A
portuguesa Tekever vai participar na próxima missão espacial chinesa. Três
microssatélites vão estar equipados com tecnologia “made in Portugal”. Depois
da Europa, China e Brasil, seguem-se os Estados Unidos.
Foto: Miguel Baltazar |
Portugal já marcou lugar na
próxima missão espacial chinesa. A descolagem vai ter lugar em Setembro e a
bordo seguem três microssatélites com tecnologia nacional.
Esta é a primeira missão
espacial da China que conta com a participação de uma companhia portuguesa. A “Tekever”
foi a responsável por desenvolver a tecnologia que vai permitir a estes
microssatélites enviarem a informação recolhida em tempo real para a Terra, lá
em baixo, a 500 quilómetros de distância.
A placa com menos de 10
centímetros de largura e 85 gramas de peso “permite substituir vários sistemas
de comunicação que vão normalmente a bordo de um satélite, o que permite poupar
espaço, peso e energia”, explica ao “Negócios” Ricardo Mendes, administrador da
empresa.
Com este equipamento, denominado
Gamalink, a Tekever quis “criar no espaço um conceito semelhante à intemet, ou
seja, faz a ligação entre os satélites e as estações terrestres por forma que a
informação flua para quem de direito. Isto sem estarmos preocupados como é que
aquilo vai chegar ao seu destino, tal como na intemet”.
Estes microssatélites, com
cerca de três quilos, vão ser lançados com vários objectivos, entre as quais
ambientais, como monitorizar as calotas polares, as massas de gelo. “Vamos
estar a medir a variação da dimensão e das características das calotas polares
face às últimas medidas conhecidas”, diz.
A missão também vai servir
para fazer uma série de testes técnicos. Depois de inúmeros testes feitos na
Terra, esta vai ser a primeira vez que o Gamalink vai ser utilizado no espaço.
Com o teste aprovado, a empresa leva a certificação de “space qualified”, o que significa que haverá muitos negócios à sua
espera. “Isso vai-nos abrir a última porta de entrada no mercado, pois passa a
ter confiança para adquirir o equipamento e integrá-lo nos seus satélites.”
A “Tekever Space” foi
lançada em 2009,e desde então já investiu 10 milhões de euros na sua odisseia
espacial. E espera agora ultrapassar o valor do investimento "nos próximos
três a cinco anos, até mais rapidamente", aponta.
A entrada na China teve
início em 2006, mas somente mais tarde é que a Tekever vislumbrou uma
oportunidade na área dos microssatélites. Aproximou-se do Centro de Engenharia
de Micro-Satélites de Xangai para se tornar no seu “principal parceiro
internacional” e para no futuro explorarem esta tecnologia em conjunto em todo
o mundo. A “última fronteira” da Tekever Space deverá ser agora o mercado
norte-americano, uma nova odisseia que “muito provavelmente” passará pela NASA.
O futuro parece estar assim
escrito nas estrelas para a empresa portuguesa, acredita Ricardo Mendes.
"Teremos um objectivo bastante ambicioso que é de ser um dos principais
fornecedores, senão o principal, de sistemas de comunicação espaciais a nível mundial”.
É difícil comunicar nas
regiões polares
Um dos objectivos da
odisseia espacial da Tekever é também recolher informação de navios e aviões
nas regiões polares. Estes, em particular os aviões, têm bastantes dificuldades
em comunicar quando sobrevoam estas regiões e a Tekever quer resolver esta
situação. “Na zona polar, é extremamente difícil obter comunicações com os
aviões”, conta Ricardo Mendes. Um dos objectivos dos microssatélites vai ser
precisamente procurar mitigar esta questão. Os problemas de comunicação
acontecem “por causa do grau da curvatura da Terra e pela distância face à
Terra”. Desta forma, a Tekever vai testar “uma série de equipamentos para
comunicar com aviões e navios para perceber se a utilização de satélites de
pequena dimensão pode ser interessante para o negócio das comunicações nas
zonas polares”. Esta é assim uma nova oportunidade de negócio para a empresa
portuguesa. “Este é um problema que pode ser resolvido com o uso de satélites,
e pode vir a ser resolvido com o uso de pequenos satélites, de baixo custo”,
destaca.
A missão na China é apenas
um dos vários projectos em que a Tekever Space está envolvida. Também
desenvolve actividade em Portugal e noutros países europeus. Seguem-se agora os
EUA.
2017
- NOVOS PROJECTOS - Vários projectos da Tekever vão chegar ao espaço em 2017,
como o da Agência Espacial Europeia e os satélites brasileiro e português:
OLHAR O SOL DE PERTO - A
missão PROBA-3 da Agência Espacial Europeia (ESA) vai contar com a tecnologia
nacional. O objectivo da missão, prevista para 2017, é estudar o Sol de perto e
a empresa vai ser a responsável por assegurar as comunicações entre os dois satélites
de pesquisa, que têm uma dimensão mais reduzida do que o habitual. O trabalho
da empresa portuguesa mereceu os elogios da Agência Espacial Europeia.
VASCO DA GAMA NO AR - Entre
os seus projectos encontra-se também um satélite português: o Gamasat, com
lançamento previsto para 2017. Tal como nos outros produtos, também aqui surge
referência ao navegador português. Fora do espaço, a empresa vai estrear-se no
sector da manutenção da aviação civil como parceira tecnológica num projecto de
seis milhões de euros liderado pela TAP.
BRASIL EM ÓRBITA - A empresa
está actualmente a trabalhar com a rede de institutos federais no Brasil para
construir um dos primeiros satélites feitos principalmente com know-how
brasileiro, mas também português: 0 14 B1-Sat. O próximo passo é entrar no
mercado dos Estados Unidos. No futuro, a portuguesa Tekever pode vir a
trabalhar com a NASA. André Mendes –
Portugal in “Jornal de Negócios”
Localização:
TEKEVER
EMEA - Rua das
Musas 3.30 - 1990-113 Lisboa - Portugal
phone: +351 213 304 300 - fax: +351 213 304 301
Email: info@tekever.com - //www.tekever.com/
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