O
Teatro Rival Refit, localizado no Centro do Rio de Janeiro, vai realizar, no
dia 17 de março, às 19h30, o espetáculo “Uma noite portuguesa”, com a
apresentação da fadista portuguesa Maria Alcina, radicada no Brasil. A
apresentação acontece como forma de “homenagear os 60 anos de carreira da
cantora, mostrar que a força da mulher está também no canto e, ainda, comemorar
o aniversário da fadista em palco”. No repertório, Maria Alcina promete cantar
o melhor do fado e garante que haverá espaço também para a música brasileira.
“As
minhas expectativas são as melhores possíveis. Espero que o Teatro Rival receba
um bom público, com muitos portugueses na plateia, porque, ultimamente, o fado
tem sido mais apreciado pelos brasileiros. O fado é muito amado no Brasil,
porém, não há divulgação desse estilo no País”, comentou Maria Alcina.
Para
a artista, todos esses anos dedicados ao fado guardam muitas recordações
positivas, como o facto de ter tido a oportunidade de conhecer, no âmbito
artístico, todos os estados brasileiros, além de ter mantido uma casa de fados
em Ipanema, onde cantava ao lado do cantor António Campos e onde recebia
grandes cantores brasileiros e portugueses, além de grupos folclóricos
portugueses e autoridades dos dois países.
Alcina
destaca ainda a digressão de um mês no Casino Estoril, em 1974, a atuação no
musical “Navegar é preciso”, ao lado do ator lusitano Tony Correia, bem como o
momento em que foi a primeira mulher a dar o famoso grito de saída da escola da
samba Unidos da Tijuca, em ritmo de fado, em 2002, na Marquês de Sapucaí, palco
do carnaval carioca.
Diversidade cultural
Para
os gestores do teatro, o concerto de Maria Alcina será uma boa maneira de
celebrar a riqueza da conexão musical entre Brasil e Portugal.
“Apesar
de ter o espírito carioca no seu ADN, o Teatro Rival Refit é uma casa sempre
aberta a todos os tipos de manifestações culturais e gêneros artísticos. A
cultura portuguesa influenciou profundamente a nossa cultura. Afinal de contas,
foi no Rio que a Corte Portuguesa se instalou, trazendo os seus costumes, os
seus hábitos, a sua gastronomia, os seus valores. A nossa música também recebeu
influência da música portuguesa. Um bom exemplo é o choro, gênero genuinamente
brasileiro, nascido da mistura da música erudita europeia – trazida pelos
portugueses – e dos batuques africanos – vindos com os escravizados. Herdamos
do sangue lusitano uma boa dose de lirismo – como já disse Chico Buarque na
canção “Fado tropical” –, esse lirismo tão presente no fado e que encontrou
abrigo no coração carioca. Então, a nossa expectativa em relação à apresentação
da grande Maria Alcina é a melhor possível. Será uma honra, uma felicidade e,
com certeza, um sucesso”, afirmaram os responsáveis pelo equipamento cultural.
“Agradeço
ao Teatro Rival pela oportunidade e pelo carinho em me homenagear com essa
apresentação”, finalizou a fadista.
Currículo reconhecido internacionalmente
Com
mais de 60 anos de carreira, Maria Alcina é considerada a Imperatriz do fado no
Brasil. Dona de uma voz potente, a cantora está profundamente ligada à
divulgação da cultura lusitana no Brasil e em outros países da América do Sul.
Maria
Alcina nasceu em 12 de março de 1939, na Aldeia de Cetos, concelho de Castro
Daire, distrito de Viseu, em Portugal. Mudou-se para o Brasil ainda jovem, com
apenas 15 anos de idade. No Rio de Janeiro, começou a cantar fado e fez do
estilo musical mais característico de Portugal uma autêntica forma de vida.
Durante
a sua vida artística, Alcina atuou com grandes nomes do fado, como Amália
Rodrigues e Carlos do Carmo. Cantou em casas no eixo Rio-São Paulo e teve a sua
própria casa de fados, “A Desgarrada”, na zona Sul carioca. Maria Alcina é
presença frequente em programas de televisão, radiofônicos e chegou a ter o seu
próprio programa de rádio. Lançou LPs, compactos, dois CDs, DVD e foi
protagonista, em 2015, do livro-reportagem “Maria Alcina, a força infinita do
Fado”, de autoria do jornalista luso-brasileiro Ígor Lopes.
A
fadista participou também em peças de teatro e foi personagem em documentários
premiados pelos críticos. É detentora de diversos prêmios e distinções.
Participou em telenovelas, minisséries e assinou a banda sonora de muitos
trabalhos televisivos.
Apaixonada
pelo Brasil, Alcina vive no Rio de Janeiro. É mãe de três filhas e viúva do empresário
português João Duarte.
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