Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 30 de março de 2020

Macau – BNU “fez a ponte” para assegurar a compra de 500 ventiladores ao Estado português

Executivo de António Costa garantiu uma encomenda de 500 ventiladores junto de um fornecedor chinês através do Banco Nacional Ultramarino de Macau. O negócio de 10 milhões de dólares americanos esteve em risco de se perder para o Canadá, mas o Governo português conseguiu contornar o problema e concretizar o pagamento no fuso horário da China

Uma exigência de última hora de um fornecedor de ventiladores na China obrigou o Governo de Portugal a recorrer ao Banco Nacional Ultramarino de Macau para assegurar a compra de 500 aparelhos, por 10 milhões de dólares americanos, até às 02h00 da madrugada de segunda-feira passada em Lisboa, revelou o jornal Público na sua edição de sábado. Uma informação confirmada ao Ponto Final por uma fonte do BNU.

“O BNU fez aquilo que tinha de fazer em articulação com a Caixa Geral de Depósitos para conseguir, no fundo, concretizar um pagamento que o Estado português tinha de fazer na segunda-feira [passada] às 02h00 da manhã de Lisboa, 10 da manhã daqui de Macau”, revelou a mesma fonte a este jornal.

De acordo com a informação veiculada pelo jornal Público, o Governo português já tinha um contrato para comprar 500 ventiladores a um vendedor da China e já tinha dado uma garantia, quando, no domingo, recebeu a informação do fornecedor, de que se não pagasse o total da encomenda (10 milhões de dólares americanos) até segunda-feira de manhã (dia 23 de Março) os aparelhos seriam entregues ao Canadá.

Antes de avançar para o depósito no BNU, a primeira acção do Executivo liderado por António Costa foi abrir o Instituto de Gestão e Crédito Público para que o dinheiro fosse disponibilizado imediatamente. Segundo escreve o referido diário, o Governo português ainda equacionou recorrer ao BCP-Millenium, uma vez que o banco português tem uma agência em Macau, e à Sonae, empresa que detém uma central de compras na China, mas com um prazo tão apertado, a escolha acabou por recair no BNU de Macau.

“O responsável máximo da Caixa Geral de Depósitos ligou à uma da manhã (de Lisboa), e verificámos que era possível fazer as transferências para o fornecedor e, às 08h30 da manhã de Macau, portanto 01h30 da manhã de Lisboa, estávamos a fazer as diligências necessárias até às 02h00 da manhã de Lisboa, 10h00 da manhã de Macau. E foi possível entregar os comprovativos das transferências a quem de direito, que os fizeram chegar aos fornecedores para confirmar que os pagamentos tinham sido efectuados”, explicou ao Ponto Final a mesma fonte do BNU, acrescentando que, todo o processo foi feito em articulação com o Instituto de Gestão e Crédito Público.

Com a concretização do depósito de 10 milhões de dólares americanos no BNU dentro do prazo, seguiu-se a obrigatoriedade de apresentação do comprovativo da transferência ao comprador, sendo esta a única forma de assegurar que os 500 ventiladores eram vendidos a Portugal. Segundo a informação avançada pelo jornal Público, o comprovativo do depósito chegou ao Governo de António Costa às 02h30 da madrugada de Lisboa, e foi enviado de seguida ao embaixador português na China, José Augusto Duarte, que tratou de o ir apresentar pessoalmente ao fornecedor chinês de forma a assegurar a encomenda de 500 ventiladores para Portugal.

Na sexta-feira, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, garantiu que os ventiladores deverão começar a chegar “de forma faseada” a Portugal a partir de Abril. Para além destes 500 ventiladores, há ainda 78 ventiladores na Embaixada de Portugal na China para rumar a Portugal em voos específicos. Eduardo Santiago – Macau in “Ponto Final”

eduardosantiago.pontofinal@gmail.com

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