Depois de o secretário para a Administração e Justiça ter
dito que o parque a ser construído na Taipa vai fazer com que a antiga fábrica
de têxteis seja demolida, Agnes Lam pediu que o Governo reconsidere, já que a
infraestrutura simboliza a reunião entre a comunidade portuguesa e chinesa
pós-Rebelião do 1-2-3, e é também “um símbolo da indústria moderna em Macau”. A
deputada pede que o espaço seja integrado no novo parque que será construído no
local
A
fábrica da antiga “Têxteis (Macau), Limitada” foi inaugurada em 1967. A sua
inauguração contou com a presença de Nobre de Carvalho, então Governador de
Macau, e com Ho Yin, o então líder da comunidade chinesa. Segundo conta a
deputada Agnes Lam ao Ponto Final, este espaço era mais do que uma fábrica de
vestuário. Foi inaugurada depois da Rebelião do 1-2-3 (crise nascida com a
Revolução Cultural) como forma de garantir postos de emprego para a comunidade
chinesa e “marcou a reunião entre os chineses e os portugueses”.
“Além
disso, depois de ter sido construída, a administração portuguesa percebeu que
tinha de haver uma maneira mais conveniente de fazer as viagens entre Macau e a
Taipa, então decidiram construir a ponte [Governador Nobre de Carvalho]”,
lembra a deputada. Além disso, “a fábrica era um símbolo da indústria moderna
em Macau”, diz.
Assim,
a deputada acredita que parte da infraestrutura deve ser preservada e integrada
no futuro parque de lazer da Taipa, que vai ocupar uma área de 19 mil metros
quadrados e que vai obrigar a um investimento de 30 milhões de patacas. “Podiam
incluí-la noutros projectos. Fazer dela um espaço cultural seria uma boa
ideia”, sugeriu, detalhando: “Podem fazer dele um espaço ‘indoor’, podem fazer
algo para as indústrias culturais, ou transformá-lo num café, ou até num lugar
para as crianças aprenderem sobre a indústria, ou ainda num espaço para
performances artísticas, um sítio para as artes”.
Na
sexta-feira, à margem de uma conferência de imprensa do Conselho Executivo,
André Cheong disse que a fábrica era mesmo para ser demolida. Para o secretário
para a Administração e Justiça, os referidos terrenos estão em más condições
higiénicas, e a fábrica devoluta ali localizada encontra-se abaixo do nível da
estrada, acumulando água estagnada, sendo “um risco para a saúde pública, tendo
gerado críticas e queixas dos residentes da zona, os quais desejam uma
solução”. Além disso, André Cheong alertou para as placas de amianto que cobrem
a fábrica e que são materiais proibidos de construção, “que têm de ser
removidos”, cita um comunicado. Além disso, André Cheong disse ainda que, “após
a consulta às opiniões do Instituto Cultural, a referida fábrica não é um
edifício que nos termos da Lei de Salvaguarda do Património Cultural seja de
preservar”.
Agnes
Lam admite que o secretário possa ter alguma razão, mas pede que a demolição
total do espaço seja reconsiderada: “Tudo isso é verdade, mas eu acho que se
quisessem manter a fábrica havia sempre maneira”. André Vinagre – Macau in “Ponto
Final”
andrevinagre.pontofinal@gmail.com
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