Cidade
da Praia – O núcleo museológico Cesária Évora, na cidade do Mindelo, São
Vicente, tem trabalhado, não só para preservar o espólio de Cesária Évora, como
também na emancipação da mulher cabo-verdiana e na luta contra a violência
baseada no género.
No
dia (27) em que a “diva dos pés descalços” completaria 79 anos de idade, se
estivesse viva, a Inforpress conversou com o coordenador do núcleo museológico
Cesária Évora, Adilson Dias, sobre o trabalho que este núcleo tem estado a
fazer durante os cinco anos para honrar o nome da Cize.
Criado
em 2015, numa antiga residência que lhe foi ofertada pelo Estado de Cabo Verde,
o Núcleo Museológico Cesária Évora, segundo Adilson Dias, tem preservado a
memória desta em todas as vertentes, desde Cesária Évora como mulher
cabo-verdiana e batalhadora, mas, sobretudo, enquanto artista de renome
internacional.
“O
museu tem estado a trabalhar em programas educativos para a classe estudantil,
mas também programas para a sociedade, numa perspectiva de que fazer com que a
sociedade mindelense se revê no espaço, e em visitas orientadas”, disse,
apontando ainda que o museu tem trabalhado numa lógica de emancipação feminina
e empoderamento familiar e na prevenção contra violência baseada no género.
É
neste sentido que foi criado e implementado, desde 2017, o programa de
sensibilização dos jovens sobre a violência baseada no género e a necessidade
de elevar a autoestima dessa classe para se emanciparem e afirmarem na
sociedade como pessoas capazes de tomar as rédeas do seu destino.
“O
núcleo museológico por ter uma figura de mulher tem estado a trabalhar neste
sentido. O espólio acaba por nos levar a isto, porque nos leva a um espólio de
uma mulher, as roupas de uma mulher normal, mas também mostra a transformação
dessa mulher comum numa mulher que soube conquistar o mundo com as qualidades
próprias que ela tinha”, afirmou.
A
solidariedade e ajuda mútua, acções muito praticadas pela artista, são
igualmente, segundo Adilson Dias, “pontos âncoras” do núcleo museológico,
especialmente no seu programa de trabalho junto da sociedade.
Este
museu, segundo a mesma fonte, é um museu multifacetado, porque não é um lugar
só de exposição, mas sim um espaço de aprendizagem, de lazer, e, sobretudo, um
espaço de reflexão e de inspiração para a geração actual.
Sendo
que os turistas estrangeiros continuam a ser os que mais visitam este espaço, o
coordenador do núcleo informou que estão a trabalhar na redefinição de conteúdo
museológico com perspectiva de melhorar o conteúdo, modernizar as exposições,
modernizar o espaço para atrair mais nacionais.
“Queremos
que os cabo-verdianos visitem mais os museus fora do contexto das actividades.
(…) Acabamos por ter uma entrada mais dos turistas estrangeiros, mas há uma
dinâmica interessante da entrada dos nacionais porque a temática Cesária Évora
mexe muito com qualquer cabo-verdiano”, disse, assegurando que a essa temática
e a música cabo-verdiana chamam muita atenção das pessoas.
Cesária
Joana Évora nasceu a 27 de Agosto de 1941, na ilha de São Vicente, faleceu no
dia 17 de Dezembro de 2011, no Hospital Baptista de Sousa, no Mindelo, onde se
encontrava internada.
Foi
a cantora de maior reconhecimento internacional de toda a história da música
popular cabo-verdiana. Apesar de ser
sucedida em diversos outros géneros musicais, Cesária Évora foi
maioritariamente relacionada com a morna, por isso também apelidada de “rainha
da morna”. In “Inforpress” – Cabo Verde
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