Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 7 de março de 2020

Macau – Grupo teatral Dóci Papiaçám di Macau só vai a palco em 2021

Com o cancelamento do Festival de Artes de Macau caiu por terra também a apresentação da peça dos “Dóci Papiaçám di Macau” prevista para este ano. Embora compreenda as razões apresentadas pelo Instituto Cultural, Miguel de Senna Fernandes lamenta o sucedido até porque este ano, “pela primeira vez”, tinha muitos actores disponíveis



O Instituto Cultural (IC) anunciou na quarta-feira o cancelamento do Festival de Artes de Macau que, por consequência, leva a que também não suba ao palco o espectáculo deste ano dos “Dóci Papiaçám di Macau”, que por norma integra o programa do evento.

“Estava a preparar um guião mas já tinha um sentimento, algo me dizia que o festival podia não acontecer. Aceitámos as razões do cancelamento com naturalidade. A peça poderia ser feita noutra altura, e teria de ser este ano, mas o contexto seria completamente diferente”, sublinhou Miguel de Senna Fernandes à Tribuna de Macau.

Neste momento, o encenador das peças de teatro do grupo não pensa em exibir um espectáculo este ano, uma vez que há sempre outros compromissos. “A agenda de Macau está sempre muito cheia de modo que quando se falha numa altura, não há liberdade para adiar. É muito complicado. É preferível nem pensar nisto. É esquecer e partir para outra”.

Ainda assim, admite Miguel de Senna Fernandes, “foi pena”. “Em Janeiro, já estava com uma preocupação, mas no bom sentido, porque este ano pela primeira vez tenho muitos actores disponíveis. Tinha muita escolha. É uma coisa que já não acontecia há muitos anos”.

O encenador escreveu várias versões da peça porque, uma vez que tinha várias pessoas e queria “envolvê-las todas”. “Ainda por cima, era para ser uma espécie de musical, seria uma coisa bastante engraçada. Mas este ano não é possível de fazer, se calhar no próximo ano vamos repetir isto, mas não sei se terei as mesmas pessoas”.

Questionado sobre a possibilidade de desenvolver outros projectos da mesma natureza, ainda que de menor dimensão este ano, Miguel de Senna Fernandes diz não saber porque o grupo ainda não se reuniu. “Vamos ver até ao fim do ano que tipo de projectos vamos ter. Pode sair algo surpreendente, não sabemos ainda”.

A intenção para este ano era “naturalmente, falar de uma gripe”. “Não ia falar directamente sobre o vírus porque este vírus, claro, dava pano para mangas mas também houve situações pouco agradáveis e não queríamos criar outro tipo de interpretações. Não iríamos ignorar esta epidemia, isto vinha a propósito. Seria uma gripe em vez de um coronavírus mas esta doença iria interferir na nossa história e fazer parte da trama”.

Atendendo à possibilidade de este espectáculo chegar a cena em Maio do próximo ano, Miguel de Senna Fernandes prefere não adiantar muitos detalhes. “Na semana passada já havia indícios muito claros deste desfecho. Agora, desde ontem [quarta-feira], com o anúncio do IC, estamos mais livres para partilhar esta pena, no fundo, de não existir o festival porque ele é sempre uma coisa muito animada que entusiasma o pessoal e nos põe muito bem dispostos”, reforçou. Inês Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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