Um
empresário chinês disse hoje à Lusa que está a apostar no "café
'premium'" orgânico de Timor-Leste para conquistar os mercados de Macau e
da China continental, com a marca "Café Diliy" comercializada pela
empresa Charlestrong.
O
presidente da empresa Charlestrong Café e do grupo Charlestrong Engineering
Technology and Consulting salientou que até ao momento foram investidos cerca
de dois milhões de dólares de Hong Kong (2,18 milhões de euros) no projeto.
Este
ano foram importadas cerca de 330 toneladas de grãos de Timor-Leste, mas a
ambição é aumentar a quantidade para as cinco mil toneladas/ano.
"Por
causa de pandemia, a quantidade de grãos de café importada de Timor-Leste é
menor este ano, por volta de 300 toneladas. O meu objetivo é atingir cinco mil
toneladas", explicou Charles Shi.
"Agora,
o foco da comercialização é em Macau, [mas] há muitas empresas chinesas que nos
estão a contactar para se tornarem distribuidores ou vender [o café] 'online'”,
salientou.
A
aposta do empresário parece estar a vingar num território que é conhecido como
a capital mundial do jogo, conhecida pelos 'resorts' integrados de luxo,
e que só no ano passado registou quase 40 milhões de visitantes.
A
empresa já estabeleceu um acordo com MGM China, que explora 'resorts' e
casinos no território.
"Porque
acabei de obter licença, portanto, neste momento, a prioridade é apresentar um
café de alta qualidade em hotéis de cincos estrelas em Macau para enriquecer a
procura dos hóspedes", afirmou Shi.
São
três os objetivos traçados a curto prazo, acrescentou: "O objetivo da
nossa empresa é primeiro atender à exigência [governamental] de fabricação em
Macau, auxiliar os países de língua portuguesa no desenvolvimento das suas
economias e, em terceiro lugar, enriquecer a procura do mercado turístico de
Macau".
Para
isso conta com uma mudança nos hábitos de consumo dos milhões de visitantes,
que por altura da pré-pandemia visitavam Macau, ou em encontrar um nicho de
mercado que valorize o produto.
A
empresa planeia abrir duas lojas físicas e distribuir o produto por espaços que
vão desde os hotéis a outros mais dedicados à venda de lembranças, como as
lojas 'duty-free' no aeroporto.
A
escolha do café de Timor-Leste é justificada por Charles Shi com a qualidade que
aquele país consegue assegurar, pelo clima e relevo do terreno: "O café
arábica cresce principalmente em locais acima de 800 metros. A topografia de
Timor-Leste ajuda, o lugar mais alto situa-se a cerca de três mil metros, é
montanhosa, chove muito e o tempo de sol é muito longo. Por isso, é um bom
lugar para crescer café e a espécie é muito boa também".
A
ligação empresarial com o país começou com investimentos na área da construção
imobiliária, uma atividade que se estende também a Moçambique. Depois, surgiu o
interesse pelo novo investimento: "Quando estive em Timor-Leste, descobri
que havia um bom café lá, mas não estava muito desenvolvido", referiu.
Daí
até à ideia de construir uma fábrica em Macau para processar e embalar os grãos
de café de Timor-Leste, foi rápido. O suficiente, contudo, para estar já à
procura de maiores instalações junto do Governo de Macau.
Após
mais de 400 anos sob administração portuguesa, Macau passou a ser uma Região
Administrativa Especial da China em 20 de dezembro de 1999.
A
China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como plataforma
para a cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em
2003. Agência Lusa
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