Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 2 de março de 2020

Macau – O regresso do hóquei em patins feminino à Região


Estão reunidas as condições para que o hóquei em patins feminino volte a ter actividade, após cerca de sete anos de paragem. Regressam algumas jogadoras mais experientes, a que se juntam três da formação. O Asiático é o objectivo principal



Era uma das lacunas da actividade dos últimos anos da Associação de Patinagem de Macau (APM). O hóquei em patins feminino já existiu, mas teve de parar, em especial devido à falta de jogadoras que representassem a selecção.

Cerca de sete anos volvidos, algumas das mais velhas jogadoras, actualmente já na casa dos 30, decidiram voltar a praticar a sério a modalidade e desta feita contam com a ajuda de jovens da formação, o que pode dar garantias em termos de futuro.

“Aceitei a proposta que me foi feita pelo treinador Hélder Ricardo para que reatássemos o hóquei em patins feminino. E aceitei desde logo com a condição de que teria de ser um projecto com futuro, ou seja, para dar continuidade e não para acabar”, disse à Tribuna de Macau o presidente da APM, António Aguiar.

O hóquei feminino foi criado pela primeira vez no território em 1996, com treinos na Caixa Escolar, no Complexo Desportivo do Tap Seac, orientados por Alberto Lisboa, e rapidamente se formou uma equipa para se deslocar, no ano seguinte, ao Campeonato da Ásia, que decorreu na Coreia do Sul, na cidade de Kangnung, onde as “meninas” de Macau conseguiram um excelente segundo lugar. Nomes da fundação: Joana Cal, Rita Macedo, Sónia Silva, Mónica Lai, Inês Barreira, Margarida Ramos, Sara Brás, Liliana Bouça, Ana Ferreira, Rita Santos.

Para não perder a embalagem, a selecção marcou presença no Campeonato do Mundo, em Buenos Aires (Argentina), tendo terminado na 13ª posição, apenas à frente da Índia.

Seguiram-se dificuldades para reunir um número mínimo de jogadoras e assim o hóquei em patins feminino conheceu o primeiro revés, uma paragem que durou até 2005, altura em que as condições se proporcionaram e Macau regressou aos palcos internacionais, com participação em Asiáticos e mais dois Mundiais (Santiago do Chile, 2006, 16º lugar; e Japão, 2008, Yuri-Honjo, 12º lugar). 

Entusiasmo pelo hóquei

O entusiasmo e a adesão de várias praticantes, com quase total renovação da equipa, sempre lideradas pela mais antiga, Sónia Silva, prosseguiu nos anos seguintes, com um lote de hoquistas onde estavam incluídas Catarina Ferreira, Sara D’ Abreu, Patrícia Chaves, Cintia Leite, Shelly Guzman, Dulce Atraca (acumulava com o cargo de preparadora física), Mafalda Paulo, Migaela Dias, Chan Hoi Ian, Lai Chi Ieng, Inês Costa, Liliana Bouça, Catarina Machado, Michelle Ritchie, Palmira Pena, Vanessa Amaro, Vanessa Santos e Joana Freitas. Só que em 2012 deu-se a última participação em competições internacionais, no Asiático da China, em Hefei, onde a formação da RAEM alcançou a terceira posição.

Oito anos depois surge então a terceira fase do hóquei em patins feminino, que António Aguiar praticamente garante que é para arrancar e não parar. “Só temos de assegurar durante dois ou três anos a presença das mais velhas, para depois disso já termos uma nova fornada, vinda da formação, para as ir substituindo, o que certamente garantirá a continuidade do hóquei em patins feminino. Estou esperançado que temos ali matéria prima para sermos uma das três melhores selecções da Ásia”.

O primeiro contacto para que a equipa regressasse à actividade foi em Março de 2019 “e desde logo se notou que havia gente interessada”. Por isso, segundo diz o treinador Hélder Ricardo, “apresentei uma proposta ao presidente António Aguiar, porque era um projecto que toda a gente queria e assim se tornou realidade o regresso do hóquei feminino, que começou os treinos a sério em Janeiro deste ano, mas sem sorte, porque fez apenas três sessões, ao que se seguiu o fecho do recinto, por causa do surto do novo coronavírus”.

Plantel de veteranas com três da formação

A equipa está agora parada, como todo o desporto de Macau, à espera de recomeçar, “dispondo nesta altura de sete jogadoras experientes e mais três jovens da formação, das escolas da Associação de Patinagem, o que faz um total de 10 disponíveis para a selecção”, sublinha Hélder Ricardo, que é também jogador/treinador da equipa masculina.

As duas equipas estavam já a preparar mais um Interport com Cantão, mas foi cancelado, “o que retira rotina de jogo principalmente às mulheres, que, para meu próprio espanto, se apresentaram com muita vontade e mostrando boa qualidade. Por isso posso dizer que tenho sorte de as estar a treinar”, acrescentou.

Tudo aponta assim para que a equipa se estreie em competição no Torneio Internacional de Macau, que deverá decorrer em Julho, tendo como adversário o Japão.

Sara Barrias, é uma das mais antigas que volta a calçar os patins, numa selecção de média de idades acima dos 30 anos e só reduzida um pouco por causa das três jovens da formação, uma de 14 e duas de 15 anos.

“Ainda estive a fazer uns treinos com os rapazes, mas depois suspendi para ser mãe. Sempre gostei de desporto e por isso é uma felicidade enorme regressar. Estávamos entusiasmadas com os primeiros treinos, mas tivemos de parar, quando vínhamos a fazer uma evolução importante. Nós próprias sentimos que estamos melhor do que pensávamos, atendendo à idade da maioria, mas claro que precisamos de competição”, afirmou.

Sara fez dois mundiais, Argentina e Japão, e alguns Asiáticos “e gostava que mantivéssemos o terceiro lugar no Campeonato da Ásia, que conseguimos alcançar há uns anos, mas tudo depende da regularidade dos treinos para a prova que está agendada para este ano, em Outubro na China”. Por outro lado, “era bom que também houvesse o torneio internacional, para podermos ganhar ritmo”.

Actualmente a Índia é a selecção mais forte na Ásia “e tem torneios regularmente, num continente em que tem havido evolução, com a própria China numa fase de recomeço”, refere a jogadora de 34 anos, que integra um novo projecto do hóquei feminino de Macau, ao lado de Sara Abreu, Vanessa Amaro, Cíntia Leite, Vanessa Santos, Amanda Lameiras, Joana Freitas, Carla Ray e Sofia Aguiar.

Logo que os recintos reabram, as mulheres do hóquei vão então voltar a treinar no pavilhão da antiga Universidade de Macau, o mesmo acontecendo com a selecção masculina, também na preparação para os próximos compromissos, os mesmos do feminino, Torneio Internacional da RAEM e Campeonato Ásia-Pacífico.

O “cinco” de Hélder Ricardo tem como principal objectivo reconquistar o título, perdido para a Austrália em 2018, sem qualquer derrota, numa prova que teve lugar na Coreia do Sul e na qual os então pupilos de Alberto Lisboa procuravam a oitava vitória consecutiva e décima primeira no historial do Asiático. Vitor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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