O Chefe do Executivo classificou a inauguração do novo
posto fronteiriço de Hengqin como um “passo estratégico” para o desenvolvimento
do território e para a integração de Macau no desenvolvimento global da China.
A nova infraestrutura vai funcionar 24 horas por dia seguindo o modelo de
inspecção fronteiriça integral. Para Ho Iat Seng, o novo posto fronteiriço
“abre um novo capítulo na cooperação” com Guangdong rumo à integração de Macau
no projecto da Grande Baía, nomeadamente ao nível da conectividade entre as
vias rodoviárias, ferroviárias e marítimas
O
novo posto fronteiriço da Ilha da Montanha foi inaugurado ontem por
representantes da província de Guangdong e do Governo de Macau numa cerimónia
onde Ho Iat Seng assinalou a importância da “cooperação económica” com Zhuhai
para o projecto da Grande Baía e para o desenvolvimento global da China. O
líder do Executivo sublinhou também ligação das infra-estruturas de Zhuhai a
Macau para a criação de um mercado único e de crescente conectividade entre as
vias rodoviárias, ferroviárias e marítimas. “Em primeiro lugar, abriu um novo
capítulo no desenvolvimento da cooperação com [a província de] Guangdong” a
partir da expansão de Macau para Hengqin, “uma importante decisão estratégica
do Governo Central para apoiar o desenvolvimento” do território”, começou por
salientar Ho Iat Seng. “Não há dúvida que Hengqin é a melhor plataforma para
Macau participar na construção da Área da Grande Baía e se integrar no
desenvolvimento global do país”, prosseguiu.
Ho
Iat Seng frisou também que a abertura do novo posto fronteiriço “não só
facilitará a troca de pessoas e bens entre os dois lugares, mas também atrairá
residentes de Macau para trabalhar, investir e viver em Hengqin, e promover a
integração e o desenvolvimento, assim como a subsistência das pessoas e da
economia” numa zona que se procura assumir de comércio livre com reduções e
isenções fiscais.
“Acredita-se
que, no futuro, o grau de interligação de infra-estruturas e desenvolvimento da
cooperação entre Macau e Zhuhai estará plenamente qualificado para caminhar na
vanguarda da aglomeração urbana na Grande Baía, e desempenhar um papel mais
activo na promoção da integração e desenvolvimento”, exemplificou Ho Iat Seng.
Em
causa está a integração de Macau no projecto da Grande Baía, que prevê a criação
de uma metrópole mundial juntamente com Hong Kong e nove cidades da província
de Guangdong com um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 1,3 mil milhões de
dólares, e com cerca de 70 milhões de habitantes. Além de integrar Macau e Hong
Kong, Pequim pretende também transformar o modelo de crescimento da região: o
objectivo é reforçar o consumo doméstico e serviços, atrair indústrias de alta
tecnologia, finanças, biofarmacêutica ou saúde, em detrimento das exportações e
manufactura.
Modelo
de inspecção fronteiriça integral deve enriquecer significado do princípio “um
país, dois sistemas”
A
Zona Piloto de Comércio Livre de Hengqin, que pertence à cidade de Zhuhai, já
estava ligada a Macau por um posto fronteiriço aberto 24 horas por dia e um
túnel de acesso ao novo campus da Universidade de Macau. Agora, no novo posto
fronteiriço de Hengqin, será adoptado o modelo de inspecção fronteiriça
integral, preparado para um movimento diário de 220 mil pessoas, onde na
primeira fase da abertura foram instalados 35 canais de saída, 34 de entrada de
pessoas, assim como quatro corredores provisórios para passagem de veículos.
