestigiada Universidade
Cornell, em Nova Iorque. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau com “Agências Internacionais”
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