A cantora é uma das convidadas para actuar no Palácio da
Cultura Ildo Lobo no Dia Nacional da Morna. Ana Azevedo irá interpretar mornas
de B. Leza, Eugénio Tavares, Manuel d’Novas e de outros compositores cabo-verdianos,
num concerto que será transmitido em directo para todo o mundo via live stream
“Foi
um convite interessante tendo em conta que a Morna é Património Mundial da
Humanidade e por ser coincidentemente o género que mais interpreto. Fiquei
bastante lisonjeada, por ser uma das escolhidas para interpretar a nossa
Morna”, começou por dizer a cantora ao Expresso das Ilhas.
Ana
Azevedo irá participar com a sua banda no Palácio da Cultura Ildo Lobo, no dia
3 de Dezembro, data celebrada pela primeira vez em 2018, em homenagem a B.Léza
e a todos os intérpretes e compositores cabo-verdianos da Morna. Obviamente que
o patrono do Dia Nacional da Morna não podia faltar no repertório da cantora
que se estende ainda a Eugénio Tavares, Manuel d’Novas e outros compositores
cabo-verdianos.
A
cantora mostrou-se orgulhosa por poder participar num dos maiores eventos de
celebração deste género musical, mas foi-nos dizendo que o convite apanhou-a de
surpresa.
“Não
esperava o convite. Para mim tem sido tudo uma surpresa, nunca estou à espera
de nada. De repente telefonam-me, perguntando se eu quero participar dum
determinado evento. Foi agora um bocado assim”.
“É
sempre um bom incentivo, mais uma ajuda para construir a minha carreira como
intérprete e compositora”, comenta.
Quem
for atrás das palavras de Ana Azevedo poderá pensar que todos os palcos que ela
tem pisado e os projectos em que já participou são meros produtos do acaso que
se resolvem com uma simples chamada telefónica. Certamente que o convite para
dar um concerto no Centro Cultural Português da Praia nas comemorações do 10 de
Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas ou a sua
participação como cantora no concerto do dia 13 de Janeiro, na Assembleia
Nacional, obedecem a critérios bem mais rigorosos e exigentes.
De
facto, embora sem CD gravado, Ana Azevedo não é nenhuma recém-chegada ao mundo
da música. A sua trajetória musical começa já na infância em casa, com um pai
que tocava vários instrumentos e mãe que cantava.
Primeiros passos
“No
Liceu começo a cantar a capela com colegas e nasce o meu primeiro grupo
musical, uma girlsband que se chamava “Wildgirls”, composto por
Aleidita, Melinda, Sandra, Rossana e eu. Depois dissuadido o grupo, acabámos
por ficar com um dueto Sandra e eu. Começamos a cantar, ela a primeira voz e eu
a segunda, com muito gosto pois adorava fazer contracantos. Criamos um pequeno
grupo composto por colegas do liceu que nos acompanhavam. Desse dueto nasceu
uma participação no CD Verão 2000, no qual gravamos You’re still the one
em versão Zouk (https://www.youtube.com/watch). De seguida parto para os
estudos em Portugal, Bragança e, mais tarde em Lisboa, nasce uma banda formada
por estudantes cabo-verdianos para me acompanhar, Rui Cruz, Victor Cardoso,
Milton, Bic e Aurélio Santos, mais tarde”.
Concluída
a formação em educação musical, Ana regressa a Cabo Verde e inicia, em São
Vicente, actividade docente na área da música, ministrando aulas para crianças
de grupo coral e paralelamente ia construindo uma carreira como intérprete
vocal e compositora.
CD de originais
O
próximo passo da artista, que reside actualmente na Cidade da Praia, é a
gravação do primeiro CD de inéditos que deverá estar pronto em 2021. Ana
Azevedo vem trabalhando no projecto há cerca de dois anos.
“Não
basta abrir a boca e cantar. Isso realmente todo o mundo pode fazer. Sei o que
quero, sei para onde vou, mas há detalhes ainda a acertar. Não quero fazer só
por fazer, porque tenho que lançar um CD”, explica.
A
cantora e compositora já tinha seleccionado algumas músicas inéditas suas e de
outros compositores, mas diz que só agora sentiu ter atingido maturidade
suficiente para lançar mãos à obra.
“Sempre
contestei o facto de um intérprete mal conhecer a sua voz e antes de ter uma
vida artística e um conhecimento mais aprofundado é, por assim dizer, atirado
aos leões. Portanto, a primeira coisa que se faz é gravar um CD”, aponta a
professora de educação musical, lembrando que a música tem de ser encarado como
um trabalho sério.
“Eu
não acredito meramente no talento. Acredito que há talento, eu tenho a música
no sangue por ser cabo-verdiana; tenho a música em mim, porque tinha um pai em
casa que tinha instrumentos musicais e era um homem sensível à arte. Eu trago
tudo isso dentro de mim, mas se não houver trabalho, se não houver seriedade
nas coisas que fazemos, não vamos a lado nenhum. Ou temos mais dificuldade em
conseguir aquilo que queremos”, conclui. António Monteiro – Cabo Verde in “Expresso
das Ilhas”
Sem comentários:
Enviar um comentário