SÃO PAULO - O lançamento em
Brasília do Plano Nacional de Exportações (PNE) não só representou um
reconhecimento implícito de que a política de comércio exterior adotada nos
últimos governos seguia uma rota equivocada como também uma manifestação de boa
vontade e desejo de colocar o País no caminho certo. Afinal, como a própria
presidente Dilma Rousseff admitiu, durante a solenidade de lançamento do PNE, o
Brasil, como sétima economia do mundo, não pode aceitar ser apenas o 25º
colocado em termos de exportação de bens, contentando-se com uma participação
de apenas 1,2% no volume total das exportações e 0,7%, se forem considerados
somente os bens manufaturados.
Se essa correção de rota não
vier logo, o País corre o risco de voltar a ser apenas um fornecedor de
matérias-primas, tal como era nos séculos XVIII e XIX, com o sucateamento ou
mesmo a destruição de seu parque industrial, ainda que o seu mercado interno
tenha condições de continuar a sustentar por um bom tempo a política econômica,
tal como o fez nos governos anteriores. Seja como for, o novo plano de
exportações, que terá vigência até 2018, tem tudo para dar certo, se cumprir à
risca as cinco estratégias anunciadas: acesso a mercados; promoção comercial;
facilitação de comércio; financiamento de garantias a exportações; e
aperfeiçoamento do sistema tributário relacionado ao comércio exterior.
Para tanto, a diplomacia
brasileira deve não só aproveitar a presença do diplomata Roberto Azevêdo à
frente a Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, para tentar reduzir
as barreiras que se levantam à exportação de produtos brasileiros como
encontrar uma saída para facilitar também a importação de manufaturados, o que,
se por um lado irá acirrar a concorrência com o produto nacional, por outro,
ajudará a modernizar o parque industrial.
Sem a abertura desse canal, o
projetado acordo Mercosul-União Europeia, que já se arrasta por mais de quinze
anos, continuará apenas como uma carta de intenções, sem nunca sair do papel.
Nesse caso, é absolutamente imprescindível obter dos parceiros do Mercosul a
definição de uma estratégia comum. Caso contrário, melhor será pensar num
acordo Brasil-União Europeia.
Dos cinco pilares anunciados
pelo governo como a base do PNE, o de financiamento e garantia às exportações é
o mais importante, pois se faz necessário aperfeiçoar os atuais instrumentos de
financiamento às exportações, como o Programa de Financiamento às Exportações
(Proex), nas modalidades equalização e financiamento, o BNDES-Exim e o Seguro
de Crédito à Exportação. Só assim será possível atender às demandas de
financiamento dos exportadores brasileiros e, portanto, ampliar a participação
brasileira no comércio internacional. Milton
Lourenço - Brasil
________________________________________
Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
Sem comentários:
Enviar um comentário