SÃO PAULO – Estudo da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da
Organização Mundial do Comércio (OMC), desenvolvido em 2013, mostra que apenas
10% das exportações brasileiras contam com participação de produtos importados,
um dos menores índices entre as nações industrializadas. E, em vez de aumentar,
esse índice está em declínio, como se conclui a partir da constatação de que as
importações estão em queda.
Se se importa cada vez menos
– o que inclui as chamadas “quinquilharias” chinesas –, compram-se menos também
máquinas, equipamentos e ferramentas que poderiam modernizar o parque
industrial brasileiro, como mostram os números do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Segundo esses dados, as compras de
máquinas e equipamentos industriais pelo Brasil caíram 15,5% nos cinco
primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2014 e 27,9% em maio em
comparação com o mesmo mês do ano passado. Não é preciso dizer que tudo isso se
reflete em perda de competitividade pelos produtos manufaturados nacionais.
Como se sabe, a redução das
importações pela indústria exportadora nacional está diretamente ligada à
desvalorização do real frente ao dólar, o que tem contribuído decisivamente
para reduzir a agregação de valor na produção brasileira. Até porque, quando
trabalha com moeda forte, o importador tem a possibilidade de escolher melhor
os seus fornecedores, optando pela tecnologia mais avançada.
Os dados do MDIC mostram
ainda que as importações de insumos e intermediários também caíram 16,1% de
janeiro a maio deste ano, contra o mesmo período de 2014. Isso também é
prejudicial para a produção industrial brasileira porque, hoje, praticamente,
nenhum país produz tudo o que é necessário para a obtenção de um produto final.
Em outras palavras: cada vez mais o mundo é regido por um sistema de cadeias
globais em que cada país depende de outro para obter os componentes que vão
formar a seu produto.
É de se observar que, no
Brasil, muitas vezes, as alíquotas de importação são excessivas para
determinadas máquinas, equipamentos e ferramentas para a indústria. Se esses
produtos não existem no mercado brasileiro e vão agregar valor e tecnologia principalmente
ao setor de transformação, não há razão para que algumas alíquotas continuem
altas, às vezes superiores até àquelas permitidas pela OMC. Tudo isso deveria
ser levado em conta pelo governo dentro de seu Plano Nacional de Exportações
(PNE), que tem por objetivo combater o atual processo de desindustrialização,
estimulando a inserção do produto nacional no mercado externo. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente
da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de
Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e
da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e
Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.
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