“O Brasil no geral ainda
está avaliando a África como um mercado secundário, para realmente aproveitar
as oportunidades que a África tem a oferecer, ele precisa começar a olhar para
o continente africano como um mercado principal”. A opinião é de Dirk Van Hoomissen,
Diretor-Presidente da Safmarine no Brasil. Para o executivo, o continente
representa uma oportunidade diversificada com mais de um bilhão de consumidores
e um grande número de países com alto desempenho do PIB, porém, ressalta que as
oportunidades seriam ainda maiores caso o Brasil se empenhasse em criar acordos
comerciais para expandir o crescimento do comércio exterior de commodities e
produtos manufaturados.
Para ele, uma maior
integração com os mercados externos não seria a solução para o aumento de
oportunidades do Brasil, mas poderia ser um elemento de grande contribuição. “O
que é importante é que o Brasil comece a olhar para a África como um país de
oportunidades. O Brasil precisa começar a fazer acordos bilaterais, porque isso
abriria portas para o país”, diz Hoomissen.
Na avaliação do executivo,
mesmo com as dificuldades que o mercado traz, ainda vale pelas oportunidades
que ele pode oferecer ao País. “A África tem uma classe média crescente, está
melhorando infraestrutura, qualidade de vida, entre outros, então tudo que tudo
que o Brasil precisa está lá. O PIB da África ainda está em crescimento, então
todos os elementos que precisamos para aumentar as oportunidades estão lá. O
Brasil não pode mais se dar ao luxo de não olhar para a África”, ressaltou ele.
Dados mostram que os volumes
entre o Brasil e 38 países africanos aumentaram 8,5% no primeiro semestre de
2015 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Segundo Hoomissen, esse
crescimento teria sido mais elevado se não houvessem problemas em relação ao
petróleo. “Alguns países produtores de petróleo, como Angola e Nigéria,
impuseram restrições cambiais na contramão da queda dos preços do petróleo,
impactando a demanda de importações”.
Empresas dos setores de
aves, açúcar, máquinas e madeira estão se concentrando em grandes mercados,
incluindo África do Sul, Gana, Guiné e Benin. A remoção de restrições
tributárias sobre produtos como açúcar e óleo alavancaram oportunidades
comerciais entre o Brasil e diversos países da África, em especial a África do
Sul, onde os produtos brasileiros têm se tornado mais atrativos. Segundo o
diretor-presidente da Safmarine, o açúcar e a farinha são um dos produtos mais
importantes, além do frango, onde o Brasil se destaca por ser o maior produtor
de frango. “Alguns produtos específicos no Brasil são muito necessários em
vários países da África. A Angola, por exemplo, está comprando muito açúcar do
Brasil, como ele não têm como produzir, eles preferem o açúcar daqui, ficando
dependentes da gente”, finaliza. Kamila
Donato – Brasil in “Guia Marítimo”
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