SÃO PAULO – Parece até outro
governo, pelo menos na área de comércio exterior. Essa é a imagem que se tem do
segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, depois de sua passagem por
Washington, acompanhada pelo ministro Armando Monteiro, do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, e de seleta lista de empresários brasileiros. Na
realidade, se essa orientação tivesse sido seguida desde o início do primeiro
mandato, com certeza, o País não viveria hoje dias de incerteza.
Como se sabe, o Brasil
dispõe de um mercado interno que sustenta boa parte do setor industrial, mas é
fundamental que tenha acesso a outros mercados, o que só será possível com a
ampliação da promoção comercial, por meio de missões, feiras e a assinatura de
acordos comerciais.
É o que prevê o Plano
Nacional de Exportações (PNE), que procura não só recuperar o espaço perdido no
território norte-americano em função de uma política externa inconsequente,
adotada nos últimos 12 anos, como investir em mercados prioritários, o que, na
América Latina, inclui não só a Argentina como a República Dominicana, que está
interessada especialmente no setor de moda, México, Colômbia e Cuba, que são
receptivos a máquinas e equipamentos nacionais.
Na África e Oriente Médio,
os esforços do governo estão direcionados, principalmente, para Moçambique,
Quênia, Tanzânia, Argélia, Egito, Arábia Saudita e Irã, que podem comprar não
só máquinas e equipamentos como bebidas, alimentos e artigos da indústria
criativa, que abrange segmentos variados, como calçados, vestuário (têxtil e
confecção), jóias, obras de arte, design, música e audiovisual, entre outros.
É claro que só boa vontade e
a chamada “inteligência de mercado”, como pesquisas, estudos e mapeamento de
oportunidades, não são suficientes para abrir ou recuperar espaço no exterior,
ainda que sejam instrumentos de trabalho importantes. É preciso reconhecer que
a indústria de transformação está envelhecida e pouco competitiva, como mostra
o encolhimento de sua participação de 25% para 14% no Produto Interno Bruto
(PIB) nos últimos 30 anos.
Portanto, é necessário ter
consciência de que esse quadro só poderá ser revertido a partir do ataque a
várias causas, que, infelizmente, não constam ainda do PNE, como novas
desonerações, a recomposição do Regime Especial de Reintegração de Valores
Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), benefícios fiscais e a
criação de um ambiente econômico estável. Milton
Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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