SÃO PAULO – Até há pouco
tempo, quando se tinha de pedir maiores esforços do governo para ajudar na
inserção do Brasil no comércio internacional, costumava-se argumentar que uma
economia considerada a sétima maior do mundo em Produto Interno Bruto (PIB) não
podia se contentar com uma participação de pouco mais de 1% em tudo o que se
vende e compra no planeta. Pois bem, a partir de 2016, esse argumento terá de
ser revisto porque, provavelmente, essa participação será inferior a 1%, o que
é lamentável porque, em 2011, esse índice chegou a 1,41%.
Segundo dados da Associação de
Comércio Exterior do Brasil (AEB), as exportações deverão fechar 2015 com queda
de 15% em relação a 2014, alcançando US$ 191,3 bilhões, enquanto as importações
deverão cair 20%, somando US$ 183,2 bilhões. Prevê-se, portanto, um superávit
de US$ 8 bilhões contra um déficit de US$ 3,9 bilhões em 2014, o que, a
princípio, seria motivo de comemoração, mas é preciso ver que esse saldo
favorável não será gerado pelo crescimento das vendas externas.
A situação só não é pior
porque o agronegócio brasileiro vai bem. Basta ver que os dez principais
produtos de exportação são commodities. Só o 11º produto é manufaturado
(aviões), ou seja, um produto de maior valor agregado, que estimula a cadeia produtiva
e gera empregos. Hoje, China, Estados Unidos, Países Baixos, Alemanha e Rússia
representam 53% das exportações do Brasil, importando principalmente soja,
carnes, café, produtos florestais e fumo.
Só que desde o começo do ano
os preços das commodities só fazem cair porque muitos dos principais
compradores estão crescendo menos e reduzindo as importações. Com os preços das
commodities em queda, o baixo crescimento do Brasil e da América Latina só
tende a se prolongar indefinidamente. Como o País não cresce, também não
importa bens de capital nem bens intermediários para a produção. E isso resulta
no sucateamento do seu parque industrial.
A esperança é que a melhoria
da taxa de câmbio ajude nas vendas de manufaturados, principalmente para os
Estados Unidos. Aliás, a previsão da AEB é que as exportações de manufaturados
tenham um aumento de 5,94% até o final do ano, como resultado da política de
reaproximação com os Estados Unidos iniciada em janeiro com o segundo mandato
da presidente Dilma Rousseff, depois de mais de doze anos de desconfianças e
retaliações veladas de parte a parte. Só resta esperar. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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