Com o cancelamento do Festival de Artes de Macau caiu por
terra também a apresentação da peça dos “Dóci Papiaçám di Macau” prevista para
este ano. Embora compreenda as razões apresentadas pelo Instituto Cultural,
Miguel de Senna Fernandes lamenta o sucedido até porque este ano, “pela
primeira vez”, tinha muitos actores disponíveis
O
Instituto Cultural (IC) anunciou na quarta-feira o cancelamento do Festival de
Artes de Macau que, por consequência, leva a que também não suba ao palco o
espectáculo deste ano dos “Dóci Papiaçám di Macau”, que por norma integra o
programa do evento.
“Estava
a preparar um guião mas já tinha um sentimento, algo me dizia que o festival
podia não acontecer. Aceitámos as razões do cancelamento com naturalidade. A
peça poderia ser feita noutra altura, e teria de ser este ano, mas o contexto
seria completamente diferente”, sublinhou Miguel de Senna Fernandes à Tribuna
de Macau.
Neste
momento, o encenador das peças de teatro do grupo não pensa em exibir um
espectáculo este ano, uma vez que há sempre outros compromissos. “A agenda de
Macau está sempre muito cheia de modo que quando se falha numa altura, não há
liberdade para adiar. É muito complicado. É preferível nem pensar nisto. É esquecer
e partir para outra”.
Ainda
assim, admite Miguel de Senna Fernandes, “foi pena”. “Em Janeiro, já estava com
uma preocupação, mas no bom sentido, porque este ano pela primeira vez tenho
muitos actores disponíveis. Tinha muita escolha. É uma coisa que já não
acontecia há muitos anos”.
O
encenador escreveu várias versões da peça porque, uma vez que tinha várias
pessoas e queria “envolvê-las todas”. “Ainda por cima, era para ser uma espécie
de musical, seria uma coisa bastante engraçada. Mas este ano não é possível de
fazer, se calhar no próximo ano vamos repetir isto, mas não sei se terei as
mesmas pessoas”.
Questionado
sobre a possibilidade de desenvolver outros projectos da mesma natureza, ainda
que de menor dimensão este ano, Miguel de Senna Fernandes diz não saber porque
o grupo ainda não se reuniu. “Vamos ver até ao fim do ano que tipo de projectos
vamos ter. Pode sair algo surpreendente, não sabemos ainda”.
A
intenção para este ano era “naturalmente, falar de uma gripe”. “Não ia falar
directamente sobre o vírus porque este vírus, claro, dava pano para mangas mas
também houve situações pouco agradáveis e não queríamos criar outro tipo de
interpretações. Não iríamos ignorar esta epidemia, isto vinha a propósito.
Seria uma gripe em vez de um coronavírus mas esta doença iria interferir na
nossa história e fazer parte da trama”.
Atendendo
à possibilidade de este espectáculo chegar a cena em Maio do próximo ano,
Miguel de Senna Fernandes prefere não adiantar muitos detalhes. “Na semana
passada já havia indícios muito claros deste desfecho. Agora, desde ontem
[quarta-feira], com o anúncio do IC, estamos mais livres para partilhar esta
pena, no fundo, de não existir o festival porque ele é sempre uma coisa muito
animada que entusiasma o pessoal e nos põe muito bem dispostos”, reforçou. Inês
Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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