A
presidente da Casa de Portugal afirmou que a burocracia “está a matar Macau”
lentamente e considerou que a desburocratização da administração pública do
território deve ser uma prioridade para o secretário para a Administração de
Justiça. Numa entrevista à Rádio Macau, Amélia António revelou que várias
actividades na Casa de Portugal podem ser canceladas caso haja cortes no
subsídio.
A
burocracia na administração pública está a atrasar a valorização e o
desenvolvimento de Macau, alertou a presidente da Casa de Portugal, Amélia
António, em entrevista à Rádio Macau. Numa analogia com a crise pandémica da
covid-19, a advogada assinalou que a burocracia está a “matar Macau” lentamente
pois trata-se de uma “doença endémica” presente em toda a administração
pública.
“[A
burocracia] é quase tão pandémica como a covid-19. Se não for tratada a sério,
esta doença continuará a matar o território devagarinho porque tudo o que são
projectos interessantes, projectos que podem valorizar Macau, não andam”, disse
Amélia António, frisando que há “medo de tomar decisões e de fazer” na
administração pública.
Na
opinião da presidente da Casa de Portugal, a desburocratização da administração
pública deve ser a principal tarefa do secretário para a Administração e
Justiça, André Cheong, e dá como exemplo o atraso da abertura do restaurante da
Casa de Portugal no Tap Seac devido a questões burocráticas. Questionada sobre
quando seria a inauguração do novo espaço da associação, Amélia António assumiu
que deveria ocorrer a 1 de Setembro, mas que o processo está atrasado devido a
questões burocratas. “Supostamente eu tinha de abrir no dia 1 de Setembro e
ainda não tenho sequer autorização para pôr uma tomada, uma ficha para ligar
uma máquina de café que seja”, assinalou.
Cortes no subsídio implicam cancelamento de actividades
na Casa de Portugal
Em
entrevista à Rádio Macau, Amélia António revelou que uma eventual redução de 10
por cento no subsídio da Fundação Macau irá implicar o cancelamento de várias actividades
programadas pela Casa de Portugal. Sem especificar que tipo de actividades
poderão ser canceladas, a presidente da Casa de Portugal adiantou que a
Fundação Macau ainda não comunicou qualquer corte à associação, apesar de ser
público que o Chefe do Executivo ordenou uma redução de 10 por cento a todos os
serviços e organismos públicos.
“Não
há hipótese de fazer tudo o que se faz com um corte desses. Para se encaixar um
corte desse tipo vai ter que se cortar determinadas coisas. Não há milagres. Há
actividades que têm de ser eliminadas (…) porque não é possível fazer tudo o
que se fazia com esse corte”, afirmou.
Sobre
a realização do Festival da Lusofonia, Amélia António considerou que o evento
deve realizar-se apesar da impossibilidade de entrada no território de artistas
estrangeiros. A presidente da Casa de Portugal assinalou ainda a importância
deste evento para as comunidades, que, em ano de pandemia, pode ser uma espécie
de “vitamina” e de “medicamento”.
Em
pleno contexto pandémico, Amélia António sugeriu ainda a realização do Festival
da Lusofonia num formato diferente do habitual, com uma semana por mês dedicada
à cultura dos países de expressão portuguesa. “Num mês era um país que trazia
as suas artes, a sua literatura, a sua música, artes plásticas, teatro ou dança
ou o que fosse. Depois, a seguir, vinha outro país”, propôs a presidente da
Casa de Portugal. In “Ponto Final” - Macau
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