Foto: Ana Carvalho |
O Museu da Emigração, na
Ribeira Grande, inaugurado há uma década, recebe todos os anos visitas
“emocionadas” de emigrantes que vão “à procura das suas memórias” e que ao
longo dos anos têm contribuído para o aumento do espólio deste espaço.
Malas, baús, mobílias,
pinturas, artesanato, fotografias, loiças, roupa, cartas de chamada, uma
máquina de escrever de 1972, uma máquina fotográfica de 1942, bilhetes de avião
e objetos evocativos das festas do Espírito Santo são algumas das peças expostas
no museu, instalado no antigo mercado do peixe da Ribeira Grande e o único
dedicado à emigração açoriana.
O espaço começou por ter
ofertas recebidas pelo ex-presidente do Governo Regional Mota Amaral em
deslocações oficiais que efetuou às comunidades de emigrantes.
Mas fruto do “trabalho junto
dos emigrantes e das atividades que tem promovido, [o museu] tem conseguido
angariar ofertas de instituições, de particulares e dos próprios emigrantes, o
que permitiu ao longo destes anos aumentar consideravelmente o seu espólio”,
disse o diretor do museu, em declarações à Lusa.
“Os emigrantes já vêm com a
ideia de separar um dia para uma deslocação ao Museu da Emigração. São as
visitas mais emocionadas. É normal. Depois, comprometem-se a oferecer uma coisa
para o museu. Sentem que o museu é um espaço onde também podem deixar as suas
memórias”, disse Rui Faria, revelando que “uma das últimas ofertas foi uma
bandeira do Espírito Santo do início do século XX que estava arrumada nos EUA e
foi recuperada por um emigrante”.
O espaço, segundo Rui Faria,
pretende divulgar e preservar o movimento migratório do arquipélago e nasceu da
pretensão de “alguns emigrantes que sempre ansiaram por um espaço” que
permitisse contar um marco “na vida dos açorianos”.
“No concelho, ou em qualquer
freguesia dos Açores, há sempre alguém ou um familiar que emigrou”, frisou.
Verão, natal ou festas do
Santo Cristo são períodos em que há mais emigrantes a visitarem o museu, que
recebe diariamente também dezenas de estudantes.
“A ideia é que após a
visita, o turista saia com a ideia do que foi a emigração açoriana. Esta é a
primeira parte, que é dirigida às escolas e aos turistas que não têm a fonte
histórica do nosso passado”, salientou o responsável pelo museu, acrescentando
que os turistas acabam por desconhecer, até à visita ao museu, que existem
“milhares de emigrantes” açorianos “espalhados pelo mundo, desde o Brasil,
Alasca, Canadá, EUA, vários países da América do Sul”.
O Museu da Emigração criou,
ainda, no seu sítio na internet, uma ferramenta que permite às pessoas
descobrirem os seus antepassados emigrados, acedendo a fichas com fotografias
de emigrantes.
Rui Faria adiantou que
“existem atualmente mais de 6.000″, o que corresponde “a perto de 10 a 11 mil
pessoas”.
Os registos da emigração no
concelho da Ribeira Grande remontam a 1800, quando dezenas de pessoas partiram
para Curaçau, seguindo depois os movimentos migratórios para o Brasil, EUA,
Bermudas e Canadá, mas foi a partir das décadas de 50 e 60, com o incremento
das viagens aéreas, que a emigração se intensificou neste concelho.
“Essencialmente, há bastante
investigação da nossa parte que é traduzida em cronologias síntese que ajuda a
explicar a evolução cronológica da nossa emigração”, disse ainda Rui Faria,
acrescentando que as peças do museu são “um pouco do que deixaram os
emigrantes, do que levaram e o retorno”. In
“Revistaport” - Portugal
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