A
dimensão e relevância da emigração no território nacional, uma constante
estrutural da sociedade portuguesa, têm impelido a construção nos últimos anos,
um pouco por todo o país, de vários monumentos ao emigrante, com o objetivo de
reconhecer e homenagear o contributo que prestam ao desenvolvimento das suas
terras de origem.
Como
observam as sociólogas Alice Tomé e Teresa Carreira no artigo Emigração,
Identidade, Educação: Mitos, Arte e símbolos Lusitanos, este fenómeno de
construção de monumentos ao emigrante “marca na atualidade a paisagem
portuguesa”, sendo em grande medida o reflexo da “alma de um povo lutador,
trabalhador, fazedor de mitos que, pelas mais variadas razões, não hesita em
dobrar fronteiras”.
São
muitos e variados os exemplos de monumentos aos emigrantes que povoam a
paisagem portuguesa, como facilmente se comprova através de uma simples
pesquisa na Internet. No Minho, por exemplo, alfobre tradicional da emigração
portuguesa, há dois anos foi inaugurada na freguesia de Belinho, concelho de
Esposende, uma estátua que celebra os emigrantes da povoação, e cuja simbologia
alarga-se ao município numa homenagem a todos aqueles que “deram novos mundos
ao mundo”.
No
concelho de Ourém, um município localizado na região do Centro que se construiu
com a emigração, ergueu-se em 2011, na freguesia de Espite, num território que
é conhecido como o “berço” dos franceses, um monumento ao emigrante. No
Funchal, capital do arquipélago da Madeira, região indelevelmente marcada pelo
fenómeno da emigração, desde a década de 1980 que subsiste um monumento ao
emigrante madeirense, e que homenageia os emigrantes naturais da “Pérola do
Atlântico” instalados por todo o mundo. Na mesma esteira, em Ponta Delgada, no
Arquipélago dos Açores, existe desde o fim do séc. XX, um monumento aos
emigrantes e que laureia o povo açoriano disperso pelo mundo.
Nesta
última região autónoma, foi inaugurado no mês passado na Ribeira Grande, também
na ilha de S. Miguel, a Praça do Emigrante, um espaço público urbano que
homenageia os emigrantes açorianos que partiram em busca de melhores condições
de vida, e cuja animação cultural passa a estar a cargo da AEA – Associação dos
Emigrantes Açorianos, um organismo independente, com sede nas instalações do
Museu da Emigração Açoriana.
Uma
praça, cujo centro é ocupado por um imponente globo revestido a pedra de
calçada portuguesa, com quatro metros de diâmetro, concebido por Luís Silva, e
intitulado “Saudades da Terra”, expressão que Gaspar Frutuoso, personagem
insigne do passado micaelense, utilizou no século XVI para resumir um
sentimento maior, comum não só aos emigrantes açorianos, mas a todos os
emigrantes portugueses.
Além
do globo, a Praça do Emigrante é engrandecida por um desenho na calçada em
redor, denominado “Shore To Shore”, da autoria do escultor canadiano
Luke Marston, trineto do picoense Joe Silvey, um pioneiro da sociedade
multicultural no Canadá. Assim como por uma “Calçada dos Mundos”, concebida por
Liliana Lopes, e dois murais, um deles com bandeiras dos principais destinos da
emigração açoriana (Bermudas, Brasil, Canadá, Estados Unidos da América, Havai
e Uruguai). Daniel Bastos – Portugal in “Mundo Lusíada”
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