Na
cerimónia inaugural, Ho Iat Seng sublinhou a importância de Hengqin na
integração do território, que quer diversificar a sua economia, muito
dependente da indústria do jogo, num mercado único e de crescente conectividade
entre as vias rodoviárias, ferroviárias e marítimas. No futuro, Macau ficará
conectado à rede ferroviária de alta velocidade da China graças à construção de
um túnel subaquático até ao posto fronteiriço da Ilha de Hengqin, enquadrado no
desenvolvimento do metropolitano ligeiro de superfície. Isto numa região que,
para além de Hong Kong, tem em Guangdong a província chinesa que mais exporta e
a primeira a beneficiar das reformas económicas adoptadas na China no final de
1970, integrando três das seis Zonas Económicas Especiais da China – Shenzhen,
Shantou e Zhuhai.
Ho
Iat Seng frisou ainda que se deu “um grande passo no objectivo de interconexão
e intercomunicação”, e que este nível de desenvolvimento da cooperação com
Zhuhai “tem a potencialidade para ficar na vanguarda do grupo das cidades da
Grande Baía, criando um papel mais activo” na região. “O novo posto fronteiriço
de Hengqin vem mostrar a forte vitalidade do princípio ‘Um País, Dois
Sistemas’, pois adopta um modelo de cooperação nunca antes visto. Durante a
construção deste novo posto, ambas as partes empenharam-se na união em prol de
um objectivo comum, no sentido de ultrapassar as dificuldades de sistemas
jurídicos diferentes, obras, gestão, técnicas e as que surgiram com a epidemia,
garantindo que a abertura do mesmo decorresse sem sobressalto. O modelo de
inspecção fronteiriça integral veio enriquecer o significado do princípio ‘Um
País, Dois Sistemas’, criando uma referência exemplar da colaboração entre a
RAEM e o Interior da China”, disse o Chefe do Executivo na cerimónia inaugural.
Mais
eficiência na circulação de pessoas e bens
Já
o governador da Província de Guangdong, Ma Xingrui, assinalou que “antigamente existiam
dois territórios e duas zonas alfandegárias”, mas que, a partir de agora, no
mesmo espaço, “fazem-se as duas inspecções, com todo o processo a demorar
apenas cinco segundos, em situações normais”.
Ma
Xingrui acrescentou ainda que a capacidade de trânsito de pessoas nos postos
fronteiriços entre Guangdong e Macau vai aumentar “de 750 mil para 900 mil”,
com melhorias na “eficiência da circulação de pessoas e de bens”. “A entrada
deste novo posto irá aumentar o movimento entre as duas regiões, beneficiar o
intercâmbio e o comércio, tornando-o mais célere e conveniente, que por sua vez
introduzirá grande dinâmica à ilha de Hengqin, como irá ainda aprofundar a
cooperação entre as duas partes e promover a criação de novas estruturas para
Guangdong, Hong Kong e Macau”, concluiu Ma Xingrui.
O
Governo Central encarregou Hengqin de desenvolver atracções turísticas
complementares ao jogo. A zona conta já com o maior oceanário do mundo, o
Chimelong Ocean Kingdom, que integra um complexo com mais de 130 hectares e
inclui salas de espectáculo e hotéis de luxo. Assimilando uma herança
arquitectónica de Macau, a localidade construiu também calçadas portuguesas.
Hengqin vai ter ligação ferroviária ao aeroporto de
Zhuhai
O
troço ferroviário de 16,86 quilómetros entre Zhuhai e Changlong foi inaugurado
ontem com a inclusão da estação de Hengqin. A primeira fase do projecto da
empresa Guangzhou Railway Group contempla a ligação de Zhuhai à Estação Zhuhai
Changlong, passando por cinco estações: Wanzaibei, Wanzai, Shizimen, Hengqinbei
e Hengqin. Com excepção de Wanzai, todas as estações entraram ontem em
funcionamento. A segunda fase do projecto irá incluir a ligação de Hengqin ao
aeroporto de Zhuhai e uma ligação da Estação de Wanzai à Taipa através de um
túnel subterrâneo com ligação à rede do metro ligeiro de Macau. Eduardo
Santiago – Macau in “Ponto Final”
eduardosantiago.pontofinal@gmail.com
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