A Escola Portuguesa de Díli (EPD) conta com um novo
auditório para cerca de 80 pessoas, construído na sequência das inundações de
13 de março passado
O
espaço foi inaugurado pelo vice-primeiro-ministro timorense, José Reis, e pelo
embaixador de Portugal em Díli, José Pedro Machado Vieira, num dia em que foram
entregues os certificados aos finalistas do 12.º ano.
“As
imagens do dia da inundação foram chocantes, deixando pessoas dentro e fora de
Timor-Leste num sentimento de tristeza e imensa preocupação. Mas, esse triste
evento provocou também que algo muito mais importante e bonito viesse ao de
cima”, lembrou José Reis.
“O
movimento que ocorreu logo de seguida, a solidariedade e dedicação que foi
demonstrada por toda a comunidade da Escola Portuguesa de Dili, desde
professores e funcionários, pais, alunos”, sublinhou o responsável, destacando
ainda o apoio de entidades oficiais do Estado.
O
Auditório 13 de Março lembra o dia das inundações que causaram graves danos
materiais à instituição.
No
dia 13 de março passado, uma forte chuvada, associada a assoreamento e falta de
manutenção, provocou cheias em várias zonas da cidade de Díli. Milhares de
famílias foram afetadas e os danos materiais foram avaliados em mais de 20
milhões de dólares.
As
cheias encheram todo o recinto da escola de lama, tendo a ação rápida de
professores e funcionários evitado vítimas. A limpeza e reconstrução do espaço
começaram entre abril e junho.
“Um
dia triste”, que se deveu a fortes chuvadas, mas também “à falta de um
planeamento e ordenamento eficaz e eficiente, resultando em construções feitas
sem estudos profundos e sem respeitar padrões”, salientou José Reis.
“O
Governo está empenhado em corrigir essa falta, de forma a elaborar um plano de
ordenamento para o território nacional, para que no futuro desastres deste tipo
possam ter impactos minimizados, não só em Dili, mas como também em outras
áreas de Timor-Leste que têm também sido afetadas”, disse.
José
Reis lembrou que a recuperação da escola e a construção do auditório é um marco
na institutição, que nasceu em 2002 “como resposta a uma necessidade existente
em Timor-Leste de afirmar a vontade dos timorenses em fazer da Língua
Portuguesa, umas das línguas oficiais” do país.
“Nós
escolhemos como Língua Nacional de Timor-Leste a Língua Portuguesa”, e esta
escolha foi um fator determinante para a Independência e soberania de
Timor-Leste, disse Reis, lembrando as palavras do antigo Presidente timorense
Nicolau Lobato.
Ao
nascer no mesmo ano da restauração da independência, a EPD tornou-se num “forte
centro de formação por onde têm passado muitas crianças timorenses”, disse. A
quase totalidade dos mais de mil alunos da EPD são timorenses.
Um
espaço que permite formação em português, mas que também oferece “um ensino de
qualidade que prepara os alunos para poderem competir dentro e fora de
Timor-Leste”, acrescentou.
Na
mesma ocasião, o embaixador de Portugal em Díli sublinhou o esforço de
professores e funcionários para recuperar o espaço da escola, “uma instituição
de referência para Portugal” em Timor-Leste.
“A
criação deste espaço mostra, uma vez mais, o compromisso e aposta da Escola
Portuguesa em prover uma formação diversificada aos seus alunos, reforçando a
vertente de educação abrangente que esta Escola se orgulha de oferecer”, disse
José Pedro Machado Vieira.
Designar
o novo espaço ‘Auditório 13 de março’ permite não só marcar o “momento
dramático” vivido, mas “prestar uma justa homenagem a todos os que, na tarde
daquele fatídico dia, tiveram o rasgo, a coragem e a determinação para evitar
perdas não materiais”.
“Mesmo
em tempos difíceis, como no contexto pandémico, e com a reestruturação da
Escola pela frente, foi incrível observar que, para além de mediador,
facilitador e articulador do conhecimento, o papel do professor também se vai
renovando; é também um criativo, um artista das estratégias de ensino que
precisa de processar novos cenários e reformular métodos a todo o momento,
qualidades fundamentais nesta época”, destacou.
“É
de louvar, ainda, o espírito de resiliência e a capacidade de liderança que permitiu
a rápida reconstrução da Escola, necessária após as cheias do passado dia 13 de
março. O envolvimento dos docentes, dos auxiliares, dos pais, mães e
encarregados de educação, bem como da comunidade foi essencial para que fosse
possível estarmos aqui hoje”, sublinhou. In “Sapo
Timor-Leste” com “Lusa”
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