O director dos Serviços de Saúde revelou ontem que Ho Iat
Seng irá apresentar hoje novas medidas de restrição “ainda mais rigorosas” do
que Hong Kong, na sequência dos novos casos importados de Covid-19. Inês Chan,
dos Serviços de Turismo, garantiu que o transporte de residentes não está em
risco, apesar do encerramento das fronteiras de Hong Kong a todos os
não-residentes a partir de amanhã
O
Chefe do Executivo vai anunciar novas medidas de prevenção e contenção da
propagação do Covid-19, numa conferência de imprensa agendada para as 10h00 de
hoje. Uma das medidas que está nos planos de Ho Iat Seng será a restrição de
entrada a pessoas que venham de Hong Kong, adiantou ontem o director dos
Serviços de Saúde, Lei Chin Ion. “O Chefe do Executivo está reunido para tomar
medidas semelhantes às de Hong Kong e não excluímos a possibilidade de tomar
medidas de restrição mais rigorosas, mas amanhã [hoje] o Chefe do Executivo vai
anunciar mais detalhes em conferência de imprensa. Acho que todos os cidadãos
podem ficar descansados e confiantes com as decisões do Governo, pois têm sido
medidas adequadas e eficazes para impedir a entrada das pessoas com coronavírus
no território. Queremos proteger os cidadãos e tratar as pessoas infectadas”,
começou por dizer o director dos Serviços de Saúde.
Perante
a insistência da comunicação social sobre as novas medidas de prevenção, Lei
Chin Ion assumiu apenas que serão “ainda mais rigorosas”, e que será Ho Iat
Seng a anunciá-las hoje. De acordo com Lei Chin Ion, os Serviços de Saúde não
receberam qualquer notificação por parte das autoridades de Hong Kong sobre as
restrições anunciadas para os residentes de Macau. “As autoridades de saúde não
receberam qualquer informação ou comunicação do Governo de Hong Kong sobre
estas medidas”, referiu do director dos Serviços de Saúde, não excluindo a
possibilidade de ter ocorrido uma comunicação directa entre o Executivo de
Carrie Lam e o gabinete de Ho Iat Seng. “Os Serviços de Saúde não receberam
qualquer comunicação de Hong Kong, mas não excluímos que o gabinete do Chefe do
Executivo não tenha recebido”, afirmou.
Recorde-se
que Hong Kong vai fechar as fronteiras a todos os não-residentes por um período
de 14 dias a partir de quarta-feira devido ao surgimento de novos casos de
infecção por Covid-19. “Não consideramos Hong Kong uma zona de alta incidência,
mas temos de ver como será a evolução epidémica nos próximos dias. Se Hong Kong
tiver novos casos, iremos ajustar as nossas medidas para impedir novos casos
importantes”, frisou Lei Chin Ion.
Já
Inês Chan, chefe do Departamento de Licenciamento e Inspecção da Direcção dos
Serviços de Turismo (DST), não descartou a possibilidade de uma cooperação com
as autoridades de Hong Kong para facilitar o acesso dos residentes de Macau ao
aeroporto. “Quanto a esta nova medida de Hong Kong, temos de analisar a
situação para podermos colaborar com o Governo de Hong Kong. Em relação à
entrada e saída na fronteira é um assunto sério e temos de negociar com as
autoridades de Hong Kong, mas ainda não tivemos qualquer conversa, porque a
medida foi anunciada hoje [ontem] à tarde”, disse a responsável pela Direcção
dos Serviços de Turismo, assumindo que, a partir de quarta-feira, os residentes
de Macau “não podem entrar em Hong Kong e não podem ir para o aeroporto de Hong
Kong”.
Apesar
desta medida imposta por Hong Kong, Inês Chan assinalou que o Gabinete de
Gestão de Crises do Turismo vai assegurar, até 31 de Março, transporte especial
para o regresso de residentes de Macau que cheguem num voo até Hong Kong. A
representante da DST revelou que 161 residentes de Macau vão ser transportados
do Aeroporto de Hong Kong através de veículos especiais, e que já regressaram
990 estudantes de várias partes do mundo, nomeadamente de Inglaterra e Estados
Unidos da América.
Inês
Chan explicou ainda que estão registadas 1664 pessoas para regressar a Macau
até 31 de Março, sendo 784 estudantes. “Apelamos para que contactem as
companhias aéreas para saberem se podem fazer ‘check in’ ou não. Têm também de
antecipar a chegada ao aeroporto. Se houver qualquer dúvida ou qualquer
dificuldade, podem telefonar para o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo
(28333000)”, disse Inês Chan, assinalando que as companhias áreas podem
desconhecer o acordo entre Macau e Hong Kong para o transporte destas pessoas.
“O aumento do número de casos está dentro da nossa
previsão”
O
Governo anunciou na noite de ontem o 25º caso de infecção pelo Covid-19 no
território, todos importados. Os pacientes estão em tratamento no Centro
Hospitalar Conde de São Januário, e o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin
Ion, assegurou que os casos importados estão dentro das previsões das
autoridades. “O aumento do número de casos está dentro da nossa previsão,
porque temos muitos estudantes que regressaram de zonas de alta incidência”,
afirmou Lei Chin Ion. O representante do Governo indicou ainda que, nos últimos
dias, “cerca de 660 pessoas regressaram” a Macau, sendo que, apenas oito foram
estudantes, e que por isso, “a proporção é menos de 1%”.
“Nos
últimos dias houve muitos residentes que regressaram, mas eu acredito que os
números vão diminuir porque os últimos dois dias foi o pico do regresso dos
estudantes, e hoje e amanhã vai haver menos estudantes a regressarem,
acreditamos que os números também vão reduzir, pois identificámos todos os
novos casos nas fronteiras e nos hotéis”, frisou Lei Chin Ion.
Segundo
os dados avançados pelas autoridades, existem 1601 pessoas em quarentena nos
oito hotéis designados para isolamento, sendo que 1437 são residentes e 126 são
não-residentes. Inês Chan revelou ainda, já no final da conferência de
imprensa, que as unidades hoteleiras estão com lotação esgotada e que será
anunciado brevemente o oitavo hotel para acolher os residentes de Macau que
venham do estrangeiro. Eduardo Santiago – Macau in “Ponto
Final”
eduardosantiago.pontofinal@gmail.com
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