Estão reunidas as condições para que o hóquei em patins
feminino volte a ter actividade, após cerca de sete anos de paragem. Regressam
algumas jogadoras mais experientes, a que se juntam três da formação. O
Asiático é o objectivo principal
Era
uma das lacunas da actividade dos últimos anos da Associação de Patinagem de
Macau (APM). O hóquei em patins feminino já existiu, mas teve de parar, em
especial devido à falta de jogadoras que representassem a selecção.
Cerca
de sete anos volvidos, algumas das mais velhas jogadoras, actualmente já na
casa dos 30, decidiram voltar a praticar a sério a modalidade e desta feita
contam com a ajuda de jovens da formação, o que pode dar garantias em termos de
futuro.
“Aceitei
a proposta que me foi feita pelo treinador Hélder Ricardo para que reatássemos
o hóquei em patins feminino. E aceitei desde logo com a condição de que teria
de ser um projecto com futuro, ou seja, para dar continuidade e não para
acabar”, disse à Tribuna de Macau o presidente da APM, António Aguiar.
O
hóquei feminino foi criado pela primeira vez no território em 1996, com treinos
na Caixa Escolar, no Complexo Desportivo do Tap Seac, orientados por Alberto
Lisboa, e rapidamente se formou uma equipa para se deslocar, no ano seguinte,
ao Campeonato da Ásia, que decorreu na Coreia do Sul, na cidade de Kangnung,
onde as “meninas” de Macau conseguiram um excelente segundo lugar. Nomes da
fundação: Joana Cal, Rita Macedo, Sónia Silva, Mónica Lai, Inês Barreira, Margarida
Ramos, Sara Brás, Liliana Bouça, Ana Ferreira, Rita Santos.
Para
não perder a embalagem, a selecção marcou presença no Campeonato do Mundo, em
Buenos Aires (Argentina), tendo terminado na 13ª posição, apenas à frente da
Índia.
Seguiram-se
dificuldades para reunir um número mínimo de jogadoras e assim o hóquei em
patins feminino conheceu o primeiro revés, uma paragem que durou até 2005,
altura em que as condições se proporcionaram e Macau regressou aos palcos
internacionais, com participação em Asiáticos e mais dois Mundiais (Santiago do
Chile, 2006, 16º lugar; e Japão, 2008, Yuri-Honjo, 12º lugar).
Entusiasmo pelo hóquei
O
entusiasmo e a adesão de várias praticantes, com quase total renovação da
equipa, sempre lideradas pela mais antiga, Sónia Silva, prosseguiu nos anos
seguintes, com um lote de hoquistas onde estavam incluídas Catarina Ferreira,
Sara D’ Abreu, Patrícia Chaves, Cintia Leite, Shelly Guzman, Dulce Atraca
(acumulava com o cargo de preparadora física), Mafalda Paulo, Migaela Dias, Chan
Hoi Ian, Lai Chi Ieng, Inês Costa, Liliana Bouça, Catarina Machado, Michelle
Ritchie, Palmira Pena, Vanessa Amaro, Vanessa Santos e Joana Freitas. Só que em
2012 deu-se a última participação em competições internacionais, no Asiático da
China, em Hefei, onde a formação da RAEM alcançou a terceira posição.
Oito
anos depois surge então a terceira fase do hóquei em patins feminino, que
António Aguiar praticamente garante que é para arrancar e não parar. “Só temos
de assegurar durante dois ou três anos a presença das mais velhas, para depois
disso já termos uma nova fornada, vinda da formação, para as ir substituindo, o
que certamente garantirá a continuidade do hóquei em patins feminino. Estou
esperançado que temos ali matéria prima para sermos uma das três melhores
selecções da Ásia”.
O
primeiro contacto para que a equipa regressasse à actividade foi em Março de
2019 “e desde logo se notou que havia gente interessada”. Por isso, segundo diz
o treinador Hélder Ricardo, “apresentei uma proposta ao presidente António
Aguiar, porque era um projecto que toda a gente queria e assim se tornou
realidade o regresso do hóquei feminino, que começou os treinos a sério em
Janeiro deste ano, mas sem sorte, porque fez apenas três sessões, ao que se
seguiu o fecho do recinto, por causa do surto do novo coronavírus”.
Plantel de veteranas com três da formação
A
equipa está agora parada, como todo o desporto de Macau, à espera de recomeçar,
“dispondo nesta altura de sete jogadoras experientes e mais três jovens da
formação, das escolas da Associação de Patinagem, o que faz um total de 10
disponíveis para a selecção”, sublinha Hélder Ricardo, que é também
jogador/treinador da equipa masculina.
As
duas equipas estavam já a preparar mais um Interport com Cantão, mas foi
cancelado, “o que retira rotina de jogo principalmente às mulheres, que, para
meu próprio espanto, se apresentaram com muita vontade e mostrando boa
qualidade. Por isso posso dizer que tenho sorte de as estar a treinar”,
acrescentou.
Tudo
aponta assim para que a equipa se estreie em competição no Torneio
Internacional de Macau, que deverá decorrer em Julho, tendo como adversário o
Japão.
Sara
Barrias, é uma das mais antigas que volta a calçar os patins, numa selecção de
média de idades acima dos 30 anos e só reduzida um pouco por causa das três
jovens da formação, uma de 14 e duas de 15 anos.
“Ainda
estive a fazer uns treinos com os rapazes, mas depois suspendi para ser mãe.
Sempre gostei de desporto e por isso é uma felicidade enorme regressar.
Estávamos entusiasmadas com os primeiros treinos, mas tivemos de parar, quando
vínhamos a fazer uma evolução importante. Nós próprias sentimos que estamos
melhor do que pensávamos, atendendo à idade da maioria, mas claro que
precisamos de competição”, afirmou.
Sara
fez dois mundiais, Argentina e Japão, e alguns Asiáticos “e gostava que
mantivéssemos o terceiro lugar no Campeonato da Ásia, que conseguimos alcançar
há uns anos, mas tudo depende da regularidade dos treinos para a prova que está
agendada para este ano, em Outubro na China”. Por outro lado, “era bom que
também houvesse o torneio internacional, para podermos ganhar ritmo”.
Actualmente
a Índia é a selecção mais forte na Ásia “e tem torneios regularmente, num
continente em que tem havido evolução, com a própria China numa fase de
recomeço”, refere a jogadora de 34 anos, que integra um novo projecto do hóquei
feminino de Macau, ao lado de Sara Abreu, Vanessa Amaro, Cíntia Leite, Vanessa
Santos, Amanda Lameiras, Joana Freitas, Carla Ray e Sofia Aguiar.
Logo
que os recintos reabram, as mulheres do hóquei vão então voltar a treinar no
pavilhão da antiga Universidade de Macau, o mesmo acontecendo com a selecção
masculina, também na preparação para os próximos compromissos, os mesmos do
feminino, Torneio Internacional da RAEM e Campeonato Ásia-Pacífico.
O
“cinco” de Hélder Ricardo tem como principal objectivo reconquistar o título,
perdido para a Austrália em 2018, sem qualquer derrota, numa prova que teve
lugar na Coreia do Sul e na qual os então pupilos de Alberto Lisboa procuravam
a oitava vitória consecutiva e décima primeira no historial do Asiático. Vitor
Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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