Representantes
dos blocos econômicos já montam uma lista de quais os produtos que poderão ter
tarifa zerada
A negociação do acordo de
livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, a incorporação da Bolívia
como sexto país-membro e a renovação do Fundo de Convergência Estrutural do
Mercosul (Focem) serão alguns dos pontos centrais da 48ª Cúpula do bloco regional,
integrado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, que começou
nesta quinta-feira, 16 de julho de 2015, em Brasília.
A negociação do bloco
referente a um acordo comercial com a União Europeia será um dos assuntos de
destaque da reunião, conforme adiantou o subsecretário-geral da América do Sul,
Central e do Caribe do Ministério das Relações Exteriores, António Simões. No
momento, os dois lados montam uma lista de quais produtos poderão ter tarifa
zerada. A apresentação das ofertas comerciais deverá ocorrer no último
trimestre deste ano. A apresentação tem que ser simultânea e chegou a ser
negociada em 2013 e 2104, mas não prosperou.
O secretário de Relações
Econômicas Internacionais da chancelaria argentina, embaixador Carlos Bianco,
disse, nesta quinta-feira, que a Argentina tem interesse em avançar no acordo
de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), desde que o bloco
europeu respeite as condições de tratamento diferenciado para os países
sul-americanos. De acordo com o embaixador, a Argentina defende o avanço do
acordo com União Europeia, desde que respeitadas as condições de tratamento
especial diferenciado para os países do Mercosul, que são de menor
desenvolvimento relativo em relação à União Europeia.
Segundo ele, o tratamento
diferenciado determina premissas e condições que o Mercosul já apresentou.
"Somente se essas condições forem cumpridas é que as negociações avançarão
no acordo. Como disse o chanceler (Héctor) Timmerman, se o acordo colocar em
perigo um posto de trabalho, a Argentina não está disposta a avançar",
afirmou Bianco.
O secretário descartou a
negociação do acordo comercial com o bloco europeu fora do âmbito do Mercosul.
"Todos queremos participar com uma oferta única e em conjunto negociar com
a União Europeia. Ninguém, em nenhum momento, falou em flexibilizar o Mercosul
ou em ter posturas individuais." Para Carlos Bianco, a negociação entre os
dois lados só começará quando houver troca de ofertas comerciais com a lista de
produtos que poderão ter tarifa zerada. A apresentação das ofertas deverá
ocorrer no último trimestre deste ano.
Na 2ª Cúpula entre a
Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União
Europeia, em junho, na Bélgica, a presidente Dilma Rousseff defendeu a relação
do Brasil com a Argentina, que era considerada a principal opositora do acordo
com a UE dentro do Mercosul, e negou que o Brasil tivesse "perdido a
paciência" com o país vizinho.
Ao discursar após a reunião da
manhã entre chanceleres dos estados-partes do Mercosul, o ministro das Relações
Exteriores, Mauro Vieira, disse que a proximidade e o diálogo franco entre os
países que integram o bloco econômico são conquistas que devem ser protegidas e
valorizadas. "Essa proximidade e esse diálogo franco são conquistas
históricas ainda recentes, mas que devemos valorizar e proteger",
acrescentou.
Segundo Vieira, a integração
regional fortalece a capacidade dos países do Mercosul, de modo que eles
alcancem resultados favoráveis. O ministro esclareceu que os integrantes do
bloco estão dispostos a caminhar juntos. Vieira também destacou o
reconhecimento da região como livre de conflitos e aberta ao diálogo.
Bolívia
terá oficializada a adesão como sexto membro pleno do mercado comum regional
O encontro da cúpula dos
chefes de Estado do Mercosul, em Brasília, vai selar a entrada da Bolívia como
membro pleno do grupo. Desde 1996, o país é associado ao bloco e pode
participar, como convidado, das reuniões que tratem de interesses em comum.
A adesão definitiva da Bolívia
já havia sido discutida no último encontro do Mercosul, em dezembro do ano
passado, mas não foi definida data para a admissão do país vizinho. Ao ser
incorporado, o bloco fica com seis membros fixos, além do Brasil, Argentina,
Paraguai, Uruguai e Venezuela.
Para que qualquer país seja
aceito no bloco é necessária aprovação de todos os demais. No fim do ano
passado, quase todas as comitivas internacionais já haviam aceitado a inclusão
da Bolívia no bloco, menos a paraguaia.
O Paraguai estava suspenso do
Mercosul quando os outros países decidiram aceitar a Bolívia. E os legisladores
dos cinco países que já fazem parte do bloco também precisam aprovar a entrada.
A suspensão do Paraguai, se deu em 2012 com a remoção de Fernando Lugo da
presidência do país, tendo gerado uma crise diplomática internacional com os
países sul-americanos.
O documento com a adesão da
Bolívia será assinado em cerimônia na manhã desta sexta-feira. Outros dois
termos serão firmados para a Guiana e o Suriname, que passam a integrar o grupo
como associados, com menos responsabilidades e direitos que os membros plenos.
A cúpula do Mercosul se reúne
a cada seis meses. A última reunião ocorreu em dezembro, na cidade argentina de
Paraná, a 500 quilômetros de Buenos Aires. In
“Jornal do Comércio” - Brasil
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