Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Macau – Deputada afirma que antiga fábrica têxtil na Taipa simboliza um marco na união entre portugueses e chineses

Depois de o secretário para a Administração e Justiça ter dito que o parque a ser construído na Taipa vai fazer com que a antiga fábrica de têxteis seja demolida, Agnes Lam pediu que o Governo reconsidere, já que a infraestrutura simboliza a reunião entre a comunidade portuguesa e chinesa pós-Rebelião do 1-2-3, e é também “um símbolo da indústria moderna em Macau”. A deputada pede que o espaço seja integrado no novo parque que será construído no local

A fábrica da antiga “Têxteis (Macau), Limitada” foi inaugurada em 1967. A sua inauguração contou com a presença de Nobre de Carvalho, então Governador de Macau, e com Ho Yin, o então líder da comunidade chinesa. Segundo conta a deputada Agnes Lam ao Ponto Final, este espaço era mais do que uma fábrica de vestuário. Foi inaugurada depois da Rebelião do 1-2-3 (crise nascida com a Revolução Cultural) como forma de garantir postos de emprego para a comunidade chinesa e “marcou a reunião entre os chineses e os portugueses”.

“Além disso, depois de ter sido construída, a administração portuguesa percebeu que tinha de haver uma maneira mais conveniente de fazer as viagens entre Macau e a Taipa, então decidiram construir a ponte [Governador Nobre de Carvalho]”, lembra a deputada. Além disso, “a fábrica era um símbolo da indústria moderna em Macau”, diz.

Assim, a deputada acredita que parte da infraestrutura deve ser preservada e integrada no futuro parque de lazer da Taipa, que vai ocupar uma área de 19 mil metros quadrados e que vai obrigar a um investimento de 30 milhões de patacas. “Podiam incluí-la noutros projectos. Fazer dela um espaço cultural seria uma boa ideia”, sugeriu, detalhando: “Podem fazer dele um espaço ‘indoor’, podem fazer algo para as indústrias culturais, ou transformá-lo num café, ou até num lugar para as crianças aprenderem sobre a indústria, ou ainda num espaço para performances artísticas, um sítio para as artes”.

Na sexta-feira, à margem de uma conferência de imprensa do Conselho Executivo, André Cheong disse que a fábrica era mesmo para ser demolida. Para o secretário para a Administração e Justiça, os referidos terrenos estão em más condições higiénicas, e a fábrica devoluta ali localizada encontra-se abaixo do nível da estrada, acumulando água estagnada, sendo “um risco para a saúde pública, tendo gerado críticas e queixas dos residentes da zona, os quais desejam uma solução”. Além disso, André Cheong alertou para as placas de amianto que cobrem a fábrica e que são materiais proibidos de construção, “que têm de ser removidos”, cita um comunicado. Além disso, André Cheong disse ainda que, “após a consulta às opiniões do Instituto Cultural, a referida fábrica não é um edifício que nos termos da Lei de Salvaguarda do Património Cultural seja de preservar”.

Agnes Lam admite que o secretário possa ter alguma razão, mas pede que a demolição total do espaço seja reconsiderada: “Tudo isso é verdade, mas eu acho que se quisessem manter a fábrica havia sempre maneira”. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”

andrevinagre.pontofinal@gmail.com

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