SÃO PAULO – Enquanto a
Europa começa a ganhar com o Liverpool 2, na Inglaterra, o seu segundo
terminal de contêineres de águas
profundas – o primeiro é o Maasvlakte 2, no Mar do Norte, na Holanda –, a
América Latina apresenta uma flagrante deficiência física de infraestrutura
básica de transporte. Assim, em portos como os de Buenos Aires, Guaiaquil e
Santos, a eficiência portuária – em razão não só da automação operacional como
do trabalho de dragagem – acaba por se perder na cadeia logística (acessos viários
e rodovias) com congestionamento de caminhões e a falta de malha ferroviária
moderna.
Em Santos, por exemplo, foi
preciso que ocorresse no começo de abril um incêndio de proporções gigantescas
nos tanques da Ultracargo para que ficasse evidente a necessidade da construção
de um novo acesso viário ao Porto. Como se sabe, em função do incêndio, de 2 a
10 de abril, houve um bloqueio do acesso rodoviário aos 38 terminais da Margem
Direita do complexo marítimo. Com isso, mais de 22,5 mil caminhões deixaram de
acessar o cais naquele período, o que redundou em prejuízos incalculáveis.
Dessa maneira, a Codesp viu
o que os técnicos da Dersa não tinham visto até a ocorrência do incêndio: a
necessidade de um novo caminho em direção às instalações da Margem Direita.
Assim, a estatal pediu que os estudos em andamento contemplem também uma nova
alternativa viária, além dos projetos já previstos para a Avenida Nossa Senhora de Fátima e a ponte
sobre o rio São Jorge. Até abril, o projeto da Dersa tinha como objetivo apenas
melhorar a capacidade viária do atual acesso ao porto, com a construção de uma
alça no viaduto da Alemoa e de um segundo viaduto que ligará o Retão da Alemoa
ao viaduto original.
O que se espera é que o
alegado caixa baixo do governo federal não seja usado como desculpa para
atrasar o início das obras ou até mesmo para descartar algumas intervenções.
Até porque na medida em que sejam realizadas novas obras de dragagem para o
aprofundamento do canal de navegação e novas concessões de terminais ampliem a
capacidade de operação do complexo portuário, maiores serão os problemas
viários nas áreas internas do cais e nas rodovias de acesso (Anchieta,
Imigrantes e Cônego Domênico Rangoni), com consequências não só para quem atua
profissionalmente no Porto, mas para toda a população.
Mesmo com esses transtornos
viários, o transporte ferroviário de carga no Brasil, praticamente, só atende a
produtos primários para exportação, como minério de ferro, carvão e coque,
responsáveis por movimentar 75% da capacidade do modal, enquanto o restante
(carga geral) inclui aço, contêineres e produtos agrícolas (milho, soja e
açúcar). Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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