Cerca de 500 hectares, metade
da área prevista para se beneficiar da irrigação do sistema de Chimunda, no
distrito de Govuro, na região norte da província de Inhambane, poderão acolher
a próxima campanha agrícola que inicia em Outubro, com a conclusão das obras da
construção daquela infra-estrutura hidráulica.
De acordo com a Presidente do
Conselho de Administração do Fundo de Desenvolvimento Agrícola (FDA), Setina
Beatriz Titosse, a edificação daquela infra-estrutura, que custou 19 milhões de
dólares norte-americanos, termina em Setembro próximo e tudo está sendo feito
para que os camponeses trabalhem em áreas intra-estruturadas já na próxima
campanha agrícola.
Para o efeito, Setina explicou
que o FDA, instituição do Ministério de Agricultura e Segurança Alimentar,
implementador do Projecto de Irrigação do Vale de Save (PIVASA) que arrancou
com o regadio de Chimunda, está a concluir a elaboração dos termos de referência
para o lançamento do concurso público para a contratação do gestor daquela
infra-estrutura que, segundo explicou, pela sua complexidade, necessita de uma
seriedade e maturidade e, acima de tudo, de uma entidade com alguma experiência
na área para a gerir sem problemas.
O FDA, em coordenação com o
Governo da província de Inhambane, optaram pela gestão público/privado, onde o
Estado assume a liderança do desenho de políticas e o privado terá a função de
assegurar a operacionalização dos objectivos do Governo, que passam pela
garantia da intensificação da produção alimentar nas culturas já identificadas,
nomeadamente hortícolas, arroz, amendoim, feijões, milho e outras variedades, a
manutenção dos equipamentos e assegurar a produção.
A PCA do FDA, que semana
passada trabalhou em Chimunda, para a preparação da recepção do empreendimento
já tido na província de Inhambane como sendo verdadeira alavanca da revolução
verde, indicou que os primeiros camponeses beneficiários das áreas irrigadas
serão aqueles que foram retirados da área do regadio para dar lugar à
edificação da infra-estrutura hidráulica e reassentadas em Xicudo.
“Na próxima safra agrícola,
nem toda área estará disponível porque, nesta visita, constatamos que existem
trabalhos adicionais que deverão ser realizados, concretamente o nivelamento de
algumas zonas para permitir que a água escorra como se impõe. Por isso, nesta
primeira fase, na próxima época agrícola, calculamos em cerca de 500 hectares,
dos quais 40 por cento serão distribuídos ao sector familiar e 60 por cento ao
sector privado”, explicou Setina.
Dados facultados pela PCA do FDA,
em Chimunda, referem que, neste momento, decorrem na infra-estrutura trabalhos
de acabamentos da construção, nomeadamente a conexão de alguns tubos dos canais
secundários e primários, a montagem de alguns equipamentos no centro de
captação bem como a conclusão das obras da casa agrária que contem oito
unidades anexas.
Prevista
produção de 17 mil toneladas
O regadio de Chimunda
enquadra-se no âmbito da implementação do projecto de irrigação do vale do
Save, que inclui a construção de outro regadio na região de Paunde, no distrito
de Mabote. Espera-se que na primeira fase Chimunda possa produzir pouco mais de
17 mil toneladas de culturas de rendimento, uma produção considerada suficiente
para reduzir, em grande medida, o défice alimentar, não só no distrito de
Govuro mas também na zona norte da província de Inhambane que, anualmente, tem
sido fustigada pela crise alimentar como consequência da seca prolongada e
estiagem que cria o descalabro total nas safras agrícolas.
Os primeiros sinais de retorno
do investimento feito, segundo as previsões da PCA do FDA, poderão começar a
chegar cerca de oito a dez épocas agrícolas depois do início da
operacionalização do empreendimento que estará equipado com oito tractores e
respectivos implementos, um camião para o escoamento de produtos agrícolas para
os polos de comercialização, entre outro material necessário para ajudar os
camponeses a trabalhar a terra.
Em relação ao regadio de
Paunde, no distrito de Govuro, que faz parte do PIVASA, gerido pelo FDA, Setina
Titosse explicou que decorrem neste momento acções de mobilização de fundos
para a sua concretização.
Refira-se que o projecto de
Chimunda foi financiado pelo Banco Árabe de Desenvolvimento Económico em África
(BADEA), o Fundo da OPEC para o Desenvolvimento, OFID e pelo Governo
moçambicano em 19 milhões de dólares norte-americanos.
São objectivos desta
infra-estrutura, cuja construção iniciou em 2012 a cargo da Empresa Nacional de
Obras Públicas (ENOP), mitigar os efeitos das secas cíclicas no norte da
província de Inhambane devido à baixa precipitação na zona, bem como
transformar a agricultura de subsistência em comercial, de forma a possibilitar
o desenvolvimento do sector familiar para que contribua para a melhoria da
segurança alimentar no país e a promoção de um sector empresarial que participe
no desenvolvimento rural e na redução da pobreza. Victorino Xavier – Moçambique in
“Jornal de Moçambique”
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