Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Suíça - Prémio Kenton R. Miller 2020 atribuído ao Parque Nacional da Gorongosa em Moçambique

O Prémio Kenton R. Miller 2020, para Inovação em Parques Nacionais e Sustentabilidade de Áreas Protegidas, foi entregue a Pedro Estêvão Muagura do Parque Nacional da Gorongosa em Moçambique e a Nizar Youssef  Hani da Reserva da Biosfera Shouf no Líbano, numa cerimónia online organizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e pela Comissão Mundial de Áreas Protegidas (WCPA)



Segundo a organização, o prémio homenageia indivíduos engajados em garantir a sustentabilidade a longo prazo dos locais vitais, das áreas protegidas, desenvolvendo e aplicando políticas inovadoras, conhecimento científico, tecnologias e práticas de campo ou modelos de governança.

Nomeado em homenagem ao Dr. Kenton R. Miller, Director Geral da IUCN entre 1983 e 1988 e três vezes Presidente da WCPA, o prémio foi criado em homenagem ao seu admirável legado, de promoção da inovações e aprendizagens no planeamento e gestão de áreas protegidas e conservadas em todo o mundo, e na orientação de líderes no campo da conservação.

Os vencedores deste ano são faróis de esperança em regiões que tiveram uma história turbulenta, afectando tanto os humanos quanto a natureza, de forma profunda nas últimas décadas.

 “A WCPA tem o prazer de reconhecer a inovação e as melhores práticas de dois notáveis gestores de áreas protegidas, que trabalharam para beneficiar a conservação e as comunidades, nomeadamente Pedro Estêvão Muagura do Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique e Nizar Youssef Hani da Reserva da Biosfera Shouf, Líbano “, referiu a Dra. Kathy MacKinnon, Presidente da WCPA.

Segundo MacKinnon, os esforços combinados de Pedro Estêvão Muagura para lidar com a perda de floresta tropical no Parque Nacional da Gorongosa, após os impactos devastadores da guerra civil sobre a biodiversidade e, a melhoraria dos meios de subsistência dos agricultores locais, foram pioneiros na sua abordagem e impacto.

Confrontado com o dilema de desmatamento contínuo, perda de biodiversidade e a luta pela subsistência dos agricultores locais após a guerra civil de 15 anos em Moçambique, Muagura teve a ideia de cultivar café nas encostas das montanhas desmatadas, referiu MacKinnon.

Perante o cepticismo de muitos, Muagura prevaleceu com a sua ideia de cultivo de café à sombra e sob árvores nativas replantadas, dando uma renda à população local e, ao mesmo tempo, restaurando a floresta, notou a presidente da WCPA.

“Num período imensamente desafiador para o Líbano e Moçambique nas últimas semanas e meses, estes dois pioneiros demonstraram que estes países e regiões também podem ser considerados exemplos de resiliência, inovação e sustentabilidade servindo como um modelo para conservacionistas de todo o mundo”, finalizou MacKinnon.

Durante os seus trabalhos, Estevão Muagura, sempre trabalhou em estreita colaboração com a comunidade para melhor entender as suas necessidades e demonstrar que os benefícios da restauração superariam os ganhos de curto prazo da agricultura de corte e queimada.

Para Muagura, entender e envolver-se com os papéis de género, garantiram que as mulheres tivessem autonomia para contribuir com os viveiros de mudas e árvores recém-plantadas.

Hoje, o povo da Serra da Gorongosa está a plantar cerca de 200 mil árvores de café por ano e cerca de 50 mil árvores da floresta tropical, e as mulheres representam 50% dos pequenos agricultores, totalizando mais de 600 pessoas.

O resultado da produção é comprado por uma empresa de produtos naturais que processa o café na sua nova fábrica nas proximidades da serra e comercializa os grãos torrados em Moçambique e no mundo.

“Estou muito feliz que as minhas ideias tenham sido reconhecidas pelo povo da Serra da Gorongosa, pela Administração do Parque Nacional da Gorongosa e pela Administração Nacional das Áreas de Conservação de Moçambique. Todos nós podemos contribuir para inovar e melhorar o mundo em que vivemos, se trabalharmos em equipa e acreditarmos que é possível ter êxito, ainda que à partida pareça muito difícil e até perigoso”, disse Muagura, após receber o prémio. In “Zambeze Info” - Moçambique

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