O Programa Mundial de Alimentação, PMA, cortou para
metade as rações alimentares devido à falta de fundos afetando cerca de 525 mil
pessoas na província de Sofala. O apoio deve ser reduzido totalmente, ainda
este mês, se o problema de financiamento não for resolvido, faz um ano neste 15
de março que o desastre aconteceu
Um
ano após o ciclone Idai arrasar grande parte do centro de Moçambique, mais de
meio milhão de sobreviventes sofrem outra ameaça: a da falta de apoio com
alimentos entregues pela agência da ONU nesta área.
A
falta de financiamento afeta muitas das pessoas mais atingidas, informou esta
quinta-feira o Programa Mundial de Alimentação, PMA.
Hortas
Nas
semanas após o desastre, a assistência de emergência do PMA chegou a 1,8 milhão
de pessoas. Mas, um ano depois, muitos ainda enfrentam a incerteza.
Em
fevereiro, a falta de financiamento obrigou o PMA a reduzir pela metade as
rações alimentares para 525 mil pessoas na província de Sofala, a mais atingida
pelo ciclone. Se a agência não receber mais fundos, em breve, esse apoio será
interrompido completamente ainda este mês.
Em
nota, a diretora regional do PMA para a África Austral, Lola Castro, disse que
os projetos do PMA, que incluem hortas comunitárias, reparação de estradas,
pontes e escolas, são “uma fonte de esperança." Ela afirmou que "esse
trabalho essencial deve continuar para se alcançar uma recuperação real e
duradoura."
Para
2020, o PMA precisa de US$ 91 milhões para implementar todos os seus projetos
de reabilitação para as vítimas do Idai.
Insegurança alimentar
A
agência prevê que a próxima colheita, que acontece entre abril e maio, seja
relativamente boa. Ainda assim, poucas das 250 mil famílias que tiveram as suas
casas danificadas pelo ciclone conseguiram retornar às suas aldeias.
Muitos
são agricultores de subsistência, que tiveram as suas colheitas destruídas no
ano passado e que não conseguiram replantar a tempo para este ano. A maioria
tem níveis persistentes de "crise" ou "emergência" de
insegurança alimentar, o que significa que não comem o suficiente e continuam a
precisar de ajuda externa para sobreviver.
Moçambique
tem uma das taxas mais altas de desnutrição crónica no mundo, atingindo 43% das
crianças com menos de cinco anos. Segundo o PMA, a desnutrição aguda está
aumentando, justamente, entre as comunidades afetadas pelo Idai.
Recentemente,
um surto raro de pelagra, uma doença causada pela falta de vitamina B3, afetou
quase 4 mil pessoas em Sofala e os números continuam aumentando rapidamente.
Adaptação
Devido
à forte dependência da agricultura de pequena escala e vulnerabilidade às alterações
climáticas, o PMA afirma que são necessários mais investimentos na adaptação a
estas mudanças e redução de riscos de desastres.
Lola
Castro lembrou que "melhorar a capacidade dos moçambicanos contra secas e
inundações era o centro do trabalho” da PMA. Segundo a representante, esse
trabalho deve recomeçar agora. ONU News – Nações Unidas
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