O
álbum “Alentejo Ensemble” é o primeiro registo discográfico do Grupo de
Cantadores de Paris, constituído por portugueses, franceses e outras
nacionalidades em colaboração com 16 artistas e grupos alentejanos de Serpa a
Cuba.
“Convidámos
todos os grupos que nos inspiraram para fazerem uma moda connosco. É para
mostrar mesmo a dinâmica do cante alentejano e como se pode fazer de formas
muito variadas”, explicou o diretor artístico do projeto Cantadores de Paris,
Carlos Balbino, em declarações à agência Lusa.
Entre
os convidados estão Pedro Mestre, o grupo Monda, mas também o Grupo Coral e
Etnográfico da Casa do Povo de Serpa.
Este
primeiro disco foi mesmo gravado em Serpa, com o apoio da autarquia e da Casa
do Cante de Serpa, e vem acompanhado com um livro não só com as 19 modas
interpretadas, mas também algumas explicações sobre o que é o cante alentejano
em português e em francês.
A
saída deste trabalho coincide com o quinto aniversário do reconhecimento do
cante alentejano como Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO e o
lançamento aconteceu ontem no Consulado Geral de Portugal em Paris.
O
projeto Cantadores de Paris nasceu em 2016, primeiro nos ensaios para uma peça
que Carlos Balbino ia levar a cena com a sua companhia Rêves Lucides e, depois,
evoluiu para um grupo de cante e finalmente para uma escola, onde cerca de 15
pessoas ensaiam e aprendem em conjunto esta tradição alentejana.
“Criámos
uma escola de cante alentejano e este CD reúne este processo todo. É um grupo
de pessoas de várias nacionalidades que começou a estudar o cante alentejano de
várias regiões e este é o resultado”, considerou.
No
grupo, há pessoas dos 23 até mais de 70 anos e reúnem-se em dois locais
diferentes (Paris e Nanterre), pelo menos uma vez por semana. O grupo foi
retratado no documentário “Cantadores de Paris”, com realização de Tiago
Pereira.
Para
além da música, numa grande cidade como Paris, Carlos Balbino considera que
esta forma de canto polifónico apresenta um modelo de sociedade diferente:
“Será que neste mundo global o cante alentejano tem um lugar? Para nós em
Paris, que estamos sempre a correr de um lado para o outro, tentamos usar o
cante alentejano como um modelo de sociedade diferente”, indicou, lembrando que
os princípios como “solidariedade” ou “apoio ao outro” são valores deste género
musical.
O
diretor artístico diz que o grupo ainda é visto com algum “exotismo” em
Portugal, mas que sempre teve muito apoio. “Um projeto com esta amplitude só
pode ser concretizado com muito apoio. Eu vou lançando objetivos e as pessoas
alimentado”, considerou.
O
álbum é acompanhado por 19 ilustrações da autoria de Anna Turtsina e o disco é
distribuído pelo próprio grupo no seu sítio.
Para
além dos apoios institucionais, o grupo conseguiu mais de 6 mil euros através
de recolha de fundos na Internet e essas doações serão recompensadas com uma
apresentação especial na Universidade de Nanterre. In “Mundo
Português” – Portugal com “Lusa”
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