Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 10 de março de 2020

Internacional - Testes têm dado sinais positivos mas isolar é o melhor tratamento

Vários países têm testado possíveis tratamentos para o COVID-19 mas até agora não existe nenhum tratamento com eficácia comprovada, pelo que o único método de acção oficial ainda é o isolamento dos casos confirmados



Os principais testes para tratamentos incluem medicamentos utilizados para tratar outras doenças e que, pela sua composição, poderiam ser úteis para combater o novo coronavírus. A maioria desses remédios pertence ao grupo dos antivirais. Nalguns países, como a China ou a Espanha, foram relatados casos de relativo sucesso com os testes.

Há relatos nalguns países de relativo sucesso com remédios já utilizados para atacar outras doenças, mas ainda não existem dados consolidados sobre a eficácia e todos os medicamentos testados ainda estão em fase experimental.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), por outro lado, apesar de não ter avaliado nenhum remédio específico com eficácia contra o vírus, publicou uma lista de dezenas de compostos que, sozinhos ou em conjunto, poderiam reforçar a resposta imunológica dos pacientes nos casos mais graves. Porém, o efeito desses medicamentos ainda depende de verificação em investigações mais detalhadas.

Analgésicos e antivirais

Nos casos leves ou no início da infecção, o coronavírus provoca sintomas parecidos com os da gripe ou de uma comum constipação – dores musculares e de cabeça, febre e secreção nasal.

Nesses casos, autoridades médicas explicam que analgésicos e anti-inflamatórios como paracetamol, ibuprofeno ou dipirona são eficientes para tratar alguns dos sintomas, mas não atacam o vírus. Alguns cientistas acreditam que só os antivirais podem funcionar contra o COVID-19 como funcionaram contra a SARS em 2003.

Segundo um artigo de cientistas chineses publicado na revista médica britânica “The Lancet”, o hospital Jin Yintan, na cidade de Wuhan, tratou 41 pacientes com uma combinação dos remédios antivirais ritonavir e lopinavir.

Esse tratamento é usado, por exemplo, em pacientes com HIV. Segundo a revista “Science”, esses antivirais inibiram a protease, enzima que tanto o HIV como o coronavírus utilizam para se multiplicar dento do organismo.

O artigo da “Lancet” faz referência a outro estudo, publicado em 2004, em que aquela combinação de remédios mostrou “benefícios clínicos substanciais” no tratamento de pacientes com SARS. Essas drogas, juntamente com o interferon beta, usado normalmente no tratamento da esclerose múltipla, foram usadas em pacientes na Espanha e na China.

Ao mesmo tempo, o Centro Médico da Universidade de Nebraska, nos EUA, anunciou no fim de Fevereiro que estava a testar clinicamente a eficácia do antiviral remdesivir em pacientes com COVID-19.

Segundo o Instituto Nacional de Saúde dos EUA, o remédio também está a ser testado na China. O remdesivir foi usado no passado para tratar tanto a SARS quanto a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), também provocada por um tipo de coronavírus e que teve um surto em 2012.

Os medicamentos testados actuam inibindo alguns dos ciclos vitais da infecção pelo coronavírus.

Interrupção do ciclo vital

De acordo com a revista “Nature”, pelo menos outras 10 clínicas estão a testar os efeitos da cloroquina, medicamento usado contra a malária e doenças auto-imunes e segundo a revista “a maioria das drogas utilizadas nos testes clínicos inibem componentes-chave no ciclo vital de infecção do coronavírus”.

Mais concretamente, o artigo explica que a cloroquina bloqueia a entrada dos vírus nas células, o lopinavir e o ritonavir bloqueiam a reprodução celular e o remdesivir inibe a síntese do RNA.

São sinais animadores. Porém, apesar de todos os testes terem provocado alguns sinais positivos, a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) pede cautela.

“Obviamente os testes são válidos, mas não podemos recomendar oficialmente e de imediato esses tratamentos”, afirmou aos jornalistas o director do Departamento de Doenças Transmissíveis e Determinantes Ambientais da Saúde da OPAS.

“Devemos esperar que os resultados e os métodos se confirmem, porque neste momento não existe um tratamento indicado para o coronavírus”, disse acrescentando que o único método de acção oficial que existe é o isolamento dos casos confirmados e a administração de respiração artificial para os casos mais graves.

Vírus mostra “buracos” na Saúde Pública dos EUA

Perante o avanço do novo coronavírus nos EUA, o CDC – Centro de Controlo e Prevenção de Doenças – agência ligada ao Departamento de Saúde divulgou uma série de recomendações aos americanos para evitar que o vírus se espalhe, entre elas ficar em casa se estiverem doentes e procurar um médico. Para milhões de americanos, porém, não é possível adoptar essas medidas. Como não existe no país uma lei federal que obrigue empregadores a aceitar atestados médicos, muitos funcionários têm de escolher entre trabalhar doentes ou ficar sem salário, ou até mesmo perder o emprego. Além disso, sem um sistema público de saúde, muitos não têm cobertura e evitam ir ao médico devido aos altos custos. Num momento em que o país já regista mais de 20 mortes e mais de 550 casos da COVID-19 e em que as autoridades de saúde consideram provável que milhões de americanos estejam infectados, especialistas temem que esses factores afectem a resposta à crise e representem um risco à saúde pública. “Sem atestados médicos, as pessoas irão trabalhar (doentes) e espalhar a doença”, advertiu à BBC o economista Nicolas Ziebarth, professor da prestigiada Universidade Cornell, em Nova Iorque. In “Jornal Tribuna de Macau” - Macau com “Agências Internacionais”

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